Não é apenas emagrecimento! Novo estudo indicou que o Mounjaro, remédio que leva a uma perda de gordura tão intensa que foi apelidado de King Kong, também pode ser útil para a saúde do fígado.
O remédio funciona de modo parecido com o Ozempic, mas com outro princípio ativo, a tirzepatida. Ele pode ser prescrito para o tratamento de diabetes tipo 2 e obesidade, levando o organismo a queimar seus estoques de gordura, o que tem influência na saúde do fígado.
O estudo publicado no The New England Journal of Medicine apontou que o medicamento pode ajudar a diminuir o acúmulo de gordura no órgão, podendo auxiliar a melhorar os sintomas da esteatohepatite metabólica, que pode ter consequências parecidas com a cirrose no organismo.
Na pesquisa, o medicamento foi testado em 190 pacientes que tinham a doença, também conhecida como MASH ou NASH. Eles apresentavam estágio dois ou três da esteatohepatite (a partir do grau quatro, a condição já é considerada cirrose).
Os voluntários foram divididos em quatro grupos, sendo que um tomou placebo e os outros três receberam doses diferentes do remédio: 5, 10 e 15 mg. Todos foram orientados a fazer exercícios regulares e ter alimentação saudável.
Nos grupos que tomaram o remédio, 51,8%, 62,8% e 73,3% dos participantes alcançaram estabilidade do quadro ou, ao menos, uma redução no estágio, respectivamente. Dos que receberam placebo, apenas 13,2% tiveram melhora nas 52 semanas de pesquisa. Quem utilizou maiores quantidades do Mounjaro teve melhores respostas.
De uma forma geral, 55% dos voluntários tiveram redução de ao menos um grau na doença. O uso da tirzepatida foi diretamente associado a essas melhorias, como também na diminuição do peso corporal e nos marcadores de exames sanguíneos que indicam gordura ou lesão no fígado e queda na inflamação e fibrose no órgão.
Os cientistas acreditam que essa melhora no quadro esteja ligada à indução na queima das reservas de gordura do organismo, causando o emagrecimento desencadeado pelo medicamento. Portanto, quanto maior a perda de peso, maiores os impactos na esteatohepatite.
O diretor médico da fabricante do remédio, Eli Lilly, Luiz André Magno, defendeu que o Mounjaro pode se tornar uma forma de tratamento para pessoas que não conseguem bons resultados contra a esteatohepatite apenas com mudanças de hábitos.
“Hoje, temos poucas opções terapêuticas para esses pacientes. Por isso, os resultados são tão animadores: queremos ter uma alternativa para tratar a condição”, celebrou.
A esteatohepatite é causada pelo acúmulo de gordura no fígado, que se torna tão intenso e faz o órgão inflamar, podendo levar a condições mais graves, como o câncer ou necessidade de um transplante.
Esse acúmulo de gordura pode ser justificado por fatores genéticos, mas, geralmente, está associado ao uso de medicamentos hormonais, sedentarismo, sobrepeso, diabetes, consumo excessivo de álcool e dietas desbalanceadas.
A condição é um das principais causas de transplante de fígado no mundo e cerca de 20% da população mundial pode ter o problema de saúde sem saber.
A doença evolui silenciosamente até que os primeiros sintomas apareçam, o que pode acontecer quando o problema já está em estágio avançado e com poucas opções de tratamento.
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