O Que Mostra um Exame de Sangue Completo

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Seja por rotina ou para diagnosticar algum problema de saúde, o exame de sangue é sempre um dos primeiros testes a ser solicitado pelo médico. A presença ou ausência de certas substâncias no nosso sangue permite ter uma visão geral do que está acontecendo no nosso organismo e por isso o exame de sangue é tão útil e importante em qualquer tipo de diagnóstico.

Um exame de sangue completo é um teste que fornece um panorama geral da sua saúde e é muito simples de ser feito.

Vamos ver o que é medido em um exame de sangue completo e o que você deve esperar dos resultados.

Composição do sangue

Existem basicamente 3 tipos de células sanguíneas: os glóbulos vermelhos, os glóbulos brancos e as plaquetas. Todos eles são produzidos principalmente na medula óssea e são liberados na corrente sanguínea conforme a necessidade do organismo.

1. Glóbulos vermelhos

Os glóbulos vermelhos, conhecidos também como eritrócitos ou hemácias, atuam no transporte de oxigênio para os tecidos e na remoção do gás carbônico presente no sangue, que é eliminado pela respiração através dos pulmões. Um hemograma completo deve avaliar dois componentes dos glóbulos vermelhos, que são a hemoglobina e o hematócrito.

A hemoglobina é a proteína que auxilia no transporte de oxigênio através do sangue. Sem ela, o transporte seria inviabilizado e dificilmente as células receberiam as quantidades necessárias de oxigênio e nutrientes para sua sobrevivência.

Já o hematócrito é uma medida da porcentagem de hemácias encontrada no sangue em relação a todo o seu conteúdo.

Todos os glóbulos vermelhos são produzidos na medula óssea e liberados na corrente sanguínea conforme o corpo necessita. Essas células têm uma vida útil de apenas 120 dias. Assim, é preciso que a medula óssea libere novas células de forma contínua.

2. Glóbulos brancos

Os glóbulos brancos ou leucócitos são um tipo de célula sanguínea responsável pelo combate a infecções. Um exame de sangue completo mede o número e também os tipos de glóbulos brancos presentes no corpo.

3. Plaquetas

As plaquetas são células sanguíneas que ajudam o sangue a coagular e a controlar quaisquer sangramentos que ocorram. Quando um corte que sangra é estancado, por exemplo, é sinal de que as plaquetas atuaram na coagulação do sangue.

Exame de sangue completo

O hemograma ou exame de sangue completo testa a quantidade de diversas células sanguíneas presentes no nosso organismo. O teste serve para avaliar o estado de saúde, além de identificar doenças como anemia, infecções e até alguns tipos de câncer.

O hemograma é muitas vezes o primeiro exame solicitado pelo profissional de saúde para iniciar o diagnóstico de algum problema de saúde. Por meio da medida do número, tamanho e proporções dessas células no sangue, é possível detectar anormalidades e problemas de saúde.

Para que serve

O exame de sangue completo serve para:

  1. Avaliar o estado de saúde por meio de um exame de rotina;
  2. Diagnosticar problemas de saúde;
  3. Monitorar problemas de saúde;
  4. Verificar como alguns medicamentos afetam o organismo;
  5. Determinar como o corpo está respondendo a algum tratamento específico.

Algumas condições de saúde que podem ser identificadas por meio de um exame de sangue completo incluem:

  • Doenças cardíacas;
  • Deficiências nutricionais;
  • Anemia;
  • Distúrbios hemorrágicos;
  • Problemas na medula óssea;
  • Infecções;
  • Desidratação;
  • Inflamações;
  • Distúrbios autoimunes;
  • Efeitos de medicamentos.

O que mostra um exame de sangue completo

Geralmente, um exame de sangue completo avalia os glóbulos vermelhos através de:

  • Contagem de hemácias;
  • Hemoglobina (Hb);
  • Hematócrito (Hct);
  • Índice de eritrócitos por meio do volume corpuscular médio (VCM), hemoglobina corpuscular média (HCM), concentração de hemoglobina corpuscular média (CHCM) e largura de distribuição de eritrócitos;
  • Contagem de reticulócitos.

A contagem de hemácias conta a quantidade de glóbulos vermelhos encontrada em uma amostra de sangue. Uma análise mais profunda mede também a hemoglobina para saber a quantidade da proteína encontrada no sangue e o hematócrito que mede a porcentagem do sangue que é composta por glóbulos vermelhos.

Alguns exames também incluem medidas como o índice de eritrócitos e a contagem de reticulócitos que ajudam a deixar o diagnóstico mais preciso.

Os glóbulos brancos são avaliados por meio da:

  • Contagem de leucócitos;
  • Análise diferencial de leucócitos.

A contagem de leucócitos conta o número de glóbulos brancos em uma amostra de sangue enquanto que a análise diferencial de leucócitos serve para diferenciar e medir o número de cada tipo de leucócitos como os neutrófilos, linfócitos, monócitos, eosinófilos e basófilos.

Por fim, as plaquetas são medidas através da:

  • Contagem de plaquetas;
  • Volume médio de plaquetas (VPM);
  • Largura de distribuição das plaquetas.

Uma contagem de plaquetas avalia a quantidade de plaquetas presente em uma amostra de sangue. O VPM e a largura de distribuição das plaquetas podem ser úteis para identificar outras anormalidades na célula sanguínea.

Como se preparar para o exame?

Nem todo exame de sangue requer um jejum, mas no caso de um exame de sangue completo é importante realizar o jejum de acordo com orientações médicas para evitar que ocorram interferências nos resultados devido à presença de nutrientes dos alimentos presentes no sangue no momento da coleta.

Na maioria dos casos, é indicado um jejum entre 8 a 12 horas, mas o ideal é perguntar para o seu médico se o jejum é realmente necessário.

Avaliando os resultados

Para analisar os resultados de um exame de sangue completo, é preciso levar em conta a idade do paciente e o sexo antes de consultar os níveis de referência. Também é importante verificar informações específicas do laboratório que realizou o exame, já que podem existir algumas variações referentes as unidades de medida e aos intervalos de referência utilizados.

– Alterações nos glóbulos vermelhos

Os baixos níveis de hemoglobina e de hematócrito em exames de sangue geralmente indicam anemia, condição de saúde em que o sangue está deficiente em ferro. Alterações nos eritrócitos podem indicar também deficiência em vitamina B12. O tratamento com quimioterapia ou radioterapia também podem reduzir a contagem de glóbulos vermelhos.

Se a contagem de glóbulos vermelhos for abaixo do normal, o paciente pode apresentar sintomas de anemia como fadiga e fraqueza. Raramente, os níveis podem estar acima do considerado normal, caracterizando uma condição chamada de eritrocitose ou policitemia. Os níveis de glóbulos vermelhos podem ser altos sem nenhum problema de saúde ou podem indicar tabagismo, doença cardíaca ou tumores, devendo assim sempre ser analisados junto com os outros resultados do exame.

Pessoas que apresentam baixos níveis de hematócrito no sangue, por exemplo, indicam que há pouco ferro no organismo, enquanto que altos níveis podem indicar a desidratação. Os níveis normais para homens é entre 41 e 50% enquanto que para mulheres é de 36 a 44%.

O volume corpuscular médio dos glóbulos vermelhos maiores do que o considerado normal podem indicar deficiência em vitamina B12 ou folato. Se os níveis forem muito baixos, provavelmente você está com anemia. O intervalo considerado normal de VCM é entre 80 a 95 para adultos.

A hemoglobina corpuscular média mostra quanta hemoglobina está presente no glóbulo vermelho, o que pode ajudar a confirmar uma anemia por deficiência de ferro. A concentração média de hemoglobina corpuscular também ajuda a determinar como a hemoglobina está distribuída nas células, o que ajuda a confirmar o diagnóstico de anemia.

A largura de distribuição dos glóbulos vermelhos mostra como os eritrócitos variam em tamanho, indicando problemas quando os tamanhos são anormais. Já a contagem de reticulócitos é pedida apenas em alguns exames para ajudar a identificar a causa exata da anemia (deficiência de ferro ou vitaminas ou perda de sangue, por exemplo) caso sejam observadas alterações na contagem de glóbulos vermelhos, no hematócrito e na hemoglobina.

– Alterações nos glóbulos brancos

Quando há valores abaixo do intervalo considerado normal para os glóbulos brancos, provavelmente o corpo está passando por uma infecção, uma inflamação, um distúrbio autoimune que acaba destruindo as células ou um câncer como o linfoma, a leucemia ou o mieloma múltiplo. Isso pode acontecer também por causa de problemas na medula óssea devido ao uso de certos medicamentos como os quimioterápicos.

Os glóbulos brancos podem ser de vários tipos como neutrófilos, linfócitos, basófilos, eosinófilos e monócitos. Cada um deles serve para combater um tipo específico de infecção. Assim, quando o corpo produz muitos neutrófilos, por exemplo, é provável que o corpo esteja lidando com uma infecção bacteriana. No caso de níveis elevados de eosinófilos, pode existir uma alergia. Já os linfócitos altos podem indicar infecções virais.

Um sinal de algo mais grave como alterações na medula óssea ou um câncer pode ser identificado por meio de uma contagem muito alta de leucócitos em geral.

– Alterações nas plaquetas

Se o resultado do exame de sangue mostrar alterações nas plaquetas, provavelmente o corpo está com problemas na coagulação do sangue.

Assim, uma contagem de plaquetas baixa, condição chamada de trombocitopenia, pode indicar um risco maior de hematomas e hemorragia sanguínea. Uma contagem alta, conhecida também como trombocitose, pode causar coagulação em excesso, o que também pode resultar em sangramento excessivo se as plaquetas não estiverem funcionando do modo correto.

Variações nos resultados das plaquetas também podem indicar efeitos colaterais de medicamentos ou tratamentos envolvendo quimioterapia e radioterapia.

Intervalos de referência

Os intervalos de referência considerados normais dependem do sexo e podem ou não variar também com a idade do paciente. Assim, o médico deve analisar todas as variáveis durante a verificação do resultado.

Em geral, os valores de referência considerados normais para mulheres e homens adultos são os indicados na tabela abaixo:

Componente do sangue Homem Mulher
Glóbulos vermelhos 4,32 a 5,72 milhões de células por microlitro 3,90 a 5,03 milhões de células por microlitro
Hemoglobina 135 a 175 gramas por litro 120 a 155 gramas por litro
Hematócrito 38,8 a 50,0 % 34,9 a 44,5 %
Glóbulos brancos 3500 a 10500 células por microlitro 3500 a 10500 células por microlitro
Plaquetas 150000 a 450000 células por microlitro 150000 a 450000 células por microlitro

Como as unidades acima podem variar, o ideal é que você observe o intervalo de referência impresso no próprio exame para comparar com os valores medidos para a sua amostra de sangue.

Um exame de sangue completo, embora seja bem completo, pode precisar de exames complementares para obter um diagnóstico mais preciso. Além disso, mesmo que seus resultados fiquem um pouco fora dos valores normais, se você não apresenta nenhum sintoma é muito provável que as alterações não signifiquem nada e que você não precisa se preocupar.

É sempre essencial que o médico considere não apenas os valores observados no exame de sangue, mas também avalie fatores como a presença de sintomas e o histórico médico do paciente, além de solicitar exames adicionais para auxiliar na identificação do problema e, só assim, indicar o tratamento adequado.

Fontes e Referências Adicionais:

Você já teve alguma condição diagnosticada através de um exame de sangue completo? Quando foi a última vez que realizou um? Comente abaixo!

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Sobre Dr. Lucio Pacheco

Dr. Lucio Pacheco é Cirurgião do aparelho digestivo, Cirurgião geral - CRM 597798 RJ/ CBCD. Formou-se em Medicina pela UFRJ em 1994. Em 1996 fez um curso de aperfeiçoamento em transplantes no Hospital Paul Brousse, da Universidade de Paris-Sud, um dos mais especializados na Europa. Concluiu o mestrado em Medicina (Cirurgia Geral) em 2000 e o Doutorado em Medicina (Clinica Médica) pela UFRJ em 2010. Dr. Lucio Pacheco é autor de diversos livros e artigos sobre transplante de fígado. Atualmente é médico-cirurgião, chefe da equipe de transplante hepático do Hospital Copa Star, Hospital Quinta D'Or e do Hospital Copa D'Or. Além disso é diretor médico do Instituto de Transplantes. Suas áreas de atuação principais são: cirurgia geral, oncologia cirúrgica, hepatologia, e transplante de fígado. Para mais informações, entre em contato.

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