Frutose adicionada a alimentos aumenta risco de doenças, aponta estudo

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A frutose – açúcar das frutas – é adicionado aos alimentos para dar mais sabor e substituir o açúcar refinado. No entanto, a escolha não é a mais saudável. De acordo com um novo estudo, a inclusão deste item pode aumentar o risco de doenças metabólicas, como a diabetes tipo 2.

A pesquisa foi realizada por cientistas brasileiros e canadenses e virou capa da revista Molecular Metabolism. O estudo foi realizado em camundongos e mostrou que o consumo excessivo de frutose adicionada a alimentos que não são frutas pode favorecer o desenvolvimento de doenças metabólicas e até de síndromes hepáticas.

A frutose costuma ser adicionada a alimentos ultraprocessados, justamente com a alegação de ser mais saudável. Mas sem as fibras e outros nutrientes presentes nas frutas, o açúcar natural pode ter efeito contrário ao prometido. “As frutas, de fato, contêm frutose, mas não são a fonte do consumo exagerado se consumidas in natura. O excesso ocorre a partir do açúcar que é adicionado pela indústria a alimentos ultraprocessados e bebidas. O açúcar de mesa também tem muita frutose adicionada”, diz o professor de fisiologia Fernando Forato Anhê, orientador do estudo.

Ele diz também que metade do açúcar de mesa que consumimos é composta por frutose e, dependendo da quantidade consumida, a adição caseira também pode levar aos mecanismos observados no estudo. “Açúcar de cana-de-açúcar ou de xarope de milho também são ricos em frutose. Quando consumimos uma fruta, ingerimos uma boa dose de fibras, que não só tornarão a absorção dos açúcares mais lenta e gradual, mas também terão um efeito importante na saciedade. Em outros preparos, até em sucos, a gente perde esses fatores limitantes e pode passar a consumir em excesso”, pontuou o profissional.

Segundo a pesquisa, a frutose ativa o peptídeo semelhante ao glucagon 2 (GLP-2), aumentando a absorção intestinal de glicose. O mecanismo precede o desenvolvimento de resistência à insulina da diabetes e o acúmulo patológico de gordura no fígado, condições associadas a distúrbios metabólicos graves.

No estudo, os ratos foram separados em um grupo que comia carboidratos de glicose que compunham 70% de sua dieta e em outro grupo que teve a glicose parcialmente substituída por frutose (8,5 % do total da dieta). No segundo grupo, a substituição potencializou a absorção de glicose pelo intestino.

As dietas ricas no açúcar ‘natural’ reprogramaram o intestino, elevando a expressão de transportadores de glicose e expandindo a superfície absortiva. O bloqueio do receptor de GLP-2 reverteu as alterações, mitigando os efeitos negativos no metabolismo hepático.

Este fenômeno, por sua vez, ocorre porque, sem as fibras e vitaminas das frutas, a frutose é rapidamente absorvida, sobrecarregando o fígado e favorecendo o acúmulo de gordura.

“As informações nutricionais que usamos no Brasil não descrevem em detalhes a adição do açúcar derivado das frutas. Isso significa que, mesmo consumindo algo aparentemente saudável podemos estar ingerindo grandes quantidades desse açúcar sem perceber. A frutose pode aparecer na lista de ingredientes com diferentes nomes, como xarope de milho rico em frutose, glicose-frutose, açúcar invertido, maltodextrina e até mesmo mel e melaço. Por isso, ler os rótulos com atenção é essencial para a saúde”, destacou o pesquisador Paulo H. Evangelista-Silva, um dos autores do estudo.

Alguns produtos que têm frutose em excesso: refrigerantes; chás e bebidas esportivas adoçadas, como isotônicos e chás prontos; cereais matinais, granolas adoçadas e barras de cereais; sucos industrializados, como os néctares 100% da fruta; molhos industrializados, como ketchup, barbecue e molhos para salada; biscoitos recheados e doces industrializados; pães e bolos industrializados, como o pão de forma comum, bisnaguinhas e bolos prontos; hambúrgueres e pães de redes fast-food; iogurtes adoçados e sobremesas lácteas; geleias e doces de fruta industrializados.

Este estudo contou com apoio das seguintes agências de fomento: FRQS (Fonds de Recherche du Québec – Santé), Fondation IUCPQ, IUCPQ (Institut Universitaire de Cardiologie et de Pneumologie de Québec) e FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo).

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