A farmacêutica AstraZeneca avisou na terça-feira, 8 de setembro, que interrompeu os testes mundiais da vacina de Oxford. O motivo é a suspeita de uma reação adversa séria em um dos voluntários no Reino Unido.
A AstraZeneca produz a vacina para o novo coronavírus em parceria com a Universidade de Oxford. A suspensão nos testes é uma precaução padrão em testes com vacinas, para garantir que não causem reações sérias nos participantes.
Em um comunicado, a farmacêutica explicou que em grandes testes, efeitos adversos surgem por acaso, porém, devem ser analisados independentemente para que a checagem seja cuidadosa.
Não se sabe quanto tempo a suspensão nos testes da vacina desenvolvida pela Universidade de Oxford durará. Porém, a expectativa é que o participante que apresentou a reação adversa se recupere.
A farmacêutica não divulgou detalhes do problema que afetou o voluntário. Entretanto, conforme explicou o The New York Times, seria um caso de mielite transversa, uma síndrome inflamatória que afeta a medula espinhal.
A pesquisadora da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) Margareth Dalcolmo confirmou que obteve a informação de que seria mesmo uma mielite transversa. Conforme Dalcolmo, a condição é uma manifestação neurológica atribuível a várias doenças e pode ou não ter relação com a vacina.
Além disso, o porta-voz da AstraZeneca disse que a empresa trabalha para acelerar a análise sobre a reação, para minimizar os impactos no cronograma dos testes.
E quanto ao Brasil?
Conforme o G1, a suspensão também vale para o Brasil. Uma das responsáveis pelos testes com a vacina de Oxford no país é a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
De acordo com a instituição, 5 mil voluntários brasileiros receberam a vacina, mas não houve registro de problemas graves de saúde.
A vacina de Oxford é, até então, a grande aposta do Ministério da Saúde. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) afirmou que recebeu o aviso da suspensão e que espera mais dados sobre os motivos, para analisá-los e se pronunciar oficialmente.
As fases dos testes de uma vacina
A vacina de Oxford é a primeira vacina contra a COVID-19 na fase 3 de testes a sofrer uma interrupção. Ela iniciou a sua fase 3 em agosto nos Estados Unidos, enquanto as fases 2 e 3 de testes já tinha começado no Reino Unido, Brasil e África do Sul.
Na fase 1 dos testes de uma vacina, há uma avaliação preliminar da sua segurança e são feitos testes com um número pequeno (dezenas) de adultos saudáveis. É feito um monitoramento de perto nos voluntários e é nesta etapa que se entende a resposta que a vacina gera no organismo.
Na fase 2, há uma ampliação e os testes ocorrem em centenas de pessoas. Voluntários com características semelhantes às pessoas para quem a vacina se destina recebem a imunização. Aqui, avalia-se a segurança, capacidade de proteção, dosagem e modo de administração.
Na fase 3, os testes ocorrem em larga escala, em milhares de pessoas. O objetivo é ter uma avaliação definitiva da eficácia e segurança da vacina em maiores números de pessoas. Esta etapa serve para prevenir eventos adversos e garantir a duração da proteção da vacina.
É apenas depois da terceira fase de testes que se pode fazer um registro sanitário da vacina em questão.
Enquanto esperamos por uma vacina com comprovação contra a COVID-19, cabe a nós continuar a usar máscaras, lavar as mãos com frequência e tomar todos os outros cuidados recomendados contra a propagação do novo coronavírus.