Uma pesquisa realizada por cientistas australianos descobriu que as grandes variações nos níveis de colesterol podem levar a um risco significativamente maior de idosos desenvolverem declínio cognitivo e demência.

O estudo publicado na revista científica Neurology e foi realizado a partir da análise dos dados de 9.846 pessoas com idade média de 74 anos. Os idosos voluntários fizeram medições dos níveis de colesterol total, LDL e HDL e triglicerídeos anualmente, durante quatro anos. Eles também passaram por testes cognitivos.
Os pesquisadores observaram que, do número total de participantes, 509 desenvolveram alguma forma de demência. Entre as pessoas do grupo com maior variação do colesterol total, 147 de 2.408 foram afetadas (11,3 casos por mil pessoas por ano de estudo). Entre os voluntários com maior variação, 98 de 2.437 desenvolveram demência (7,1 casos por mil pessoas por ano de estudo).
Quando consideradas variáveis que poderiam influenciar os resultados, como idade, tabagismo e pressão alta, os pesquisadores observaram que pessoas com oscilações mais intensas no colesterol total apresentaram um risco 60% maior de desenvolver demência e 23% a mais de declínio cognitivo em comparação aos do grupo com menor variação.
Oscilações no colesterol ruim (LDL) aumentou o risco de demência em 48% e déficit cognitivo em 27%. Por outro lado, as variações no colesterol bom – o HDL – e trigicerídeos não tiveram associações significativas com a demência.
No entanto, os pesquisadores enfatizam que ainda não é possível estabelecer que as variações no colesterol podem causar demência. Mas eles acreditam que essas oscilações podem afetar a saúde vascular cerebral, levando a prejuízos nos vasos sanguíneos e contribuindo para o aparecimento de doenças neurodegenerativas, como o Alzheimer.
O estudo tem suas limitações. Não foram considerados fatores como alimentação, exercícios físicos e variações na dosagem de medicamentos para colesterol, por exemplo. Entretanto, os cientistas defendem que monitorar as flutuações do colesterol pode ser uma estratégia para identificar idosos com maior risco de demência.