Muito procurado por atletas e pessoas que buscam a hipertrofia muscular, o GH, HGH ou hormônio do crescimento é uma proteína super anabólica essencial para o crescimento de uma série de tecidos, entre eles, o muscular.
Treinar intensamente e se alimentar de maneira adequada são dois dos principais fatores envolvidos no ganho de massa muscular, mas não são os únicos. Existem substâncias que podem estimular naturalmente esse processo, acelerando a regeneração e o crescimento das fibras musculares.
Quem treina pesado já ouviu falar das maravilhas do hormônio do crescimento. É um dos hormônios mais anabólicos do corpo humano, sendo responsável pelo crescimento dos músculos e também pela perda de gordura. A melhor notícia é que é possível aumentar a quantidade dessa proteína naturalmente. Descubra como aumentar seu hormônio do crescimento naturalmente.
Abaixo você entenderá exatamente o que é o GH, uma breve história desta substância, para que ela serve, como ela funciona no seu organismo, como aumentar o hormônio do crescimento de maneira natural e como funcionam os suplementos e os esteroides anabolizantes.
O que é?
Também conhecido como somatropina, HGH ou GH (do inglês Human Growth Hormone), o hormônio do crescimento é uma proteína sintetizada pela hipófise. É essencial para uma série de processos metabólicos no organismo.
De maneira simplificada, podemos dizer que o GH serve para promover o crescimento normal em jovens e manter o funcionamento corporal adequado em adultos (incluindo a remodelação dos ossos e do colágeno, proteína que forma os ligamentos e tendões).
Com o processo natural de envelhecimento, a hipófise (ou glândula pituitária) diminui a quantidade de hormônio do crescimento que é produzida, pois seu corpo não precisa mais de quantidades tão grandes, e isso é considerado normal.
Entretanto, pessoas que sofrem com deficiência de hormônio do crescimento podem usar uma versão sintética de GH prescrita por um médico, mas o que acontece muito hoje em dia é a procura por GH por pessoas que não têm nenhum problema de saúde mas que tem a intenção de ganhar massa muscular, reduzir a porcentagem de gordura e melhorar o desempenho nos treinos.
Breve história
O hormônio do crescimento foi descoberto há quase cem anos, sendo que no final da década de 50 cientistas finalmente conseguiram isolá-lo na forma de somatropina.
Inicialmente obtido a partir da hipófise de cadáveres, a partir da década de 80 o GH começou a ser comercializado na forma sintética que conhecemos hoje.
Desenvolvido originalmente para o tratamento de distúrbios do crescimento, o GH na forma de injeções subcutâneas foi logo descoberto por fisiculturistas ávidos por acelerar o ganho de massa muscular.
Proibido para fins estéticos, atualmente só é possível obter o GH legalmente mediante receita médica, o que não impede, é claro, que muitos praticantes de musculação tenham acesso ao hormônio para uso como anabolizante.
De acordo com a Drug Enforcement Administration (DEA), o órgão americano que fiscaliza assuntos relacionados a drogas, são os atletas, fisiculturistas e idosos os que mais abusam desse hormônio.
Sua utilização por atletas é proibida por ser considerado um medicamento que melhora o desempenho físico e que não pode ser utilizado para fins competitivos.
Para que serve?
O hormônio do crescimento é utilizado por atletas em geral porque ajuda a aumentar a massa muscular, estimula a queima de gordura, diminui o tempo de recuperação entre os treinos e fortalece os tendões e ligamentos.
O hormônio GH ainda:
- Diminui a síntese de glicogênio;
- Estimula a produção de colágeno;
- Aumenta a retenção de nitrogênio, potássio, fósforo e sódio;
- Fortalece o sistema imunológico;
- Estimula as funções renais.
Como funciona o hormônio GH
Após ser liberado pela hipófise na circulação, o hormônio do crescimento atua através de duas maneiras distintas:
Ação direta
O hormônio se liga diretamente a receptores específicos nos tecidos-alvo, como por exemplo os adipócitos (células de gordura). Como resultado, o GH estimula a degradação dessas células em triglicérides, favorecendo seu uso como fonte de energia.
Dessa forma, o hormônio reduz a quantidade de glicose e de proteína que é usada para geração de energia e faz com que o corpo passe a queimar mais gordura, além de evitar a perda de tecido muscular (catabolismo).
O hormônio ainda impede que os adipócitos consigam captar mais lipídios a partir da circulação. Isso significa que o GH estimula a queima dos estoques de gordura já existentes ao mesmo tempo em que impede que novos depósitos sejam formados.
Indireta
Essa é a ação mais conhecida do hormônio GH, que após ser secretado pela glândula pituitária cai na circulação sanguínea e chega até o fígado. Uma vez no órgão, o GH estimula a liberação de IGF-1 (Insulin-like Growth Factor-1), um fator de crescimento que também pode ser liberado por outros tecidos em resposta ao hormônio do crescimento.
O IGF-1 é fundamental para o crescimento muscular, pois estimula tanto a diferenciação como a proliferação dos mioblastos, as células precursoras das fibras musculares. O fator de crescimento também estimula a captação de aminoácidos e a síntese de proteínas nos músculos e outros tecidos.
O IGF-1 ainda estimula a proliferação das células que formam o tecido cartilaginoso (condrócitos), o que resulta no crescimento dos ossos. É por essa razão, por sinal, que um dos efeitos colaterais da deficiência de GH em crianças e adolescentes é exatamente uma defasagem no crescimento.
GH para ganho de massa muscular
Através dos efeitos do IGF-1, o GH pode ser utilizado para a hipertrofia e definição muscular. Entenda como:
Atuação na síntese de proteínas
O hormônio do crescimento GH promove um aumento na produção de ácido ribonucleico, o conhecido RNA, que é o grande responsável pela síntese de novas proteínas a partir dos aminoácidos obtidos com a alimentação ou suplementação.
O hormônio do crescimento também facilita a passagem destes mesmos aminoácidos pelas membranas dos mioblastos, fornecendo mais nutrientes para a síntese de novas proteínas. Como resultado, haverá mais proteína disponível para a reconstrução do tecido muscular lesionado durante os treinos, o que poderá evitar o catabolismo e proporcionar aumento da massa magra.
Um estudo publicado no International Journal of Endocrinology em 2013 avaliou os efeitos do hormônio nos músculos de idosos saudáveis. A pesquisa contou com 14 homens entre 50 a 70 anos de idade. Metade do grupo tomou um placebo enquanto a outra metade recebeu o GH durante seis meses. Depois desse tempo, foi observado um aumento significativo da massa muscular daqueles que utilizaram o hormônio do crescimento.
Diminuição das reservas de gordura
Por mais intensos que sejam os treinos, os músculos não ficarão aparentes e definidos se estiverem escondidos sob uma camada de gordura. Aqui novamente o GH pode ser de grande auxílio, pois como já vimos ele estimula a quebra dos ácidos graxos e permite que estes sejam utilizados como fonte de combustível para as células. O resultado é uma diminuição no percentual de gordura corporal e uma musculatura mais definida.
Uma pesquisa um pouco antiga, publicada em 1999 no periódico científico Hormone Research, avaliou pessoas obesas que seguiam uma dieta de restrição calórica. Em comparação com o grupo que recebeu um placebo, o grupo que tomou hormônio do crescimento humano apresentou quase o dobro de perda de peso e perdeu mais gordura visceral.
Além disso, as pessoas que receberam o GH adquiriram mais massa muscular enquanto que aqueles que tomaram um placebo perderam massa magra com a dieta hipocalórica.
Isso significa que o GH pode realmente estimular a quebra de gordura e promover o aumento da massa muscular.
Manutenção dos estoques de glicogênio
As fibras musculares dependem de glicose para poder realizar suas contrações durante os treinos de resistência. Estocada na forma de glicogênio nos músculos e no fígado, essa glicose não é suficiente para fornecer energia para o corpo durante todo o treino, quando o ritmo do treinamento é intenso e frequente, o que resulta em fadiga e catabolismo muscular.
A utilização da gordura como fonte de energia ajuda a poupar os estoques de glicogênio, minimizando os efeitos do catabolismo e garantindo mais energia para as contrações musculares.
É por esse motivo que os fisiculturistas dizem que o uso de substâncias como o GH aumenta a força e a resistência durante os treinos intensos com pesos.
Como aumentar o GH de maneira natural
Embora o GH possa ser encontrado com certa facilidade, vale ressaltar mais uma vez que o uso do hormônio sem prescrição médica e sem necessidade real é considerado ilegal.
Hoje já se sabe que a melhor maneira de aumentar o GH naturalmente é através de três fatores básicos: exercícios, descanso e nutrição.
Entenda melhor como o corpo libera GH mediante esses diferentes estímulos:
Treinos
Pode parecer óbvio demais, mas a verdade é que a melhor maneira de elevar os níveis de GH de maneira natural é através dos treinos de resistência.
Exercícios intensos, que necessitam de uma grande quantidade de energia e causam exaustão, exigem uma síntese maior de proteínas, o que obriga o cérebro a secretar mais GH.
Pesquisas indicam que exercícios rápidos e de alta intensidade, como a musculação e as corridas aceleradas, por exemplo, são mais indicados para aumentar o GH naturalmente do que as atividades de baixa intensidade e longa duração (como é o caso das corridas mais longas, como uma maratona).
Treinos de resistência que trabalham grandes grupos musculares também contribuem para uma maior liberação de GH, uma vez que mais fibras musculares entram em ação durante a contração.
Descanso
Quem treina há algum tempo e está tentando aumentar a definição muscular já sabe que não pode ignorar o repouso entre as sessões de treinamento. E tão importante quanto descansar é saber o momento para fazê-lo, uma vez que o hormônio do crescimento é liberado em maior concentração durante a noite.
É na fase do sono conhecida como REM que o corpo secreta 75% do total do GH produzido diariamente pela hipófise. Isso significa que dormir de 8 a 10 horas por dia pode ser fundamental para melhorar a recuperação muscular, uma vez que essa é a duração considerada adequada para aumentar a produção de hormônio do crescimento.
Por outro lado, a falta de descanso adequado pode alterar a função da hipófise, o que afeta diretamente a quantidade de GH liberada.
Nutrição
Dizem que a alimentação e suplementação correspondem a 70% dos ganhos na academia, e de fato a informação procede. É claro que sem treinar pesado não é possível deixar os músculos maiores, mas a nutrição é ainda mais importante para a hipertrofia, pois do que adianta treinar se não houver nutrientes suficientes para a recuperação da musculatura e a produção de hormônios com função anabólica?
O hormônio GH é um desses hormônios que podem ter sua secreção consideravelmente elevada na presença de algumas substâncias obtidas através da dieta ou suplementação.
Conhecidas como secretagogas, essas substâncias fornecem os nutrientes necessários para a hipófise aumentar a produção natural de hormônio do crescimento.
Entre elas temos os aminoácidos arginina, glutamina, glicina e BCAAs, a OKG (ornitina alfa-cetoglutarato), os minerais magnésio, zinco, cromo e iodo, e as vitaminas A, B5, B12 e ácido fólico.
O Tribulus terrestris, a Griffonia simplicifolia (planta medicinal) e a silimarina (encontrada no cardo mariano) são também considerados secretagogos e podem ser utilizados para aumentar naturalmente os níveis de GH na circulação.
GH como esteroide anabolizante
Apesar dos efeitos colaterais e de haver controvérsias quanto à sua eficácia, já que alguns profissionais da área dizem que é possível aumentar em no máximo 15% os ganhos com o uso do hormônio sintético, muitas pessoas ainda recorrem ao uso do GH injetável para perder gordura e aumentar a definição muscular.
Testes desenvolvidos com animais sugerem que o GH redireciona as calorias obtidas através da alimentação para a construção de novas proteínas, ao mesmo tempo em que diminui a síntese de gordura.
Como já vimos, isso significa que as injeções de GH podem estimular o uso dos estoques de gordura como fonte de energia para a construção de novos tecidos musculares, reduzindo assim o percentual de gordura corporal.
Embora esses efeitos não sejam tão evidentes quando o GH é utilizado de maneira isolada, um efeito anabólico maior pode ser observado quando o hormônio do crescimento é combinado com a testosterona ou então outros esteroides anabolizantes.
GH x Testosterona
Apesar da testosterona apresentar um potencial anabólico muito superior ao do GH, o hormônio do crescimento tem menos efeitos colaterais por não ser androgênico.
Ou seja, o uso de GH traz riscos à saúde, mas não causa aromatização, que é a conversão de parte do hormônio em estrógeno. Esse efeito pode levar ao surgimento da ginecomastia, que é o crescimento anormal da mama masculina.
É importante ressaltar, no entanto, que isso não significa afirmar que o GH pode ser utilizado como esteroide anabolizante porque não aromatiza, mas sim que seus efeitos colaterais são menos pronunciados que aqueles da testosterona.
Efeitos colaterais
Os efeitos colaterais do GH como esteroide anabolizante incluem crescimento excessivo das cartilagens (como o nariz), resistência à insulina (efeito que pode levar ao diabetes do tipo 2), inchaço e fraqueza muscular.
O excesso de GH causa acromegalia, uma condição em que, além dos músculos, outros tecidos também crescem de maneira exagerada. Ossos, face e até mesmo os intestinos aumentam de tamanho na presença de uma alta concentração do hormônio de crescimento.
Estudos realizados com animais sugerem ainda uma correlação entre o uso prolongado de hormônio do crescimento e o desenvolvimento de câncer.
Deficiência de GH
Enquanto crianças e jovens podem apresentar problemas de crescimento devido a baixos níveis de GH, a deficiência do hormônio em adultos pode causar uma diminuição da massa muscular e um aumento nos estoques de gordura corporal, sobretudo na região abdominal.
Algumas pessoas com níveis de GH alterados também podem experimentar uma queda nos níveis de energia e na libido.
Em grande parte dos casos, a deficiência de GH em adultos é causada pela presença de um tumor benigno ou adenoma da hipófise. O tumor pode ser removido cirurgicamente ou tratado com sessões de radioterapia.
Hormônio do crescimento e a idade
A hipófise começa a reduzir a produção de GH já a partir dos 20 anos, sendo que a partir dos 30 anos há uma diminuição de 25% por década na liberação do hormônio. Ou seja: uma pessoa de 60 anos terá somente 25% de sua produção original de hormônio do crescimento.
É por esse motivo, em parte, que também a partir dos 30 anos a massa magra é gradualmente substituída por gordura, o que pode levar a uma série de complicações de saúde, como altos níveis de colesterol e problemas cardíacos.
Embora o uso de GH injetável possa ajudar a minimizar parte da perda natural do hormônio, a melhor maneira de combater a perda de massa muscular é através de uma alimentação rica em proteínas de qualidade, da prática de exercícios de média-alta intensidade e de um descanso adequado (equivalente a pelo menos oito horas diárias de sono).
Vale a pena usar o GH?
Os benefícios do GH parecem bons demais para ser verdade. Imagine só ter mais energia, ter um melhor desempenho nos exercícios de força e de resistência, ter ossos mais fortes e desenvolver massa muscular apenas tomando uma substância.
Pois é, os efeitos anabólicos do GH são realmente impressionantes, mas seu uso indevido pode trazer graves consequências, inclusive com a lei. Apesar de muita gente usar o hormônio do crescimento como anabolizante, é ilegal obter ou usar GH sem prescrição médica. Seu uso sem prescrição e acompanhamento médico representa um grande risco à saúde.
O uso do hormônio deveria ser restrito para pessoas que sofrem de deficiência de GH e realmente precisam do hormônio, que nesse caso é considerado um medicamento.
Felizmente, há muitas formas de elevar os níveis de GH naturalmente no corpo, como por meio do uso de suplementos como a arginina e a glutamina, através da prática de exercícios físicos e da garantia de um sono de qualidade.
Escolhas saudáveis de estilo de vida têm um grande impacto na produção hormonal e na sua saúde geral. Faça boas escolhas que os resultados desejados virão como consequência.
Fontes e referências adicionais
- Side Effects of hGH: What You Should Know, Healthline
- Healthy aging, Mayo Clinic
- Physiology of growth hormone secretion during sleep, J Pediatr . 1996 May;128(5 Pt 2):S32-7
- Effects of Growth Hormone Administration on Muscle Strength in Men over 50 Years Old, International Journal of Endocrinology, Volume 2013 | Article ID 942030
- Low-dose growth hormone treatment with diet restriction accelerates body fat loss, exerts anabolic effect and improves growth hormone secretory dysfunction in obese adults, Horm Res . 1999;51(2):78-84.
Fontes e referências adicionais
- Side Effects of hGH: What You Should Know, Healthline
- Healthy aging, Mayo Clinic
- Physiology of growth hormone secretion during sleep, J Pediatr . 1996 May;128(5 Pt 2):S32-7
- Effects of Growth Hormone Administration on Muscle Strength in Men over 50 Years Old, International Journal of Endocrinology, Volume 2013 | Article ID 942030
- Low-dose growth hormone treatment with diet restriction accelerates body fat loss, exerts anabolic effect and improves growth hormone secretory dysfunction in obese adults, Horm Res . 1999;51(2):78-84.