Tipos de Dieta

Jejum intermitente e saúde do sistema imunológico: o que diz a ciência?

Publicado por
Dra. Esther Costa

O jejum intermitente se tornou uma alternativa popular e que desperta curiosidade entre as pessoas que procuram emagrecer. Mas, além da perda de peso, outra pergunta que se faz é sobre a relação entre método e a saúde do sistema imunológico. 

Quando o sistema imunológico funciona bem, o corpo é capaz de combater infecções virais e bacterianas, além de lutar contra células cancerígenas com maior eficiência

Por isso, quanto mais soubermos a respeito do que pode ser bom para a imunidade, mais saúde e melhor qualidade de vida teremos. Nesse sentido, o jejum intermitente pode contribuir.

No entanto, quando se trata do jejum intermitente, existem algumas questões a serem analisadas, pois realizar longos períodos de jejum com frequência exige que o organismo passe por alguns ajustes, e é o que vamos ver a seguir.

Como o nosso corpo reage ao ficarmos em jejum prolongado?

Jejum intermitenteJejum intermitente
Uma série de reações ocorre no nosso organismo ao passarmos um longo período de jejum

Precisamos de combustível para que o nosso corpo exerça as suas funções biológicas e é por meio dos alimentos que conseguimos isso.

Ao ficarmos em jejum, seja para fazer exames e cirurgias, seja por motivos religiosos, seja no período que estamos dormindo à noite, o corpo entra em um estado de alerta por falta de alimentos e o sangue é direcionado para os órgãos mais importantes para a preservação da vida, que são o pulmão, coração e cérebro.

A primeira fonte de combustível do corpo para manter as funções vitais, principalmente o funcionamento do cérebro, é a glicose. Na falta dela, o organismo procura uma maneira alternativa de suprir as suas necessidades.

Nas horas iniciais de jejum, o corpo utiliza a glicose que está armazenada no fígado na forma de glicogênio. Depois de usar todo o glicogênio, o organismo utiliza a oxidação das gorduras em primeiro lugar e por último vai buscar a energia das proteínas, que estão armazenadas nos músculos.

Nesse processo de oxidação (queima) de gorduras, são produzidas substâncias chamadas corpos cetônicos, que servirão de fonte de energia para que o organismo continue com as suas funções.

O que a ciência diz sobre o jejum intermitente e sistema imunológico

Em 2016, o biólogo japonês Yoshinori Ohsumi ganhou o prêmio Nobel de Medicina por publicar um estudo que tratava da prática do jejum.

Segundo o biólogo, o jejum resulta no processo de autofagia. Em outras palavras, as células que são prejudiciais se autodegradam e acontece uma renovação celular, o que seria benéfico para o sistema imunológico, o sistema metabólico e a saúde em geral. 

No entanto, em outros estudos, pesquisadores levantaram a dúvida se esse processo de degradação das células não poderia afetar as células funcionais, ou seja, aquelas que ajudam o corpo também seriam degradadas.

Desde então, muitas pesquisas surgiram e demonstraram benefícios do jejum intermitente, principalmente em relação ao metabolismo. Alguns pesquisadores até mesmo relacionam a prática à longevidade. 

Assim, não é de surpreender que tenham surgido hipóteses para se pesquisar sobre como o sistema imune responde ao jejum intermitente.

As discordâncias

Há estudos que não concordam com a abordagem do jejum intermitente para melhorar o sistema imunológico. Isso porque deixar o corpo sem alimento causa muitas mudanças no metabolismo e estresse ao organismo, que precisa se adaptar à falta de alimento. Vale destacar que estresse é um fator que enfraquece o sistema imune.

Em fevereiro de 2023, um novo estudo realizado na escola de medicina em Mount Sinai, Nova York, e publicado na revista Immunity, analisou um grupo de camundongos que fez jejum de 24 horas e um grupo controle que teve refeições regulares.

Observou-se que os ratos que jejuaram tiveram mais inflamação e maior probabilidade de morrerem devido a uma infecção do que os animais do grupo controle.

Durante o estudo, os pesquisadores analisaram o sangue dos ratos que fizeram o jejum e dos ratos que não fizeram. Eles notaram que os animais que fizeram o jejum tinham 10% a menos de glóbulos brancos (monócitos), células que combatem infecções e favorecem que células imunes possam tratar lesões.

Ainda não há muitas evidências em seres humanos no que diz respeito aos benefícios do jejum intermitente para o sistema imunológico. 

Existem controvérsias, assim como em relação a outros benefícios para a saúde, pois é preciso ter mais evidências sobre o tempo de jejum que não prejudica o organismo.

Mesmo em relação à perda de peso, ainda restam dúvidas para alguns pesquisadores se o jejum intermitente é mais eficaz do que a restrição calórica, portanto, ainda não é possível responder tudo sobre essa prática com o aval da ciência.

Ainda não existem maiores evidências científicas de que o jejum intermitente ajuda o sistema imunológico

Fazer jejum intermitente é fácil e todos podem praticar?

Apesar da sua popularização e de muitas pessoas pensarem que é fácil fazer jejum ou que qualquer um pode fazer, essa prática não é para todos.

O jejum intermitente não deve ser feito por crianças, gestantes, mulheres que estejam amamentando, pessoas idosas e diabéticos tipo 1 dependentes de insulina, pois ele provoca hipoglicemia, o que é um risco para o diabético.

As pessoas que sofrem de gastrite, azia e úlcera, também não devem fazer jejum intermitente porque ficar longas horas sem comer aumenta a produção do suco gástrico (acidez do estômago), o que provoca queimação e dor no estômago.

A prática do jejum intermitente não pode ser realizada de qualquer jeito, por isso é preciso a orientação de um médico e de um nutricionista. Caso contrário, podem ocorrer sérios erros, trazendo consequências desastrosas para a saúde. Saiba mais sobre os casos em que o jejum intermitente faz mal.

Conclusão

O jejum intermitente parece ter surgido como um milagre para melhorar muitos aspectos da saúde, mas a ciência ainda tenta esclarecer se há mais benefícios do que malefícios para aqueles que escolhem praticá-lo.

O importante é saber que o jejum intermitente pode não ser uma resposta definitiva para todos os problemas de saúde ou para melhorar o sistema imunológico, apesar de muitos aspectos positivos que já foram observados pelas pesquisas.

O ser humano quer longevidade e respostas fáceis para aumentar e melhorar sua qualidade de vida e a ciência tenta buscá-las, mas talvez ainda demore um pouco para poder esclarecer qual o melhor caminho para melhorar o sistema imunológico e evitar algumas doenças.

Você já imaginava que existia uma relação entre jejum intermitente e saúde do sistema imunológico? Pretende aproveitar esses benefícios? Comente abaixo!

5 de 5
Dra. Esther Costa

Esther Costa é nutricionista - CRN-8 13209/P. Graduada em nutrição pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), atua na nutrição clínica com ênfase na nutrição funcional, buscando avaliar o indivíduo em sua totalidade. Está sempre em busca do aperfeiçoamento por meio de cursos e congressos na área. É curiosa, criativa e proativa, e faz parte da equipe de especialistas do MundoBoaForma.

Deixe um comentário

Publicidade
Publicado por
Dra. Esther Costa