Há quatro tipos principais de pedras nos rins, que diferem quanto às suas composições: pedras de oxalato de cálcio, de ácido úrico, de estruvita e de cistina. Você pode descobrir o tipo de pedra, ao levá-la para ser analisada em laboratório, caso consiga coletar da urina.
Todas elas resultam em cristais sólidos que provocam cólicas dolorosas quando se movimentam no sistema urinário, do rim para a bexiga.
Esses sais ácidos e minerais podem se juntar quando estão concentrados em pouco volume de urina, o que ocorre quando uma pessoa combina uma dieta rica nesses sais e não bebe água adequadamente.
Em termos práticos, os sintomas produzidos pelos diferentes tipos de pedras nos rins são os mesmos, com destaque para as cólicas intensas na lateral do abdômen e nas costas, geralmente acompanhadas de náuseas.
Os tratamentos também não são diferentes, envolvem o uso de analgésicos e anti-inflamatórios para controlar a dor, e procedimentos médicos para fragmentar as pedras, facilitando a sua eliminação na urina.
Apesar dos sintomas e tratamentos serem semelhantes para todos os tipos de pedras nos rins, a forma de prevenção, especificamente a dieta, difere um pouco. O ponto comum de todas elas é a necessidade de se ingerir quantidades adequadas de água.
Veja qual é a alimentação mais apropriada para prevenir a formação de cada tipo de pedra nos rins.
Pedra de oxalato de cálcio
Pedra de cálcio é o tipo mais comum de pedra nos rins, contabilizando cerca de 80 a 90% dos casos. As pedras de oxalato de cálcio são as mais comuns nesta categoria, mas também podem ocorrer pedras de fosfato de cálcio.
Elas tendem a se formar em pessoas que possuem alta concentração de cálcio na urina, que pode acontecer por algum distúrbio que aumenta a eliminação desse mineral na urina, ou pelo uso contínuo de corticoides, diuréticos ou antiácidos.
Pessoas que apresentam esse tipo de pedra eliminam urina com cor turva e cheiro forte, acompanhada de sensação de dor e ardência.
Como prevenir
O consumo excessivo de alimentos ricos em oxalato, como alguns de origem vegetal que são ricos nessa substância, dentre eles o espinafre, as amêndoas e a beterraba, é um fator de risco para a formação desse tipo de pedra nos rins.
O oxalato excedente, que não é totalmente absorvido no intestino, vai para a corrente sanguínea. Quando ele chega aos rins, pode encontrar o cálcio e se juntar a ele, formando um cálculo renal.
Pode parecer, então, que o ideal seria diminuir o consumo de oxalato e de cálcio. Mas, o recomendado é reduzir a ingestão de oxalato e aumentar a de cálcio, quando for consumir algum alimento que contenha oxalato.
Isso porque o cálcio se liga ao oxalato no intestino, facilitando a sua eliminação nas fezes, logo, menos oxalato é reabsorvido na corrente sanguínea, por meio da qual poderia alcançar os rins e causar problemas.
Sabendo disso, quando for consumir algum alimento rico em oxalato, misture-o a algum derivado do leite, como queijo ou iogurte.
Confira quais são os alimentos mais ricos em oxalato e como diminuir a sua absorção.
Também é importante diminuir a ingestão de sal, reduzindo a quantidade adicionada no preparo dos alimentos, e o consumo de alimentos ricos em sódio, como os embutidos.
Pedra de ácido úrico
O ácido úrico se forma e acumula no corpo, em resposta a alterações químicas no organismo, que deixam a urina mais ácida.
O ácido úrico tem origem no excesso de proteínas, que formam cristais que não conseguem se dissolver bem na urina ácida e, por isso, se aglomeram formando pedras.
O problema ocorre com mais frequência em pessoas com sobrepeso, portadoras de diabetes do tipo 2, que têm gota, que consomem muita proteína, ou que sofrem com diarreia crônica.
Esse é o segundo tipo mais comum, responsável por 5 a 10% dos casos de pedras nos rins.
Como prevenir
Deve-se reduzir o consumo de proteínas em geral, principalmente de origem animal, como:
- Carnes vermelhas: boi, porco, vísceras.
- Carnes processadas: salsicha, linguiça, presunto, mortadela, peito de peru e salame.
- Frutos do mar: caranguejo, camarão, mexilhão, ovas e caviar.
Também deve-se evitar bebidas alcoólicas, especialmente a cerveja, e os molhos industrializados, como os caldos de carne.
Grãos como feijão, soja, ervilha e grão-de-bico devem ser consumidos com moderação.
Veja o que comer em uma dieta para quem tem ácido úrico elevado no sangue.
Pedra de estruvita
Esse tipo de pedra não é comum (1% dos casos), e resulta de uma infecção no trato urinário por algumas espécies de bactérias, especialmente a Proteus mirabilis.
Esses microrganismos modificam o pH da urina, deixando-o menos ácido. Esse ambiente propicia a formação de cálculos de fosfato de amônio e magnésio, que constituem a estruvita.
O crescimento desse tipo de pedra se destaca por ser rápido, podendo, inclusive, obstruir todo o rim, ao formar cálculos coraliformes (em forma de corais). Esse tipo de situação exige tratamento imediato, para que a função renal não seja perdida.
Pessoas que apresentam infecções crônicas no trato urinário apresentam maiores riscos de desenvolver pedras de estruvita nos rins.
Como prevenir
Para evitar a formação das pedras de estruvita, é importante aumentar o consumo de alimentos que fortalecem o sistema imunológico. Aqui você encontra uma lista de alimentos e outras dicas que ajudam a fortalecer o sistema imunológico.
Outra recomendação válida é consumir cranberry (oxicoco ou arando), uma fruta vermelha e pequena produzida nos Estados Unidos, Canadá e Chile. No Brasil, ela só é encontrada na forma de polpa e de sucos.
Mas, você pode encontrá-la facilmente na forma de cápsulas, muito usadas no tratamento preventivo de candidíase e de infecção urinária.
Pedra de cistina
As pedras de cistina são muito raras, constituem menos de 1% dos casos, pois estão associadas a uma doença metabólica hereditária rara, a cistinúria.
Essa doença faz com que a cistina, um aminoácido, não seja reabsorvida pelos rins, ficando acumulada na urina, onde forma as pedras. Geralmente, esse tipo de pedra começa a se formar logo na infância.
Como prevenir
Esse tipo de pedra é difícil de se prevenir, por estar associada a uma doença hereditária. Mas, as recomendações gerais de reduzir o sal da dieta e aumentar a ingestão de água são válidas também neste caso.
Quanto beber de água por dia
A desidratação é um dos fatores mais influentes na formação de pedras nos rins, não importa o tipo.
Por isso, atentar-se à quantidade de água ingerida no dia é a medida mais importante para se prevenir outro episódio doloroso de pedras nos rins.
A quantidade diária ideal de água varia com o peso e, também, com o nível de atividade física e temperatura externa.
Para dias não muito quentes e com pouca atividade física, você pode utilizar o fator de 35 mL para cada quilo de peso corporal, para calcular a quantidade ideal de água. Então, se você pesa 60 kg, deve ingerir 2,1 litros de água por dia.
Agora, se você vai à academia ou pratica alguma atividade ao ar livre, num dia de sol, você pode utilizar o fator de 50 mL para cada quilograma de peso corporal, considerando que você perde mais água pela transpiração em situações como essas. Então, nesse dia quente e de muita atividade física, você deve beber 3 litros de água.
Fontes e referências adicionais
- Mecanismo de formação de cálculos renais, Acta Paulista de Enfermagem, 1992; 5(1-4): 36-39.
- A importância da dieta no manejo da hipercalciúria, Clinical & Biomedical Research, 2006; 26(2): 52-60.
- Litíase renal: guia prático de urologia, Rio de Janeiro: UERJ, 2000; 97-104.
- Profilaxia da litíase renal, Acta Urológica, 2005; 22(3): 47-56.
Fontes e referências adicionais
- Mecanismo de formação de cálculos renais, Acta Paulista de Enfermagem, 1992; 5(1-4): 36-39.
- A importância da dieta no manejo da hipercalciúria, Clinical & Biomedical Research, 2006; 26(2): 52-60.
- Litíase renal: guia prático de urologia, Rio de Janeiro: UERJ, 2000; 97-104.
- Profilaxia da litíase renal, Acta Urológica, 2005; 22(3): 47-56.