Também conhecido como alcaçuz, o licorice, ou liquorice, é uma planta cujo extrato de sua raíz é usado para diversas finalidades e traz muitos benefícios à saúde, assim como alguns riscos. É utilizado a muitos anos na culinária e na medicina tradicional.
No decorrer desse artigo falaremos sobre o que é licorice, para que serve e quais os benefícios da sua utilização, e também sobre possíveis efeitos colaterais.
O que é o licorice?
A planta herbácea da qual se obtém o licorice é a Glycyrrhiza glabra, que é originária do sul da Europa, Índia e outras partes da Ásia. A origem da palavra licorice vem do grego e significa raíz doce. Essa é uma das características da planta e junto com o cheiro característico consiste no motivo da sua utilização em diversos produtos para conferir odor e sabor. Porém, seu sabor doce é diferente do proporcionado pelo açúcar convencional, sendo mais forte que a sacarose e evidente ao paladar, além de mais duradouro.
Essa característica e muitas propriedades do licorice são conferidos pelo ácido glicirrízico, uma substância característica da espécie. A planta contém também flavonoides, que são oxidantes naturais e ainda um composto isoflaveno denominado glabreno e um isoflavano, a glabridina, considerados fitoestrógenos.
Para que serve Licorice?
Uma utilização bastante comum do licorice é na atribuição de sabor e odor ao tabaco, proporcionando uma doçura natural e sabor particular ao cigarro.
Como flavorizante e adoçante, o licorice também é empregado na fabricação de balas, doces, adoçantes, medicamentos fitoterápicos e pastilhas, dentre outros, principalmente em alguns países do Oriente Médio e da Europa. Mas recentemente tem sido substituido pelo anis.
Também muito utilizado como planta medicinal na cultura popular, o licorice é empregado no auxílio ao tratamento de diversas doenças como depressão, asma, fadiga, resfriados e gripes, gota, infecções virais e fúngicas, enfisema, menopausa, psoríase, úlceras, artrite, dentre muitas outras.
Quais são os benefícios de Licorice para a Saúde?
Vejamos a seguir os benefícios que o consumo de licorice pode trazer para saúde com mais detalhes.
Ajuda ao sistema imunológico
Licorice parece aumentar os níveis corporais de interferon, um molécula sinalizadora fundamental na boa função do sistema de defesa, isso ajuda o organismo a combater infecções por virus, bactérias e fungos. Assim, auxilia no tratamento de gripes, resfriados, gengivites, infecções de garganta, outras infeções por vírus e fungos, e até mesmo HIV.
Auxilia os sintomas de problemas respiratórios
O extrato de licorice também é capaz de aliviar tosse e congestão auxiliando na liberação do catarro e muco das vias aéras gerados por doenças infecciosas do trato respiratório. Além disso reduz a ocorrência de espasmos dos brônquios, sendo útil por exemplo no tratamento da asma.
Alivia os sintomas da menopausa
Durante a menopausa, a produção hormonal das mulheres cai consideravelmente, levando a muitos sintomas incômodos, como irritabilidade, cansaço, alteração de humor, ondas de calor, dor e inchaço das mamas, etc. Por conter substâncias que são similares ao estrógeno (hormônios femininos), como a glabreno e a glabridina, o licorice pode auxiliar no alívio desses sintomas, ajudando as mulheres que passam por essa fase devido ao seu leve efeito estrogênico.
Ajuda na saúde cardiovascular
O consumo de licorice indica levar a uma redução dos níveis de LDL (o colesterol ruim), reduzir sua oxidação no interior das artérias, o que causa a formação de placas de aterosclerose e pode trazer diversos riscos, assim como reduz os níveis de triglicérides. Os mecanismos ainda não são completamente elucidados.
Em um estudo, a suplementação de pacientes com colesterol alto, a uma dose de 100 mg ao dia por um mês, levou a uma redução da chance de oxidação do LDL, reduziu seus níveis em 9%, e as concentrações de colesterol total em 5%, além de diminuir os triglicerídeos em 14% e a pressão arterial em 10%. Todos esses parâmetros voltaram ao estágio inicial após um 1 mês de terminado o tratamento.
Assim, o licorice indica ser um agente capaz de auxiliar no controle de doenças cardiovasculares. Mais estudos são necessários para embasar ainda mais esses resultados.
Auxilia na ação do cortisol
Em pessoas que tomam corticóides (medicamentos anti-inflamatórios e imunosupressores) por longos períodos, ou mesmo que têm um nível de stress muito elevado, levam a uma supressão da glândula adrenal, que produz cortisol. Este hormônio é importante para a homeostase do organismo, sendo conhecido como hormônio do estress. O licorice parece regular a função adrenal e consequentemente estabilizar os níveis de cortisol, evitando sintomas como fadiga, ansiedade e quedas de imunidade.
Melhora sintomas de pele
Existem evidências de que o licorice pode também auxiliar no tratamento de reações de pele como coceira e eczema, melhorando a vermelhidão, o inchaço e o prurido. O estudo foi realizado utilizado um gel contendo licorice, que foi aplicado durante 2 semanas, 3 vezes ao dia.
Ajuda na perda de peso
Em um estudo em que 15 pessoas sem sobrepeso tomaram 3,5 g de licorice por dia durante 2 meses, foi identificado que houve uma redução da gordura corporal porém uma maior retenção de água.
Uma segunda pesquisa identificou a ação tópica do ácido glicirrízico em dimunuir a gordura da região da coxa.
O óleo de flavonóides de licorice também demosntrou ser efetivo contra o excesso de gordura em um experimento em que pessoas foram suplementadas com 900mg do óleo por dia, durante 8 semanas. Elas apresentaram redução do IMC, da taxa de gordura, de peso total e de LDL.
Apesar dessas evidências, mais pesquisas são necessárias para corroborar os efeitos das substâncias presentes em licorice na perda de peso e gordura corporal.
Combate doenças estomacais
Apesar de alguns resultados científicos serem contraditórios, há evidências de que o extrato de licorice auxilia no tratamento da úlcera péptica, porém seu mecanismo não é conhecido. A forma mais utilizada para essa finalidade é a purificada, chamada DGL (do inglês deglycyrrhizinated licorice), em que se retira o ácido glicirrízico, responsável por muitos dos efeitos colaterais do suplemento.
Em um estudo com 100 pessoas portadoras de úlcera estomacal resistente aos tratamentos convencionais, observou-se que 90% dos pacientes tiveram melhora significativa da doença e em 22 pessoas a úlcera desapareceu completamente.
Estudos em camundongos mostrou que a administração de aspirina, um fármaco com grande potencial de causar úlcera péptica, recoberta por extrato de licorice, previniu o desenvolvimento da doença.
Além disso, em associação com hortelã-pimenta e camomila, o licorice ajudou a prevenir indigestão e refluxo.
Estudos ainda apontaram sua ação contra a dor proveniente de aftas. Pessoas que fizeram enxágue bucal com DGL dissolvido em água morna, 4 vezes ao dia, tiveram um alívio da dor.
Outras doenças
O licorice parece ainda ser capaz de auxiliar no tratamento de outras doenças e situações como:
- depressão
- herpes
- febre recorrente
- hepatite
- altos níveis de potássio
- dor
- doença hepática não relacionada ao consumo de álcool
- cãibras musculares
- psoríase
- lupus
- infertilidade
- alguns tipo de câncer, e outras.
Lembrando sempre que nenhum tratamento para todas as doenças citadas deve ser substituído ou mesmo associado antes de consultar seu médico, principalmente em doenças mais sérias e complexas, pois isso pode trazer diversos riscos.
Formas encontradas no mercado
Licorice pode ser encontrado na forma de pó, tabletes, cápsulas e até finas fatias da raíz para preparação de chá. Pode ser feito a partir da raíz com e sem casca e como já citado também existem formulações sem o ácido glicirrízico, o DGL.
Doses recomendadas
A melhor forma de estabelecer a dose adequada a cada caso é avaliar as condições e necessidades individuais. O melhor profissional indicado para essa terefa é o médico. Porém aqui traremos algumas das doses usualmente utilizadas.
- Raíz desidratada: 1 a 5 g (infusão ou fervura)
- Tintura na concentração 1:5: 2 a 5 ml
- Extrato padronizado (20% de ácido glicirrízico): 250 a 500 mg
- Extrato DGL (sem ácido glicirrízico): 0,4 a 1,6 g para o tratamento de úlcera estomacal ou duodenal
- Para bochechos: ½ colher do extrato para ¼ de xícara de água para combater aftas
Todas as doses acima devem ser ingeridas 3 vezes ao dia, exceto o enxague bucal para tratamento de aftas que deve ser feito 4 vezes por dia.
Segurança e efeitos colaterais
O extrato de licorice parece ser seguro quando consumido em pequenas quantidades e por período determinado de tempo, no máximo de 4 a 6 semanas.
Mesmo com a utilização adequada, podem surgir efeitos colaterais como dor muscular e dormência nos braços e pernas. O consumo prolongado ou em grandes quantidades pode ter efeitos graves, como pseudoaldosteronismo, uma condição de desbalanço da ação do hormônio aldosterona, que pode levar a fadiga, dores de cabeça, pressão alta e até mesmo ataques do coração, além de retenção de líquidos e inchaço. Pode causar ainda hipocalemia, que é o baixo nível de potássio no sangue, e fraqueza muscular.
A ocorrência dos efeitos colaterais é principalmente associada ao ácido glicirrízico, por isso considera-se a forma DGL um pouco mais segura.
O licorice pode ainda interagir com outros suplementos e medicamentos, como por exemplo: inibidores da acetil colinesterase e diuréticos (utilizados no tratamento da pressão alta), digoxina (para probemas cardíacos), corticosteroides, insulina e outros medicamentos para diabetes, laxantes, inibidores da MAO (tipo de antidepressivo), contraceptivos orais, warfarina (um anticoagulante), entre muitos outros.
Mulheres grávidas não devem fazer uso de licorice, pois ele pode induzir um parto prematuro e aumentar as chances de aborto. Lactantes também devem evitar seu consumo.
Pessoas com as seguintes doenças e condições clínicas não devem consumir licorice:
- Doenças Cardíacas
- Cânceres que tenham sensibilidade a hôrmonios
- Pressão alta
- Diabetes
- Doença hepática ou renal
- Hipocalemia
- Disfunção erétil
Assim, apesar de ter muitos benefícios, licorice também pode ter efeitos colaterais graves, por isso seu médico deve ser consultado e todos os riscos avaliados antes de iniciar qualquer suplementação com a planta.
Fontes e Referências Adicionais:
- Sigurjonsdottir, H. A., et al. “Liquorice-induced rise in blood pressure: a linear dose-response relationship.” Journal of human hypertension 15.8 (2001): 549-552.
- Cristina Fiore, Michael Eisenhut, Eugenio Ragazzi, Giorgio Zanchin, Decio Armanini, “A history of the therapeutic use of liquorice in Europe, Journal of Ethnopharmacology“, Volume 99, Issue 3, 14 July 2005, Pages 317-324, ISSN 0378-8741.
- Van Uum, S. H. “Liquorice and hypertension.” Neth J Med 63.4 (2005): 119-120.
- Schrofelbauer, Barbel, et al. “Glycyrrhizin, the main active compound in liquorice, attenuates pro-inflammatory responses by interfering with membrane-dependent receptor signalling.” Biochem. J 421 (2009): 473-482.
- Tohma, Hatice Serbetci, and Ilhami Gulçin. “Antioxidant and radical scavenging activity of aerial parts and roots of Turkish liquorice (Glycyrrhiza glabra L.).” International Journal of Food Properties 13.4 (2010): 657-671.
- Wu, Yue‐Ting, et al. “Azathioprine hepatotoxicity and the protective effect of liquorice and glycyrrhizic acid.” Phytotherapy Research 20.8 (2006): 640-645.
- Räikkönen, K., et al. “Stress, glucocorticoids and liquorice in human pregnancy: programmers of the offspring brain.” Stress 14.6 (2011): 590-603.
Eu consumi licor de Liquirizia na Italia,em Sardenha uma delicia!Nem sabia q existia o Cha encontrei hoje no Mercado na Belgica.
Existe contra indicaçao no uso do Chá?
Tomo quase todos os dias o chá e melhora meu refluxo.
Ja usei .mais nao deu o resultado esperado .o medico prescreveu novamente .