Com o aumento dos índices de obesidade e do número de pessoas com excesso de peso, houve um crescimento considerável da quantidade de pesquisas que possam identificar novas formas de emagrecer e que também possam analisar os processos metabólicos que estão envolvidos no controle da fome e da ansiedade.
Alguns hormônios foram identificados como auxiliares nestes processos e atualmente são alvos de inúmeras pesquisas, ajudando, assim, no desenvolvimento de novos produtos e medicamentos.
Vamos conhecer o que é o GLP-1, entender como este hormônio funciona no organismo, qual sua relação com a diabetes e como este hormônio ajuda a emagrecer.
O que é o GLP-1?
O trato gastrointestinal é considerado o maior conjuntos de órgãos endócrino pelos pesquisadores atualmente, pois este produz muitos hormônios que desempenham diferentes funções no organismo. Muitos destes hormônios são pouco conhecidos e os primeiros estudos relacionados a eles eram somente voltados ao funcionamento do tubo digestivo, incluindo a secreção ácida do estômago e a contração da vesícula biliar.
A partir da década de 70, muitos estudos começaram a identificar outras funções para estes hormônios, avaliando também a influência de muitos deles no controle do apetite.
Estudos mais recentes mostram que existem muitos peptídeos no trato intestinal que funcionam como receptores do Sistema Nervoso Central (SNC), enviando mensagens relacionadas ao controle da fome, ao aumento da saciedade e ao controle do gasto energético.
Em função disto, houve um aumento considerável dos números de pesquisas que pudessem identificar e avaliar a possibilidade de utilização destes peptídeos como novas formas de se controlar o problema de obesidade e de ganho de peso.
Foi identificado nestes estudos que o sistema no tubo digestivo verifica a presença de alimentos e manda sinais para o SNC através de mecanismos neurais e endócrinos, auxiliando na regulação da saciedade e do controle da fome. Entre os peptídeos estudados estão a colecistoquinina (CCK), o glucagon-like peptídeo 1 (conhecido com GLP-1), o polipeptídeo insulinotrópico dependente de glicose (GIP), o polipeptídeo pancreático (PP), o peptídeo YY (PPY), a grelina, a irisina, entre outros.
O GLP-1 é um peptídeo presente no intestino produzido pelas células I que estão localizadas no íleo distal e no cólon. Após uma refeição, o GLP-1 é secretado no intestino distal e esta secreção é controlada pela combinação de diferentes estímulos neurais e endócrinos.
O contato dos nutrientes diretamente com as células I do intestino também gera a estimulação da secreção do peptídeo GLP-1. Quando este peptídeo é liberado, ocorre uma redução na quantidade do hormônio glucagon que é secretado pelas células do pâncreas.
O GLP-1 ajuda a emagrecer?
Os estudos dos processos relacionados ao ganho de peso e ao emagrecimento são inúmeros e muitas novas técnicas são desenvolvidas com o objetivo de facilitar a redução de peso para quem tanto deseja entrar em forma.
Nos últimos anos, algumas pesquisas comprovaram que o metabolismo da glicose é mantido por alguns hormônios pancreáticos e gastrointestinais. Estes hormônios são a amilina, o GLP-1 e o GIP, a insulina e o glucagon.
Além de estar envolvido no processo de acúmulo de gordura corporal, o metabolismo da glicose também está envolvido diretamente no desenvolvimento de algumas doenças, entre elas a diabetes. Muitas pesquisas mostram que a resistência à insulina e o declínio progressivo da secreção pancreática deste hormônio, que são as causas do desenvolvimento da diabetes mellitus tipo 2, não acontecem isoladamente, mostrando que estas anormalidades também acontecem devido à ação de outras substâncias como o GLP-1.
O efeito da saciedade do GLP-1 no sistema nervoso central foi verificado em 1996. Em pesquisa realizada com ratos, estes, quando estavam em jejum, receberam injeções intracerebrais-ventriculares de GLP-1 e seu consumo de alimentos foi observado em intervalos de duas horas, em comparação com outro grupo controle.
Observou-se neste estudo que quanto maior era a concentração de GLP-1 injetada, menor era o consumo de alimentos, que reduzia progressivamente. Além disso, verificou-se também um bloqueio dos efeitos gerados pelo GLP-1 sobre o consumo de alimentos com o uso de exendina, uma antagonista do receptor de GLP-1 no organismo.
Em outro estudo realizado com administração de GLP-1 por seis semanas para pacientes com diabetes tipo 2 mostrou resultados significativos de redução de peso, de controle de apetite e também aumento do tempo de esvaziamento gástrico. Além disto, foi observada uma elevação na sensibilidade da insulina e uma melhora na função das células beta, sem a presença de efeitos colaterais consideráveis.
Todas estas pesquisas sugerem que o GLP-1 tem efeito bastante significativo na redução do consumo de alimentos e, como consequência, este hormônio pode ajudar a emagrecer, possuindo os seguintes modos de ação:
- Estimula a secreção da insulina;
- Melhora a sensibilidade da insulina;
- Ajuda a reduzir a secreção do glucagon;
- Reduz o tempo de esvaziamento gástrico;
- Amplia a eliminação da glicose;
- Reduz o consumo de alimentos, aumentando a saciedade;
- Aumenta a concentração de células beta e mantém a função das mesmas;
O GLP-1 ficou famoso na área de emagrecimento devido ao medicamento Victoza, que é fabricado pelo laboratório Novo Nordisk. Este medicamento foi aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em 2010 e era inicialmente utilizado para tratar pacientes com diabetes tipo 2, ou seja, inicialmente não era aplicado para o emagrecimento.
O Victoza contém uma substância chamada de liraglutida que imita a ação do GLP-1 no organismo, possuindo os mesmos efeitos que este hormônio.
Este medicamento auxilia no controle dos níveis de glicose no sangue, ajudando o pâncreas a trabalhar de forma mais eficiente e liberando a insulina somente quando realmente é necessária, evitando os picos de fome e aumentando a saciedade. Apesar de ser muito usado para o controle da diabetes e para ajudar no emagrecimento, estudos mostram que o GLP-1 atua de forma direta no cérebro, ajudando a melhorar a aprendizagem e a memória, além de criar uma proteção natural contra convulsões e danos neurais.
Em alguns casos, o GLP-1 também foi utilizado em testes para o tratamento de doenças como o Alzheimer e também teve resultados positivos na redução dos sintomas de depressão. É importante saber que este medicamento só deve ser utilizado com a orientação de um profissional da saúde, pois ele pode impactar de forma significativa nos níveis de glicose no sangue, podendo causar alguns efeitos colaterais como dores de estômago, ânsias e até mesmo vômito.
Outra questão importante é que o medicamento deve ser utilizado em conjunto com uma alimentação correta e balanceada, assim como com a prática de exercícios físicos, que combinados, irão ajudar no alcance dos resultados de redução de peso.
Este medicamento é vendido em farmácias somente mediante a apresentação de receita médica e seus valores variam entre R$ 350,00 e R$ 500,00.
Conclusão
O trato gastrointestinal produz muitos hormônios que desempenham diferentes funções no organismo. Estudos mais recentes mostram que existem muitos peptídeos no trato intestinal que funcionam como receptores do Sistema Nervoso Central (SNC), enviando mensagens relacionadas ao controle da fome, ao aumento da saciedade e também ao controle do gasto energético.
O GLP-1 é um destes hormônios e seu efeito sobre a saciedade no sistema nervoso central foi verificado em 1996. Muitas pesquisas sugerem que o GLP-1 tem efeito bastante significativo na redução do consumo de alimentos e, como consequência, este hormônio pode ajudar a emagrecer.