Vitamina D Dá Sono? E a Falta Dela?

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É importante descobrir se a Vitamina D dá sono já que você não pode deixar de consumi-la, principalmente por ser uma vitamina essencial para o seu corpo, auxiliando o organismo a absorver o cálcio, que é essencial para a formação dos ossos.

Descubra a seguir se o consumo delas, principalmente por meio de suplementos alimentares, pode provocar sono ou algum outro tipo de efeito colateral.

Depois que conversamos sobre isso, sugerimos que aproveite para conhecer outras possíveis causas da sonolência excessiva.

Sobre a vitamina D

A vitamina D é uma vitamina solúvel em gordura, que fica armazenada no tecido adiposo do corpo humano. O nutriente pode ser fornecido ao organismo por meio de alimentos como gemas de ovos, peixes de água salgada e fígado, mas também pode ser obtida através da exposição ao sol.

Esta vitamina auxilia o organismo a absorver o mineral cálcio, que é um nutriente essencial para a formação dos ossos. Sem um consumo suficiente ou uma absorção suficiente de cálcio, a produção óssea e os tecidos ósseos são prejudicados. Ou seja, a falta de cálcio no organismo é algo que realmente precisamos evitar.

Além disso, a vitamina D também exerce funções em relação ao sistema nervoso, ao sistema muscular e ao sistema imunológico. Uma deficiência no nutriente pode resultar no desenvolvimento de raquitismo nas crianças e osteoporose nos adultos. As informações são do MedlinePlus, portal dos Institutos Nacionais de Saúde dos Estados Unidos.

E então, será que a vitamina D dá sono?

De acordo com informações da nutricionista Rachael Link, a vitamina D já foi associada por pesquisas à qualidade do sono.

“Diversos estudos associam os baixos níveis de vitamina D no sangue a um risco maior de distúrbios no sono, baixa qualidade do sono e duração reduzida do sono. Por outro lado, um pequeno estudo sugeriu que níveis sanguíneos mais altos de vitamina D podem estar ligados a baixos níveis de melatonina – o hormônio responsável por regular o ciclo do sono – em pessoas com esclerose múltipla”, detalhou a especialista.

Link apontou que ainda que alguns relatos anedóticos, ou seja, informais, baseados no ‘ouvi falar’, aleguem que ingerir a vitamina D à noite influencia a qualidade do sono por interferir com a produção da melatonina, pesquisas científicas a respeito de como a suplementação com o nutriente pode afetar o sono ainda não estão disponíveis.

“Até que os estudos existam, pode ser melhor experimentar e descobrir o que funciona melhor para você”, aconselhou a nutricionista.

Por sua vez, o site WebMD apontou que a ingestão de muita vitamina D pode provocar a sonolência como um de seus efeitos colaterais, além de outras reações adversas como fraqueza, fadiga, dor de cabeça, perda de apetite, boca seca, gosto metálico, náusea, vômito, entre outros sintomas.

Segundo alertou o Office of Dietary Supplements (Gabinete de Suplementos Alimentares, tradução livre) dos Institutos Nacionais de Saúde dos Estados Unidos além de todos esses sintomas, a toxicidade por vitamina D também pode provocar prisão de ventre e perda de peso. O excesso do nutriente também pode causar danos aos rins, acrescentou a organização.

Outro risco da ingestão excessiva de vitamina D é a elevação dos níveis sanguíneos de cálcio, o que pode resultar em confusão, desorientação e problemas com o ritmo cardíaco.

Portanto, se você acha que sofre com a deficiência de vitamina D, marque uma consulta médica e faça os exames que o médico solicitar para verificar se realmente sofre com a condição antes de começar a usar um suplemento do nutriente.

Assim, você não corre o risco de consumir mais vitamina D sem precisar e de desenvolver os problemas associados ao excesso do nutriente no organismo e aprende direitinho em que quantidade, horário e por quanto tempo deve tomar um suplemento de vitamina D.

De acordo com o Office of Dietary Supplements, adultos entre 19 a 71 anos de idade devem ingerir 600 UI (unidades internacionais) de vitamina D por dia e o que limite máximo de consumo diário do nutriente para adultos é de 4 mil UI. A organização apontou que a toxicidade por vitamina D é quase sempre decorrente do abuso de suplementos.

E será que a falta de vitamina D dá sono?

Segundo informações da nutricionista Franziska Spritzler, em outro artigo publicado, o cansaço e a fadiga podem ser sintomas da deficiência de vitamina D.

“Estudos de caso mostraram que níveis sanguíneos muito baixos (de vitamina D) podem causar uma fadiga que tem um efeito negativo severo na qualidade de vida. Entretanto, mesmos níveis sanguíneos que não são extremamente baixos podem ter um efeito negativo nos seus níveis de energia”, explicou a especialista.

Uma pesquisa do tipo meta-análise, de autoria de cientistas da China, sugeriu que a deficiência de vitamina D está associada como um maior risco de desenvolvimento de distúrbios do sono.

Para chegar a esse resultado, os pesquisadores analisaram nove estudos envolvendo um total de 9,397 mil participantes. Entretanto, os cientistas ressaltaram que é necessária a realização de mais estudos de coorte (um tipo de estudo observacional) e de estudos controlados randomizados de alta qualidade para que a associação possa ser confirmada.

Conforme o psicólogo clínico e membro da Academia Americana de Medicina do Sono Michael Breus, tem-se visto evidência de que a deficiência de vitamina D está associada a problemas de sono, principalmente com a sonolência diurna.

“Pesquisadores da Universidade do Estado da Luisiana (nos Estados Unidos) observaram que mais da metade dos pacientes que foram à sua clínica do sono com problemas para dormir e dor crônica também eram deficientes em vitamina D. Eles notaram que esse conjunto de sintomas pareceu ocorrer mais frequentemente em pacientes que eram afro-americanos”, relatou o psicólogo clínico.

Breus mencionou ainda outro estudo feito por cientistas da Universidade do Estado da Luisiana, que envolveu 81 pacientes – todos com problemas para dormir ou dor musculoesquelética de dia ou à noite ou em ambos os períodos. 65% dos pacientes avaliados no experimento eram brancos, enquanto 35% eram afro-americanos, completou o membro da Academia Americana de Medicina do Sono.

“Todos os pacientes no grupo de estudo foram diagnosticados com distúrbios do sono. Aproximadamente ¾ tinha apneia do sono obstrutiva, enquanto outros sofriam com insônia ou síndrome das pernas inquietas”, acrescentou o psicólogo clínico.

De acordo com ele, os resultados do estudo apoiaram a existência de uma correlação forte entre a sonolência excessiva durante o dia e a vitamina D e indicaram que a raça era um fator presente na relação.

“Os pacientes com maior pigmentação na pele tinham níveis maiores de sonolência durante o dia e níveis médios de vitamina D mais baixos, comparados àqueles com menos pigmentação na pele. Entre aqueles com deficiências de vitamina D não havia correlação entre os níveis de vitamina D e a sonolência durante o dia. Isso é o oposto do esperado com base na pesquisa anterior. Uma exceção foi encontrada entre os pacientes afro-americanos do grupo de estudo. Entre esses pacientes afro-americanos com deficiência de vitamina D havia uma correlação direta entre os níveis de vitamina D e a sonolência durante o dia”, relatou Breus.

Entretanto, ele também apontou que entre os pacientes afro-americanos com deficiência de vitamina D, níveis mais elevados do nutriente também foram associados com níveis maiores de sonolência durante o dia, o oposto do que se esperava.

“Esse resultado é inesperado e surpreendeu os próprios pesquisadores, que esperavam ver níveis mais baixos de vitamina D associados a níveis mais elevados de sonolência durante o dia”, afirmou o membro da Academia Americana de Medicina do Sono.

Para o psicólogo clínico, são necessárias mais pesquisas para explorar o papel que a pigmentação da pele pode exercer em relação à deficiência de vitamina D e o seu efeito em relação ao sono e à sonolência durante o dia. Conforme ressaltou Bress, o estudo apresentado foi de porte pequeno, enquanto pesquisas de maior escala podem esclarecer melhor como funciona essa complexa relação.

O membro da Academia Americana de Medicina do Sono destacou ainda que os apontamentos do estudo dão margem para outros questionamentos. “Nós podemos ver uma associação entre a deficiência de vitamina D e a sonolência durante o dia, mas nós não temos um entendimento de causa e efeito”, afirmou.

Segundo o psicólogo clínico, outros questionamentos que precisam ser respondidos incluem se a deficiência de vitamina D é diretamente responsável pela sonolência durante o dia e por outros problemas de sono ou se o sono ruim é uma consequência de outros problemas de saúde associados com a deficiência de vitamina D e se existem mecanismos biológicos pelos quais a vitamina D e a sua ausência afetam o sono.

“Existe muito que a gente ainda não conhece sobre o relacionamento entre a vitamina D e o sono. Se você tem risco de ter deficiência de vitamina D, converse com o seu médico. Suplementos, mudanças alimentares e exposição ao sol controlada e segura podem ajudar a melhorar os níveis no corpo. Certificar-se de que o seu corpo tem níveis suficientes de vitamina D oferece importantes proteções para a saúde e, talvez, um estímulo bem-vindo de energia no lugar da sonolência durante o dia”, finalizou Breus.

Caso você sinta muito sono ou sofra com outros problemas associados ao sono, conte isso ao seu médico para que ele verifique se pode ter algo a ver com a ausência de vitamina D ou se isso é causado por outros problemas, de modo que possa receber o tratamento adequado para o seu caso em particular.

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Fontes e Referências Adicionais:

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Sobre Dra. Patricia Leite

Dra. Patricia é Nutricionista - CRN-RJ 0510146-5. Ela é uma das mais conceituadas profissionais do país, sendo uma referência profissional em sua área e autora de artigos e vídeos de grande sucesso e reconhecimento. Tem pós-graduação em Nutrição pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, é especialista em Nutrição Esportiva pela Universidad Miguel de Cervantes (España) e é também membro da International Society of Sports Nutrition.

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