Além do emagrecimento rápido, outras podem ser as mudanças causadas pelo Ozempic: bumbum, seios, cabeça e até mesmo a pele. Pelo menos é isso que alguns cirurgiões plásticos dos Estados Unidos perceberam.
Julius Few, um dos principais cirurgiões de lifting facial dos Estados Unidos, com certificado em Chicago e Beverly Hills, foi um dos primeiros a perceber a diferença.
O especialista disse a um editor da Allure que notou a alteração na qualidade da pele de pacientes que estavam usando um GLP-1. Para ele, o aspecto era semelhante a um “elástico velho e muito usado”.
O GLP-1 é um hormônio produzido no intestino que regula a taxa de açúcar no sangue e as respostas de saciedade. O princípio ativo do Ozempic é a semaglutida, substância que simula justamente a ação do GLP-1. As informações são do UOL.
Mark Mofid, cirurgião plástico facial certificado em San Diego e La Jolla, fez uma comparação semelhante à de Few, apontando que o aspecto seria como o cós elástico de uma cueca que esticou ao longo do tempo.
O cirurgião plástico Jason Diamond, especialista em cirurgias de lifitng facial, percebeu que a camada SMAS (sigla para sistema músculo-aponeurótico superficial, camada de tecidos conjuntivos que sustenta o rosto) está “definitivamente mais fina e fraca” em pessoas que usam GLP-1s para perda de peso.
Geralmente, o SMAS afina naturalmente à medida que os anos passam, o que pode contribuir para o envelhecimento facial, trazendo aspecto de flacidez ao redor das bochechas, segundo um estudo publicado no Aesthetic Surgery Journal Open Forum.
Caso uma pessoa que use Ozempic pretenda realizar lifting facial futuramente, é necessário observar a camada SMAS para obter resultados de aparência natural.
“O sucesso do lifting facial é realmente baseado na força da camada muscular. Você não está puxando a pele e usando isso para obter o lifting. A camada muscular, sendo fina, pode definitivamente afetar os resultados do lifting“, avisou Dr. Diamond.
Dr. Few acredita que cerca de 25 a 30% de seus pacientes estejam usando algum tipo de GLP-1 e analisa que a pele dessas pessoas “não mantém seu recuo elástico como antes”.
Portanto, com base em sua experiência, o médico disse que um GLP-1 “quase parece envelhecer a qualidade da pele, como se a pele adquirisse a aparência de uma pessoa mais velha”.
O profissional viu peles mais desgastadas e que perdem a capacidade de reter sua forma ao redor das estruturas do rosto, o que pode levar à flacidez no entorno da linha da mandíbula, por exemplo.
As mudanças não foram notadas em quem perdeu peso de outras formas, como por meio de dieta ou até mesmo por cirurgias de bypass gástrico, o que faz com que a alteração seja associada a medicações de GLP-1.
A Novo Nordisk, fabricante do Ozempic e Wegovy, comentou o assunto: “Na Novo Nordisk, a segurança dos pacientes é uma prioridade máxima. Trabalhamos em estreita colaboração com a FDA (Food and Drug Administration, Administração de Medicamentos e Alimentos, tradução livre) dos Estados Unidos para monitorar continuamente o perfil de segurança de nossos medicamentos”.
“Não temos conhecimento de estudos que analisam especificamente o efeito da semaglutida na gordura facial. Recomendamos que qualquer paciente que experimente efeitos colaterais enquanto estiver tomando Wegovy ou Ozempic entre em contato com seu médico”, completou a empresa.
As alterações não foram notadas apenas na pele do rosto. Umbareen Mahmood, cirurgiã plástica certificada na cidade de Nova York, percebeu o envelhecimento acelerado da região, com “linhas finas aumentadas, flacidez, cavidades periorbitais e pele com aspecto crepe”.
Existem ainda relatos de “flacidez marcada aumentada nos tecidos das mamas, abdômen, braços e coxas mediais (parte da coxa que inclui os quadris)” em pacientes que usaram um GLP-1 para perder peso.
“A elasticidade da pele está enfraquecida e precisa de suporte adicional para sustentar um implante ou manter uma nova forma por conta própria”, disse a médica, que recorre a métodos como o “sutiã interno” nesses casos.
A profissional também notou um número significativamente maior de pacientes mais jovens que usaram Ozempic ou similares e solicitam injetáveis e tratamentos não cirúrgicos de estimulação de colágeno, como microagulhamento por radiofrequência no rosto e pescoço.
“Os pacientes que usam esses medicamentos muitas vezes demonstram sinais acelerados de envelhecimento facial, como flacidez e rugas”, destacou. Os médicos ainda estão tentando conhecer e entender quais métodos são indicados nesses casos.
De acordo com a Dra. Mahmood, quando a perda de peso é gradual, a pele pode retrair-se adequadamente. Entretanto, se o emagrecimento acontece de forma acelerada, por meio de dieta, exercícios, cirurgia bariátrica ou remédios, a pele geralmente não consegue responder da mesma forma.
“As fibras de colágeno e elastina da pele não conseguem se adaptar (à mudança rápida) e a pele fica flácida. (Estudos mostraram que) A pele em pacientes que passaram por perda massiva de peso é mais fraca devido ao fato de que as fibras de colágeno e elastina ficam danificadas e são mais finas de modo geral”, detalhou a profissional.
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