Neuropatia Diabética – O Que é, Sintomas, Tratamentos

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Saiba o que é a neuropatia diabética, quais são os seus sintomas e as opções de tratamento disponíveis e veja se a neuropatia diabética tem cura.

A neuropatia é uma possível complicação da diabetes que pode prejudicar bastante a sua qualidade de vida e a sua saúde em geral.

Não há uma cura para a diabetes, mas existem muitas ferramentas para você lidar com a doença e prevenir complicações como a neuropatia. Uma delas envolve adotar uma dieta com alimentos saudáveis para a diabetes.

Além de identificar os sintomas e saber como a doença pode ser controlada, você vai conhecer os vários tipos de neuropatia diabética e encontrar dicas que podem te ajudar a evitar complicações ou até mesmo prevenir o desenvolvimento da doença.

Neuropatia diabética – O que é?

A neuropatia diabética é uma complicação comum e grave da diabetes do tipo 1 ou do tipo 2. Trata-se de um dano nervoso desencadeado por altos níveis de açúcar ou de gordura no sangue. Ou seja, a neuropatia diabética afeta os diabéticos que não controlam a glicemia.

Segundo dados do National Institute of Diabetes and Digestive and Kidney Disease (NIDDK), é estimado que um terço e meio das pessoas com diabetes apresentam neuropatia.

O desenvolvimento da complicação pode ser lento e por isso é muito importante monitorar os níveis de glicose e controlar o açúcar no sangue, principalmente se você já tem diabetes, para evitar que a neuropatia vá se desenvolvendo ao longo do tempo.

Tipos de neuropatia e seus sintomas

Os nervos são indispensáveis para o funcionamento do corpo. São eles os responsáveis por funções automáticas como a respiração, pelo envio de mensagens entre os diferentes órgãos e pela locomoção, por exemplo.

Existem vários tipos de nervos e as características da neuropatia variam de acordo com o nervo afetado pela doença.

Os sintomas da neuropatia diabética surgem aos poucos e, na maioria dos casos, o primeiro sinal de que algo não vai bem é uma sensação de alfinetadas nos nervos dos pés.

Outros sintomas gerais que podem ser observados em vários tipos de neuropatia diabética são:

  • Sensibilidade ao toque;
  • Dificuldade de coordenação motora para caminhar;
  • Fraqueza muscular;
  • Sensação de queimação nos pés;
  • Perda da sensibilidade ao toque;
  • Dormência ou dor nas mãos ou nos pés;
  • Disfunção erétil nos homens;
  • Secura vaginal nas mulheres;
  • Transpiração excessiva ou reduzida;
  • Tontura ao se levantar;
  • Diarreia ou constipação;
  • Sensação de inchaço abdominal ou plenitude;
  • Náusea;
  • Vômito;
  • Indigestão;
  • Problemas na bexiga como o esvaziamento incompleto;
  • Alterações na visão incluindo a visão dupla ou turva;
  • Aumento da frequência cardíaca;
  • Incapacidade de notar os sintomas da glicemia baixa.

Como a neuropatia diabética pode se apresentar em várias formas, veja a seguir quais são os quatro tipos principais de neuropatia e os sintomas característicos de cada um deles:

1. Neuropatia simétrica periférica

É a forma mais comum de neuropatia que afeta principalmente os pés e as mãos, mas que também pode afetar os braços ou as pernas.

Os sintomas da neuropatia periférica podem ser leves ou graves e podem incluir:

  • Formigamento ou queimação;
  • Sensibilidade extrema ao toque;
  • Dormência;
  • Dor aguda;
  • Cólicas;
  • Perda de equilíbrio ou de coordenação;
  • Fraqueza muscular, especialmente nas mãos ou nos pés;
  • Insensibilidade a temperaturas quentes ou frias.

Quem sofre de neuropatia periférica deve estar atento a lesões nos pés porque é bastante comum que essas pessoas não sintam dor no local e não percebam que há uma ferida. Além disso, quem tem diabetes normalmente também apresenta problemas na circulação sanguínea, o que acaba dificultando a cicatrização de feridas.

Casos graves ou neuropatia periférica de longa data podem deixar o paciente vulnerável a lesões e infecções. Se a situação for muito delicada, podem se formar ulceras nos pés que não cicatrizam bem ou que ficam infeccionadas.

Essa combinação de características pode aumentar o risco de infecções graves que, em alguns casos, pode resultar em uma amputação do membro.

Veja também o que fazer para evitar e tratar rachaduras nos pés.

2. Neuropatia autonômica

A neuropatia autonômica é o segundo tipo mais comum de neuropatia em diabéticos. O nosso sistema nervoso autônomo é aquele que controla funções involuntárias do corpo como a digestão, a frequência cardíaca ou a micção, por exemplo.

Assim, alguns dos órgãos controlados pelo sistema autônomo são o sistema digestivo, as glândulas sudoríparas, a bexiga, os órgãos sexuais e o sistema cardiovascular.

Os sintomas da neuropatia autonômica afetam os órgãos mencionados acima e podem incluir os seguintes problemas.

– Problemas digestivos

Os danos nos nervos no sistema digestivo podem causar sintomas como:

  • Prisão de ventre;
  • Problemas de deglutição;
  • Diarreia;
  • Gastroparesia, condição que causa uma digestão muito lenta que pode causar náuseas e vômitos.

A digestão lenta pode fazer com que você se sinta cheio muito rápido ou não seja capaz de terminar uma refeição. Problemas na digestão também dificultam o controle dos níveis de açúcar no sangue e alguns sintomas de hipoglicemia podem não ser notados, o que representa um grande risco para a saúde.

– Problemas sexuais e na bexiga

Sinais de problemas sexuais e da bexiga causados pela neuropatia autonômica podem incluir:

  • Disfunção erétil;
  • Dificuldade para atingir o orgasmo;
  • Secura vaginal;
  • Incontinência;
  • Dificuldade para esvaziar a bexiga.

– Problemas cardiovasculares

Quando danos nos nervos causados pela neuropatia diabética afetam o sistema cardiovascular, podem ocorrer sintomas como:

  • Queda na pressão arterial sanguínea;
  • Tontura ao se levantar ou ao praticar uma atividade física;
  • Frequência cardíaca alterada.

Tais sintomas podem mascarar alguns sinais de um ataque cardíaco como a dor no peito, por exemplo. Assim, é importante conhecer sintomas adicionais de um ataque cardíaco para casos de emergência que são:

  • Transpiração intensa;
  • Falta de ar;
  • Náusea;
  • Tontura;
  • Dor no braço, pescoço, costas, mandíbula ou estômago.

3. Neuropatia proximal ou amiotrofia diabética

Esse tipo de neuropatia diabética afeta mais os homens adultos acima de 50 anos de idade com diabetes do tipo 2.

A neuropatia proximal costuma afetar os nervos ao longo de uma região específica do corpo como os quadris, as nádegas e as coxas. Sintomas observados podem ser:

  • Fraqueza muscular nas pernas que pode interferir na postura em pé;
  • Dor súbita ou intensa;
  • Sintomas em apenas um lado do corpo.

Na maioria dos casos, os sintomas pioram e depois começam a melhorar, mesmo se nenhum tratamento for feito.

4. Neuropatia focal ou mononeuropatia

A neuropatia focal acontece quando ocorre um dano em um nervo individual ou em um grupo de nervos semelhantes.

Os locais mais afetados são a mão, a cabeça, a perna e o tronco. O principal sintoma é uma dor intensa que surge de uma hora para outra. Sintomas adicionais podem incluir:

  • Dor atrás dos olhos;
  • Visão dupla;
  • Dor, dormência ou formigamento nos dedos;
  • Incapacidade de se concentrar;
  • Paralisia de Bell;
  • Dor em regiões isoladas do corpo como a frente da cova, o peito, o estômago, a parte de dentro do pé, a região lombar, a região pélvica, a parte de fora da perna além de fraqueza no dedão do pé.

Esse também é um tipo de neuropatia que tende a desaparecer em algumas semanas ou meses e que não causa danos permanentes. Um exemplo muito comum desse tipo de neuropatia é a síndrome do túnel do carpo, que costuma causar muita dormência nas mãos.

Principais causas e fatores de risco

As causas principais da neuropatia diabética são os altos níveis de açúcar no sangue por longos períodos de tempo, mas há outros fatores de risco que podem contribuir para a ocorrência de danos nos nervos, tais como:

  • Lesões mecânicas como aquelas causadas pela síndrome do túnel do carpo;
  • Hábitos nocivos como tabagismo ou uso excessivo de álcool;
  • Danos aos vasos sanguíneos desencadeados por altos níveis de colesterol;
  • Baixos níveis de vitamina B12;
  • Uso do antidiabético metformina que pode reduzir os níveis de vitamina B12.

Identificando a neuropatia diabética

O diagnóstico da neuropatia diabética é feito com base na análise dos sintomas, no histórico médico e também em um exame físico. Na consulta, é verificada a frequência cardíaca, a pressão arterial e o tônus muscular.

A sua sensibilidade ao toque e a mudanças de temperatura também é checada, principalmente nos membros periféricos como as mãos e os pés.

Testes adicionais podem incluir um eletromiograma para verificar a atividade elétrica nos músculos e um teste de velocidade de condução nervosa que registra a velocidade em que os sinais induzidos passam pelos nervos do corpo.

Complicações

A neuropatia não tratada pode causar as seguintes complicações de saúde.

  • Amputação: A perda de sensibilidade nos pés pode te incapacitar de sentir um corte ou uma ferida no membro. Isso aumenta o risco de infecção e, se ela não for tratada, o membro pode precisar ser amputado para que a infecção não se espalhe ainda mais.
  • Dano articular: Os danos nos nervos também podem prejudicar as articulações dos pés causando uma condição conhecida como articulação de Charcot.
  • Redução na pressão arterial sanguínea: Alterações na frequência cardíaca causadas por danos nos nervos que controlam o fluxo sanguíneo podem alterar também a pressão arterial.
  • Hipoglicemia: Pessoas com neuropatia diabética podem ter dificuldade de reconhecer sinais de alerta de uma crise de hipoglicemia que podem incluir suor, batimento cardíaco acelerado e tremores.
  • Infecções no trato urinário e incontinência urinária: Além de prejudicar a função dos nervos que controlam a bexiga, bactérias podem se acumular no trato urinário, causando infecções que podem migrar para os rins.
  • Problemas digestivos: Danos nos nervos do trato digestivo podem causar constipação, diarreia e outros problemas digestivos como a gastroparesia.
  • Aumento ou redução da transpiração: Nervos danificados podem prejudicar as glândulas sudoríparas, dificultando o controle da temperatura do corpo e causando suor excessivo ou pouco suor.
  • Disfunção sexual: Se os nervos sexuais forem afetados, os homens podem sofrer com disfunção erétil e as mulheres podem ter dificuldades relacionadas à lubrificação e à excitação sexual. Caso você esteja enfrentando dificuldades relacionadas ao desempenho sexual, entenda se a diabetes pode causar impotência.

Como é o tratamento da neuropatia diabética

A neuropatia diabética não tem cura, mas o tratamento ajuda a retardar a progressão da doença e a controlar os sintomas.

O tratamento consiste basicamente em manter os níveis de açúcar no sangue dentro de um intervalo aceitável. Isso é útil não só para tratar a condição como também para evitar o desenvolvimento da neuropatia em diabéticos.

Veja abaixo quais estratégias você pode adotar para tratar a neuropatia diabética e aliviar os seus sintomas.

1. Medicamentos

Se você sente muita dor, você pode tomar um remédio analgésico para amenizar os sintomas.

Outros remédios que podem ser usados sob prescrição médica incluem anticonvulsivos, antidepressivos tricíclicos e opioides.

Outra alternativa é usar produtos de uso tópico à base de capsaicina no local da dor. De acordo com um estudo publicado em 2017 no Journal of Pain, a capsaicina pode promover o alívio da dor.

2. Fisioterapia

A fisioterapia é muito importante para aliviar os sintomas da neuropatia diabética e diminuir o uso de medicamentos.

Nas sessões, o fisioterapeuta pode usar dispositivos de estimulação elétrica nos nervos e te ensinar exercícios que envolvem o treinamento da marcha para que você aprenda a andar de uma maneira que seus pés fiquem estáveis, o que ajuda a prevenir contra lesões.

Quando a amputação de um membro for necessária, a fisioterapia é essencial após a recuperação da cirurgia.

3. Terapias alternativas

Algumas terapias alternativas como a acupuntura também parecem reduzir a dor. A quiropraxia, a massoterapia e a osteopatia também podem ser boas terapias para alongar o corpo e prevenir dores.

A prática de exercícios específicos como a natação pode ajudar a preservar a massa muscular sem sobrecarregar as articulações dos pés.

4. Gerenciamento de complicações

Além de medicamentos prescritos por um médico e terapias para ajudar na dor, algumas mudanças no estilo de vida são muito úteis para lidar melhor com os sintomas e reduzir o risco de complicações.

As alterações no estilo de vida podem ser sugeridas de acordo com os seus sintomas. Se você tem problemas digestivos, por exemplo, o médico pode indicar que você faça refeições menores e com uma frequência maior, além de limitar a quantidade de fibras e gorduras na sua alimentação diária.

Em casos de secura vaginal, o médico pode recomendar o uso de um lubrificante. Na disfunção erétil, alguns medicamentos prescritos podem reduzir o sintoma.

Se houver uma ferida nos pés, é importante cuidar do problema o mais rápido possível e manter os pés bem hidratados para evitar complicações graves no membro.

É possível evitar a neuropatia diabética?

Um diabético pode evitar complicações como a neuropatia diabética por meio das seguintes medidas.

– Controle de açúcar no sangue

Administrar os níveis de glicose no sangue pode evitar que a neuropatia diabética se desenvolva. Para ter sucesso nessa missão, você deve cuidar da sua dieta, tomar os medicamentos antidiabéticos prescritos pelo médico (caso você já seja diabético), monitorar os seus níveis de glicose com um monitor portátil e ser ativo fisicamente.

A American Diabetes Association indica que os diabéticos façam um exame de sangue para checar os níveis de açúcar pelo menos duas vezes por ano ou de acordo com a frequência recomendada pelo seu médico.

– Cuidado com os pés

Complicações bem comuns da neuropatia diabética são feridas e úlceras que não cicatrizam nos pés. Para evitar que isso ocorra, é importante ficar atento aos seus pés e tomar os seguintes cuidados:

  • Manter os pés limpos e secos: lavar os pés com água morna e sabão neutro todos os dias e seca-los muito bem com uma toalha macia;
  • Checar os pés diariamente: como seus pés podem perder a sensibilidade, é preciso verificar se existem bolhas, cortes, rachaduras, descamação, inchaço, vermelhidão ou contusões nos pés;
  • Aparar as unhas com cuidado: as unhas dos pés devem ser aparadas com cuidado e as bordas devem ser lixadas para evitar que as unhas fiquem grandes e afiadas, podendo causar acidentes;
  • Usar meias limpas e secas: prefira as meias de algodão ou de fibras que absorvem a umidade, além de evitar aquelas que são muito apertadas para não machucar os pés;
  • Calçar sapatos confortáveis: use sapatos que não apertem os pés, que protejam os seus pés e que sejam confortáveis.

Os cuidados mencionados acima podem soar exagerados, mas eles são realmente necessários. Mesmo feridas pequenas e que cicatrizam facilmente na maioria das pessoas podem se transformar em infecções graves em diabéticos que desenvolvem neuropatia diabética.

Fontes e Referências adicionais:

Você já tinha ouvido falar da neuropatia diabética? Já foi diagnosticado com diabetes e tem percebido sintomas da neuropatia? Comente abaixo!

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Sobre Dr. Lucio Pacheco

Dr. Lucio Pacheco é Cirurgião do aparelho digestivo, Cirurgião geral - CRM 597798 RJ/ CBCD. Formou-se em Medicina pela UFRJ em 1994. Em 1996 fez um curso de aperfeiçoamento em transplantes no Hospital Paul Brousse, da Universidade de Paris-Sud, um dos mais especializados na Europa. Concluiu o mestrado em Medicina (Cirurgia Geral) em 2000 e o Doutorado em Medicina (Clinica Médica) pela UFRJ em 2010. Dr. Lucio Pacheco é autor de diversos livros e artigos sobre transplante de fígado. Atualmente é médico-cirurgião, chefe da equipe de transplante hepático do Hospital Copa Star, Hospital Quinta D'Or e do Hospital Copa D'Or. Além disso é diretor médico do Instituto de Transplantes. Suas áreas de atuação principais são: cirurgia geral, oncologia cirúrgica, hepatologia, e transplante de fígado. Para mais informações, entre em contato.

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