À medida que envelhecemos, mesmo se somos saudáveis, o coração se torna menos flexível, mais rígido e simplesmente não tão eficiente no processamento de oxigênio como costumava ser. Na maioria das pessoas, os primeiros sinais aparecem na faixa dos 50 anos ou no início dos 60. E entre as pessoas que não se exercitam, as mudanças podem começar ainda mais cedo.
“O coração fica menor e mais rígido”, diz o Dr. Ben Levine, um cardiologista de esportes do Centro Médico Southwestern da Universidade do Texas e diretor do Instituto de Medicina de Exercícios e Meio Ambiente do Texas Health Presbyterian Hospital, em Dallas.
Pense no músculo cardíaco como um elástico, diz Levine. No início, ele é flexível. Mas se você colocá-lo em uma gaveta por 20 anos, ele vai reaparecer seco e quebradiço.
“Isso é o que acontece com o coração e os vasos sanguíneos”, diz ele. E com o passar do tempo, esse tipo de rigidez pode piorar, ele observa, levando à falta de ar e outros sintomas de insuficiência cardíaca, uma incapacidade do coração para efetivamente bombear sangue para os pulmões ou todo o corpo.
Felizmente, para aqueles que já estão na meia idade, Levine descobriu que, mesmo que você não tenha sido um praticante ávido de atividades físicas, entrar em forma agora pode evitar esse declínio e ajudar a restaurar seu coração envelhecido. Ele e seus colegas publicaram suas recentes descobertas no jornal Circulation do American Heart Association.
A equipe de pesquisa recrutou indivíduos entre os 45 e 64 anos que eram em sua maioria sedentários, mas de uma forma ou de outra saudáveis.
A americana de Dallas, Mae Onsry, gerente de contas, tinha 62 anos no momento. Criando dois filhos e trabalhando em tempo integral, ela diz, ela nunca teve flexibilidade de horários para se adequar aos exercícios, embora soubesse que eles eram importantes para a saúde.
“Eu tenho meus hobbies”, diz Onsry, citando a dança de salão e jardinagem. Mas não era nada de rotina, nada “disciplinado”, diz ela. Então, quando viu um panfleto sobre o estudo de Levine, ela se inscreveu – junto com outros 52 voluntários – para o estudo de dois anos.
Os participantes foram distribuídos aleatoriamente em dois grupos. O primeiro grupo obteve um programa de exercícios não-aeróbico – yoga básica, treinamento de equilíbrio e treinamento com pesos – três vezes por semana. O outro grupo, no qual Onsry estava, recebeu um treinador e fez exercícios aeróbicos de intensidade moderada a alta por quatro ou mais dias por semana.
Após dois anos, o grupo que fez os exercícios de maior intensidade viu melhorias drásticas na saúde do coração.
“Eles chegaram com corações de 50 anos e voltaram com corações de 30 ou 35 anos”, diz Levine. Seus corações processavam oxigênio de forma mais eficiente e estavam notavelmente menos rígidos.
“E a razão pela qual eles ficaram muito mais fortes e aptos foi porque seus corações agora podiam se preencher muito mais e bombear muito mais sangue durante o exercício”.
Os corações daqueles que participaram de rotinas menos intensas não mudaram, diz ele.
Uma parte fundamental do regime de exercícios que foi efetivo foi o treinamento intervalado, diz Levine – rajadas curtas de exercícios de alta intensidade seguidos por alguns minutos de descanso. O estudo incorporou o que muitas vezes são referidos como intervalos 4×4.
“É um antigo treino da equipe de esqui norueguês”, explica Levine. “Isso significa quatro minutos a 95% de sua capacidade máxima, seguido de três minutos de recuperação ativa, repetidos quatro vezes”.
Chegar ao máximo que puder durante quatro minutos enfatiza o coração, ele explica, e obriga-o a funcionar de forma mais eficiente. Repetir os intervalos ajuda a fortalecer o coração e o sistema circulatório.
“O melhor ponto na vida para levantar do sofá e começar a se exercitar [se você ainda não o faz] é a meia-idade tardia, quando o coração ainda tem plasticidade”, diz Levine. Talvez você não consiga reverter o envelhecimento dos vasos se você esperar mais. Um grupo que já estava em seus 70 anos não conseguiu reverte a elasticidade do coração e vasos sanguíneos em um regime de exercícios por um ano.
Qualquer pessoa que considere começar um programa de exercícios intenso, diz Levine, deve verificar primeiro com um médico e checar problemas de saúde individuais que possam justificar inicialmente um programa menos intenso.
Para Onsry, que tem 65 anos, o estudo mudou sua vida. Hoje, ela caminha todos os dias da semana e corre pelo menos 5 milhas ao redor do lago perto de sua casa.
Segundo ela, se deixa de se exercitar um dia, simplesmente não se sente tão bem fisicamente. E isso também ajudou a sua saúde mental. “Eu não sou mais tão temperamental”, diz ela. “Quero dizer – eu estou feliz”.
Dra. Nieca Goldberg, cardiologista e diretor médico do Centro Joan H. Tisch para Saúde da Mulher no NYU Langone Medical Center e porta-voz da American Heart Association, diz que a pesquisa de Levine é importante.
“Muitos estudos realizados que analisam a saúde [cardiovascular] visam melhorias em fatores de risco como pressão alta, colesterol e diabetes”, diz Goldberg. “Mas este estudo analisou especificamente a função cardíaca – e como a função cardíaca pode melhorar com o exercício”.
Goldberg diz que as descobertas são um excelente começo. Mas o estudo foi pequeno e precisa ser repetido com grupos de pessoas muito maiores para determinar exatamente quais aspectos de uma rotina de exercícios fazem a maior diferença.
Esse estudo e/ ou pesquisa deve ser levado a sério, sempre!