Os probióticos são bactérias e leveduras (tipo de fungo unicelular) que, quando ingeridos vivos, trazem benefícios ao organismo, auxiliando o nosso corpo a desempenhar suas funções vitais. Eles ajudam a prevenir ou a tratar diversas doenças, promovendo a melhoria da saúde do sistema digestivo e imunológico.
Eles contribuem para o processo de absorção dos nutrientes que ingerimos através da nossa alimentação e na produção de vitaminas, por exemplo.
Apesar de estarem naturalmente presentes no nosso corpo, os probióticos podem ser ingeridos na forma de suplementos alimentares, trazendo ainda mais benefícios à nossa saúde.
Classificação dos produtos contendo micro-organismos
Em 2013, a Associação Científica Internacional para Probióticos e Prebióticos, definiu o conceito de probióticos como “microrganismos vivos que, quando administrados em quantidades adequadas, conferem um benefício à saúde de quem ingere”.
Além disso, essa Associação definiu também critérios de classificação que os diferenciam de um produto contendo microrganismos que não necessariamente probióticos.
Assim, produtos com culturas vivas ou ativas são aqueles que possuam um microrganismo que promova a fermentação, que contenham um mínimo de 109 UFC (unidades formadoras de colônia, o método utilizado para quantificar as bactérias presentes) e que não precisam de pesquisas para comprovar a classificação.
Já os probióticos sem apelo de algum benefício específico à saúde devem conter uma espécie comprovadamente segura e benéfica aos seres humanos. Além disso, devem provar que os níveis do microrganismo presentes no produto foram devidamente investigados em estudos realizados em humanos.
Uma terceira classificação é a dos probióticos que utilizam algum apelo específico de benefício à saúde. Eles devem definir qual a linhagem do microrganismo presente e provar que as bactérias se mantêm viáveis no produto em quantidades adequadas durante todo seu período de validade, além de comprovar cientificamente a eficácia para os benefícios alegados.
Cada país, claro, possui sua legislação específica, mas as diretrizes definidas pela OMS (Organização Mundial de Saúde) são utilizadas como um guia.
Tipos de Probióticos
Apenas algumas espécies de bactérias podem ser utilizadas como probióticos e têm segurança e benefícios comprovados. A evolução da tecnologia e dos métodos de pesquisa proporcionou a descoberta de várias espécies ainda não conhecidas. Elas pertencem, principalmente, aos seguintes grupos:
Lactobacilos
Os lactobacilos são os probióticos mais comuns e são principalmente encontrados em iogurtes e outros produtos fermentados.
Abrangem mais de 50 espécies e podem auxiliar no controle de doenças gastrointestinais, como diarreia, intolerância à lactose, doenças vaginais provocadas por bactérias, infecções respiratórias, do trato geniturinário e da pele, como eczemas e acne e ainda favorecem a melhoria da digestão e absorção de nutrientes no nosso organismo.
Bifidobactérias
Abrangem cerca de 30 espécies e podem ser bactérias benéficas para pessoas portadoras da Síndrome do Cólon Irritável, melhorando sintomas como dor, desconforto, inchaço, etc. Também são encontradas em alguns laticínios e são consideradas os melhores indicadores de uma boa saúde intestinal.
Leveduras
As leveduras, ao contrário dos outros grupos que são bactérias, são fungos unicelulares e a única espécie que atua como probiótico é a Saccharomyces boulardii. Seus benefícios estão relacionados desde a melhora da acne até a redução de efeitos colaterais no tratamento de H. pylori que causa gastrite. Além disso, elas também possuem efeito positivo em relação as diarréias associadas ao uso de antibióticos.
Estreptococos
A espécie S. thermophilus produz grandes quantidades da enzima lactase, que pode ajudar pessoas que possuem intolerância à lactose, uma vez que o organismo humano não produz essa enzima.
Onde encontramos os probióticos?
Os probióticos estão presentes em alimentos, bebidas e suplementos, porém a obtenção desses produtos não é tão simples, pois não se trata apenas de adicionar os microrganismos aos alimentos.
É necessário, entretanto, que eles não afetem as propriedades do produto, sobrevivam ao processo produtivo durante o tempo em que o produto é estocado até ser consumido, e ainda sobrevivam à passagem pelo sistema digestivo onde estarão expostos a uma série de enzimas em um ambiente ácido, além de diversos outros fatores até chegarem ao intestino grosso, onde deverão desempenhar suas funções.
No Brasil, o principal produto que contém probióticos são os iogurtes, porém eles também podem ser encontrados em outros tipos de leites fermentados e em alguns queijos cremosos, como o Gouda.
Uma outra opção para consumir esses probióticos é através de suplementos, na forma de cápsulas, pós, tabletes ou líquidos.
Quais os benefícios dos probióticos?
Os mecanismos pelo qual os probióticos atuam no organismo humano ainda estão sendo entendidos pelos cientistas, mas as prováveis formas através das quais eles fazem bem à saúde seriam as seguintes:
- Quando fazemos tratamentos com antibióticos, por exemplo, eles atuam não só matando as bactérias causadoras da doença, mas também as bactérias benéficas que povoam nosso organismo. Neste momento, quando o equilíbrio natural está afetado, a ingestão de probióticos pode ajudar a restaurá-lo, fornecendo microrganismos “bons” para a recuperação da nossa flora bacteriana.
- Eles podem ainda prevenir doenças infecciosas por impedirem o crescimento dos microrganismos patogênicos.
- Ajudam também na movimentação dos alimentos através do intestino, melhorando a passagem do bolo alimentar, equilibrando o funcionamento intestinal e prevenindo assim, a constipação ou diarreia.
- Acredita-se que também podem ajudar na melhoria da digestão da lactose, ajudando em quadros de intolerância a esse carboidrato.
- Os probióticos também podem ser utilizados no auxílio ao tratamento de uma série de doenças como Síndrome do Intestino Irritável (SII), Doença Inflamatória Intestinal, diarreias infecciosas (por vírus, bactérias e parasitas), inflamações alérgicas, diarreias causadas por antibióticos, doenças caracterizadas por imunodeficiência, além de manter o bom funcionamento intestinal em indivíduos saudáveis.
Mas os benefícios dos probióticos podem ir além das funções intestinais e os pesquisadores ainda investigam seu papel em outros aspectos, como problemas de pele e na mucosa oral, saúde do trato urinário e genital, e ainda outros tipos de alergias e resfriados.
Estudos mostram ainda um papel importante dessas bactérias no aumento da absorção de cálcio e na densidade óssea em adolescentes e mulheres pós-menopausa, no tratamento da obesidade, diabetes tipo 2, no controle do peso, na regulação da saciedade e no balanço energético do organismo.
Probióticos x Prebióticos
Como já mencionado, os probióticos são os próprios microganismos ainda vivos, que podem ajudar na função da flora natural do organismo.
Já os prebióticos, são nutrientes que fornecem substratos para a fermentação das bactérias já presentes no intestino. Eles são os carboidratos não digeridos pelos humanos que são resistentes à ação enzimática, na sua maioria oligossacarídeos, que podem ser fermentados pela microbiota intestinal, servindo de alimento para algumas espécies de microrganismos.
Eles são fermentados na região do intestino grosso, produzindo ácidos graxos de cadeia curta que irão nutrir as bactérias da flora presente na região.
Alguns exemplos de alimentos que contêm prebióticos são a banana, aveia, mel, vinho, aspargos, alcachofra, soja, tomate, trigo, lentilha, leite, cebola, alho, alho-poró, caldo de cana, cevada, etc.
Os prebióticos podem ser consumidos sozinhos ou ainda em conjunto com probióticos, otimizando os benefícios promovidos por eles. Neste caso eles são chamados de simbióticos.
Conheça aqui os as diferenças entre os probióticos e os prebióticos.
Dicas Importantes
- Os produtos contendo probióticos não são regulados pelos órgãos sanitários como sendo medicamentos, mas como alimentos ou suplementos. Desta forma, a fiscalização não é tão rígida e por isso é sempre bom ter cuidado com as propagandas enganosas, que prometem benefícios que na verdade não existem.
- Cada produto contém um tipo de probiótico, sendo assim é importante entender a ação de cada um e conversar com seu médico para entender qual é a melhor opção para você.
- Em geral, os alimentos e suplementos contendo probióticos são seguros, porém alguns efeitos indesejáveis, porém leves, podem ocorrer no início do tratamento, como diarreia, mal-estar estomacal, inchaço e flatulência, além de possíveis reações alérgicas, portanto, interrompa o consumo caso apresente esses efeitos adversos.
- Caso você seja portador de alguma doença ou tenha passado por algum procedimento que comprometa o sistema imunológico, mesmo as bactérias “do bem” presentes nos probióticos podem ser perigosas, sendo assim consulte sempre o seu médico antes de iniciar o consumo desses produtos.
- Da mesma forma, pessoas com a saúde mais sensíveis como crianças, grávidas e idosos, também devem, idealmente, contar com uma opinião médica antes de consumir probióticos.
Fontes e referências adicionais
- Oral Bifidobacteria: Caries-associated Bacteria in Older Adults, Journal of dental research 89.9 (2010): 970-974.
- Safety assessment of dairy microorganisms: Streptococcus thermophilus, International Journal of Food Microbiology, Volume 126, Issue 3, 1 September 2008, Pages 274-27
- Health benefits of probiotics: are mixtures more effective than single strains? European journal of nutrition 50.1 (2011): 1-17.
- National Center for Biotechnology Information, Nature Reviews Gastroenterology & Hepatology 11.8 (2014): 506-514.
Fontes e referências adicionais
- Oral Bifidobacteria: Caries-associated Bacteria in Older Adults, Journal of dental research 89.9 (2010): 970-974.
- Safety assessment of dairy microorganisms: Streptococcus thermophilus, International Journal of Food Microbiology, Volume 126, Issue 3, 1 September 2008, Pages 274-27
- Health benefits of probiotics: are mixtures more effective than single strains? European journal of nutrition 50.1 (2011): 1-17.
- National Center for Biotechnology Information, Nature Reviews Gastroenterology & Hepatology 11.8 (2014): 506-514.
Vocês poderiam indicar os suplementos, né?!
Confira aqui https://www.mundoboaforma.com.br/suplemento-probiotico-em-capsulas-funciona/
Muito explicativa a matéria. Parabéns pelo trabalho.