Micção frequente: veja o que pode ser, se representa algum perigo, o que causa essa condição e o que fazer para diminuir ou minimizar.
Embora a micção frequente não represente, necessariamente, uma doença, em alguns casos pode ser o sintoma de alguma complicação mais grave. Saiba o que pode ser, quais os possíveis diagnósticos, além de conhecer os tratamentos disponíveis.
O que é micção frequente?
Muitas pessoas confundem micção frequente com micção urgente. O primeiro fenômeno está relacionado à frequência em que o indivíduo urina, sentindo necessidade de ir muitas vezes – mais do que o normal – ao banheiro, enquanto a micção urgente é a necessidade súbita de urinar.
Embora cada organismo possua suas próprias especificidades e necessidades, e reajam de acordo com o ambiente – sobretudo alimentação e ingestão de líquidos – há uma frequência considerada normal em relação à micção.
De maneira geral, urinar de 6 a 8 vezes por dia, incluindo a urina noturna, é considerado normal. Quando a frequência é muito maior do que esse parâmetro, e não há um motivo aparente, como o aumento de ingestão de líquido, por exemplo, pode ser necessário averiguar o motivo.
O que causa micção frequente?
Micção frequente pode ser sintoma de um problema adjacente ou pode ocorrer em decorrência de certos hábitos, como o consumo frequente de algumas bebidas e medicamentos. Dentre os principais fatores desencadeantes desse fenômeno, inclui-se:
– Infecção urinária
A infecção do trato urinário tem como um possível sintoma a micção frequente. Embora esse quadro possa acometer homens, ele é mais frequente em mulheres, devido à anatomia do sistema urinário feminino, pois a uretra nas mulheres é menor do que nos homens, o que torna mais fácil a passagem de bactérias do exterior ao trato urinário, sobretudo à bexiga.
Estima-se que 50 a 60% de mulheres sofrerão, ao menos uma vez, de infecção urinária e um terço das mulheres passará por esse quadro antes dos 24 anos.
Dentre os fatores desencadeantes para uma infecção urinária, inclui-se a má higiene da região vaginal; manter a urina por períodos prolongados ou não esvaziar a bexiga completamente; não se manter hidratado; alterações no sistema urinário, comum durante a gestação; além de problemas que afetam o sistema imunológico, como diabetes e HIV.
– Bexiga hiperativa
Bexiga hiperativa é outra causa comum de micção frequente. Essa doença é caracterizada por um conjunto de sintomas que podem fazê-lo urinar com frequência maior do que o habitual. Os sintomas mais comuns, além de micção frequente, incluem vontade súbita em urinar, que pode resultar até mesmo em vazamentos, e noctúria, que é a vontade de urinar pelo menos duas vezes por noite.
Dentre as possíveis causas de bexiga hiperativa, pode-se considerar lesões; complicações que afetam os músculos, nervos ou tecidos, tal como esclerose múltipla ou acidente vascular cerebral; deficiência de estrogênio causada pela menopausa e excesso de peso corporal – que irá pressionar a bexiga mais do que o normal.
– Gravidez
Durante a gravidez, a bexiga é pressionada à medida que o bebê ocupa cada vez mais espaço dentro do corpo. Em detrimento disso, a micção frequente torna-se um sintoma muito comum.
Esse fenômeno é mais recorrente durante o primeiro e o terceiro trimestres de gestação, pois durante o segundo, o útero fica posicionado um pouco mais acima do que o habitual, aliviando a pressão na bexiga.
Esse sintoma, no entanto, normalmente é extinguido após o parto. Se esse for o caso, exercícios de Kegel podem se prescritos, ou seja, exercícios de contração muscular que exercitam o assoalho pélvico para evitar problemas na bexiga, como incontinência urinária.
– Problemas de próstata
A próstata é uma glândula masculina do tamanho de uma bola de golfe que produz parte do líquido que sai durante a ejaculação. O crescimento da próstata acompanha o crescimento do corpo. No entanto, algum distúrbio pode provocar um crescimento exagerado, fazendo com que o indivíduo tenha uma condição conhecida hiperplasia prostática benigna (HPB), popularmente conhecida como próstata aumentada, o que, por sua vez, pode levá-lo a ter necessidade de urinar mais do que o normal.
Esse quadro, no entanto, é bastante comum e com opções de tratamentos eficientes.
– Vaginite
Quando uma mulher é acometida pela vaginite, a vagina ou vulva fica inflamada e dolorida. Esse quadro pode ser desencadeado por uma série de fatores possíveis, no entanto, na maioria dos casos, algum tipo de infecção é a causa motriz.
Juntamente com dor e desconforto genital, a micção frequente pode ser outro sinal revelador de vaginite. A paciente também pode sentir ardor, sensibilidade ou coceira durante a micção. Além disso, corrimento vaginal espesso e branco pode se manifestar.
– Enfraquecimento dos músculos do assoalho pélvico
Os músculos do assoalho pélvico sustentam muitos órgãos do sistema urinário, incluindo a bexiga. Se esses músculos enfraquecem, os órgãos poderão se distanciar em alguns milímetros ou centímetros para fora do lugar, podendo levar à micção mais frequente.
O parto vaginal é um dos fatores desencadeantes para que músculos do assoalho pélvico fiquem tensos e comecem a perder força. O envelhecimento também pode levar ao enfraquecimento desses músculos.
– Outras causas
Além das causas mencionadas, existem outros fatores que podem ter como sintoma a micção frequente, como:
- Cistocele;
- Transtornos de ansiedade;
- Pedras na bexiga;
- Alterações na função renal;
- Diabetes;
- Uso de medicamentos ou agentes diuréticos;
- Excesso de consumo de líquidos;
- Cistite intersticial (também chamada de síndrome da bexiga dolorosa);
- Infecção renal (pielonefrite);
- Tratamento por radiação que afeta a pelve ou o abdome inferior;
- Estenose uretral (estreitamento da uretra);
- Incontinência urinária;
- Tumor na região pélvica;
- Ansiedade;
- Acidente Vascular Cerebral (derrame).
Diagnóstico
O diagnóstico para averiguar o problema pode ser feito a partir de certos tipos de exame. Provavelmente, o médico especialista ou clínico geral fará, em primeiro momento, exames físicos, que podem envolver o apalpamento da bexiga ou outros órgãos do trato urinário, em conjunto com perguntas que busquem apontar possíveis causas, como se o paciente está fazendo uso de algum medicamento; se possui outros sintomas como ardor ou sensibilidade ao urinar; se a cor da urina está mais escura e o cheiro mais forte do que o normal, dentre outras possíveis linhas de questões que o ajudem no diagnóstico.
Em seguida, provavelmente você deverá passar por um exame de urina. Com isso, será possível identificar a presença de infecção do trato urinário ou outras complicações. Você também poderá ser submetido a exames de sangue para precisar o diagnóstico.
Dependendo dos resultados, outros exames ainda poderão ser solicitados, como:
- Cistometria: Esse é um teste que mede a pressão dentro da bexiga para verificar se ela está funcionando adequadamente. Com esse exame, é possível determinar se um problema muscular ou nervoso pode estar causando problemas com a capacidade em reter ou liberar urina.
- Cistoscopia: Esse exame permite examinar o interior da bexiga e da uretra usando um instrumento fino chamado cistoscópio. Existe um termo mais amplo chamado urodinâmica, que inclui testes como cistometria, urofluxometria e pressão uretral.
Tratamentos para micção frequente
O tratamento para micção frequente deve levar em consideração a origem do problema que está causando este sintoma.
Por exemplo, se o diabetes é a causa, o tratamento consistirá em adequar os níveis de açúcar na corrente sanguínea. Já o tratamento da bexiga hiperativa deve começar com certos tipos de terapia, como aumentar os intervalos entre o uso do banheiro ao longo de algumas semanas ou meses, bem como adequação da dieta, evitando qualquer alimento que pareça irritar a bexiga ou que atue como diurético.
Outra medida que pode ser prescrita envolve monitorar a ingestão de líquidos. Você deve beber o suficiente para evitar constipação e excesso de concentração proteína na urina. No entanto, recomenda-se não consumir água logo antes de dormir para evitar a micção noturna.
Exercícios de Kegel também podem ser prescritos. Esses exercícios ajudam a fortalecer os músculos ao redor da bexiga e da uretra para melhorar o controle e reduzir a urgência e a frequência urinárias. Exercitar os músculos pélvicos por cinco minutos, três vezes ao dia, pode ser suficiente para melhorar a performance da bexiga.
O tratamento também pode incluir medicamentos como darifenacina, acetato de desmopressina, imipramina, mirabegron, oxibutinina, adesivo cutâneo com oxibutinina, solifenacina, e mais uma série de fármacos que podem ser necessários para atenuar ou eliminar os sintomas.
Vários tipos de cirurgia também estão disponíveis. As menos invasivas envolvem implantar pequenos estimuladores nervosos abaixo da pele. Os nervos que estimulam controlam o assoalho pélvico e os dispositivos podem manipular contrações nos órgãos e músculos dessa região.
É necessário, no entanto, avisar seu médico quanto aos sintomas e fazer os exames solicitados para que o tratamento adequado possa ser iniciado.
Fontes e Referências adicionais:
- https://my.clevelandclinic.org/health/diseases/15533-urination–frequent-urination
- https://www.medicalnewstoday.com/articles/70782
- https://www.mayoclinic.org/symptoms/frequent-urination/basics/causes/sym-20050712
- https://www.health.harvard.edu/decision_guide/painful-or-frequent-urination-in-men
- https://familydoctor.org/symptom/urination-problems/
- https://www.uofmhealth.org/health-library/not48575
- https://www.stlouischildrens.org/conditions-treatments/pollakiuria
- https://www.bcm.edu/healthcare/care-centers/obstetrics-gynecology/conditions/urinary-retention
- https://www.bladderandbowel.org/bladder/bladder-conditions-and-symptoms/frequency/