Já não era novidade nenhuma que praticar exercícios de levantamento de peso ajuda a melhorar o condicionamento físico, reduz o ganho de gordura e diminui o risco de desenvolvimento de doenças coronárias, pressão alta, além de auxiliar o sono. Mas você sabia que esse tipo de treinamento também pode melhorar a memória?
Pelo menos foi isso que uma pesquisa realizada neste ano no Georgia Institute of Technology (Instituto de Tecnologia da Georgia, tradução livre), nos Estados Unidos identificou. De acordo com o estudo, jovens adultos saudáveis que realizam treinos intensos de 20 minutos têm a memória episódica, que é a recordação de fatos e eventos ocorridos no passado, melhorada em 10%.
Um dos motivos que levou os pesquisadores a realizar esse estudo foram pesquisas já realizadas com animais anteriormente que identificaram que o momento mais propício para a excitação ou estresse causado pela prática de exercícios beneficiar a memória é aquele que sucede um período de aprendizado.
Como o estudo foi realizado?
Para verificar a relação entre levantar peso e ter a eficiência da memória aumentada, os cientistas mostraram uma série de 90 fotos, com imagens positivas (como de crianças), negativas (de corpos mutilados) e neutras (de objetos), aos participantes do estudo. Logo após essa primeira etapa, eles não foram questionados quanto às imagens que recordavam e partiram para um local onde foram colocados na cadeira extensora, aparelho de ginástica onde é realizado o exercício de extensão de pernas.
Os participantes foram divididos em dois grupos: enquanto metade deles movimentou as pernas, contraindo e estendendo até o limite 50 vezes, a outra parte simplesmente sentou na cadeira e tiveram as pernas movimentadas pela própria máquina ou pelos pesquisadores.
Durante esse período, os cientistas também realizavam testes de pressão arterial, monitoraram os batimentos cardíacos dos dois grupos e coletaram amostras de saliva para identificar as taxas de neurotransmissores ligados ao estresse.
Depois de dois dias, os participantes retornaram ao laboratório e novamente observaram uma série de fotos. Dessa vez eram 180, as mesmas 90 presentes no primeiro teste e mais 90 imagens novas.
Resultado: o grupo que não se esforçou tanto na cadeira extensora recordou em torno de 50% das imagens exibidas na primeira vez, já os outros participantes se lembraram de 60% dessas fotos, aproximadamente.
Outro ponto verificado na pesquisa, a partir da amostra de saliva, foi o aumento da alfa-amilase, um marcador do neurotransmissor norepinefrina, cuja liberação em cérebro de animais roedores já tinha sido apontada em estudos anteriores como uma das causas para a melhoria da memória.
Lisa Weinberg, estudante de graduação do instituto americano e líder da pesquisa, afirmou que os mesmos resultados podem ser obtidos através da prática de outros tipos de atividades mais simples como agachamento ou flexão dos joelhos. Para ela, também não é necessário gastar muito tempo nos treinamentos para conseguir esses benefícios para a memória.
Próximos passos
Com a descoberta da influência da prática de exercícios como o levantamento de peso para a melhoria da memória episódica, os cientistas do instituto pretendem estender os estudos e tentar identificar os efeitos da atividade em relação aos outros tipos de memória e em diferentes grupos de pessoas, incluindo aquelas que possuem problemas de memória.