Se fossemos traduzir para saber o que é Slow Food ao pé da letra, diríamos que é “alimento lento”, o que não deixa de ser verdade. Mas o conceito sobre o que é Slow Food é bem mais abrangente.
Slow Food é um fantástico movimento popular cujos pilares baseiam-se na boa comida, no prazer pela gastronomia, na defesa das tradições regionais, e acima de tudo, um modo de vida tranquilo e consciente.
Mais do que todas essas propostas, o Slow Food enfatiza o prazer pela comida associado ao compromisso pela comunidade e pelo meio ambiente. Slow Food é avant-garde!
Em outras palavras, o Slow Food estabeleceu elos entre o prato em nossa mesa com o planeta, com a política e a cultura. Iniciou-se na Itália em 1980, e hoje conta com a participação de mais de 150 países, inclusive o Brasil, despertando o interesse de milhões de pessoas.
O nome Slow Food provém da recusa ao estilo de vida apressado e instantâneo da vida moderna, aos alimentos processados e massificados. Afirma um tipo de vida equilibrado, em que há tempo para apreciar as coisas simples e cotidianas, que começam pelas refeições, no dia a dia, na mesa da cozinha ou do jantar.
O símbolo do caracol, ou escargot, evoca este modo de vida. Além disso carrega todo o significado de sua origem.
O Slow Food tem mais de 850 filiais, ou convivias, no mundo. Cada uma cria relações com os produtores locais, organiza campanhas para a preservação dos alimentos típicos da região, organiza degustações e seminários e encoraja os chefs a buscarem suas fontes no local, escolhe produtores para participarem em eventos internacionais e luta para obter a educação do gosto nas escolas.
O escargot, que é a logo do Slow Food, é uma comida típica da culinária do norte da Itália, especificamente de Bra, cidade de Piemont, onde nasceu a idéia sobre o que é Slow Food. É também uma região de queijos e vinhos famosos, do bife e das trufas brancas. É o berço perfeito onde seu fundador, Carlo Petrini, se inspirou e criou esse movimento.
A interação dos produtores de alimentos, a nível mundial. A defesa da biodiversidade. A educação sobre o sabor dos alimentos, ou o gosto. Estes são os principais objetivos do Slow Food.
A idéia principal é focar a atenção das pessoas nos alimentos que comem, de onde eles vêm, e como nossas opções pelos alimentos influenciam toda uma rede ao nosso redor.
Existem programas adaptados para crianças e adultos, que ensinam sobre o processo de produção dos alimentos e educam os membros sobre a origem desses alimentos, enfatizam também o valor da culinária local e suas tradições, incluindo a história, cultura, e conhecimento.
A expectativa do Slow Food é que todos desfrutem a alegria de uma boa comida, e que promovam os sistemas de produção para que forneçam alimentos bons, limpos e justos para todos.
Diferente dos produtores de alimentos massificados, a Slow Food prioriza as pessoas, não só como consumidoras, mas como co-produtoras de alimentos e produtores em escala menor. Por que consumidores como co-produtores? Pelo envolvimento da pessoa baseada no interesse pelo produto, pelo modo como o alimento é produzido, e suas consequências, boas ou ruins.
A forma escolhida para promover este diálogo é feita através de feiras, conferências, mercados e outros eventos, unindo produtores e co-produtores para uma compreensão que ultrapassa a apreciação do alimento em si.
A Slow Food Foundation for Biodiversity é uma organização não lucrativa, que organiza e patrocina projetos da biodiversidade na agricultura, além de preservar as tradições culinárias. Seus projetos principais são a Terra Madre, Arca do Gosto e Presidia.
A Terra Madre é responsável pelas reuniões das comunidades de alimentos, a Arca do Gosto pela redescoberta e promoção dos produtos ameaçados e considerados “sabores perdidos”, e a Presidia, uma parte da Arca do Gosto que apóia os produtores artesanais.
O manifesto inicia apontando as condições da produção e consumo que prejudicam o gosto pelos alimentos, da biodiversidade, da saúde das pessoas e dos animais. Então, o consumidor participa da produção, tornando-se um co-produtor, e o produtor se dedica à qualidade, transparência, acolhendo a experiência do outro. O comprometimento deve ser mútuo com espírito interdisciplinar.
O desenvolvimento dos princípios – Bom, Limpo e Justo – devem ser ampliados. O bom é a qualidade do fruto, a naturalidade. O limpo significa livre de pesticidas e sem danos ao ambiente, preocupado com a saúde do consumidor. Justo, referindo-se ao trabalho digno, e equilíbrio comercial global através da simpatia, solidariedade e respeito, a partir de cada indivíduo.
Compre alimentos integrais, ao invés de processados. Escolha maçãs em vez de massas e chips.
Coma alimentos limpos, orgânicos e sem pesticidas. Evite transgênicos – mesmo que sua aparência seja melhor. Uma gastronomia plena se faz através de alimentos naturais e processados ao mínimo.
Diminua o ritmo de suas refeições e aprecie o sabor fresco da comida. Compartilhe seu jantar com amigos e familiares. Façam o jantar juntos. Quando você cozinha, você pode apreciar mais o produto final – e terá mais cuidado ao escolher os ingredientes.
Opte por alimentos locais.
Quanto menos o alimento viajar, mais fresco será, e mais nutritivo. Aproveite os mercados de agricultores locais, e aprecie as ofertas sazonais. Evite pagar mais para frutas e vegetais fora da estação, que são menores do que as colhidas no momento. Você também pode cultivar suas próprias ervas ou produzi-las.
Se você se interessa em fazer parte do movimento e conhecer mais a fundo o que é Slow Food, você pode fazer um donativo ou se tornar membro. Procure encontrar uma convivia perto de onde mora.
Os temas abordados pelo Slow Food são tratados na prática e envolvem questões que se relacionam com o sistema de alimentos de uma forma abrangente e global. Dentre eles, você pode escolher com os quais mais se identifica:
Abelhas, Fazenda Familar, Desperdício de Alimentos, OGM (organismos geneticamente modificados), Povos Indígenas, Grilagem de terras, Carne Slow Food, Queijos Artesanais, Peixes, Vinhos.
Slow Food possui uma gama de projetos para mudanças internacionais, como:
A Arca do Gosto coleta produções de qualidade feitas em escala menor, que pertencem às culturas, à história e tradições pelo mundo a fora, sejam elas frutas, vegetais, queijos, pães, doces e carnes.
A Arca foi criada para detectar a existência desses produtos, chamar a atenção para o risco de extinção dentro das gerações, e convidar a todos a participarem de sua proteção. Em alguns casos, ela pode comprar ou consumir esses produtos, ou contar a história de outros e apoiar seus produtores, e no caso das espécies prejudicadas, fazer com que as pessoas consumam menos ou não consumam, para preservá-las.
O objetivo é criar um grande catálogo com contribuições de muitas pessoas para representar a diversidade do planeta, que corre o risco de se perder. Não é preciso ser um especialista ou ter habilidades particulares para ser membro do Slow Food.
O único pré-requisito é o interesse em um produto e o compromisso de fazer alguma pesquisa. Você pode apontar um produto de sua área, mas também de outras comunidades ou cidades. Por exemplo: um queijo, uma variedade de fruta ou uma geléia que descobriu durante uma viagem. Todas as sugestões de produtos devem são submetidas à Comissão da Arca, que avalia os requisitos para inclusão.
O movimento Slow Food está se espalhando pelas mesas de jantar e pelas mercearias ao redor do mundo. Livros e websites sobres o tema surgm por todos os lugares e tornam-se muito populares, principalmente pelas tendências ecológicas que vieram para ficar.
O Slow Food não é um alimento que leva horas para chegar à mesa, o Slow Food é um conceito de refeição que une os alimentos integrais cultivados no local, pratos preparados para com a saúde do corpo e da alma, e a apreciação de todo esse processo.
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Excelente! Estou fazendo faculdade de GASTRONOMIA e isso me interessa muito!
Gostei muito. Estou buscando cada vez mais melhorara minha qualidade de vida tanto física quanto mental.