Um estudo mediado pela Universidade de Toronto, no Canadá, mostrou que adultos que cresceram em famílias divorciadas apresentam um risco significativamente maior de sofrer um AVC quando mais velhos.

A pesquisa foi publicada na revista científica PLOS ONE e analisou os dados de mais de 13 mil idosos nos Estados Unidos. Foi identificado que idosos com pais que se divorciaram antes dos 18 anos tinham 61% mais chances de sofrer um acidente vascular cerebral (AVC) ao longo da vida.
“É extremamente preocupante que adultos mais velhos que cresceram em famílias divorciadas tenham um risco tão elevado de sofrer um derrame, mesmo após excluirmos fatores como abuso físico e sexual na infância. A magnitude dessa associação é comparável a fatores de risco bem estabelecidos, como sexo masculino e diabetes”, pontuo a cientista social Esme Fuller-Thomson, principal autora do estudo.
Foram analisadas as informações de 13.205 adultos com mais de 65 anos que não relataram ter sofrido abusos físicos ou sexuais durante a infância.
Desse número, aproximadamente 14% passaram por um divórcio parental antes dos 18 anos. Fatores como gênero, condições médicas e histórico emocional também foram levados em consideração no resultado.
Os dados mostraram que os homens apresentam um risco 47% maior de sofrer um AVC do que as mulheres. Já indivíduos com diabetes tiveram um aumento de 37% na probabilidade de desenvolver a doença, enquanto os diagnosticados com depressão tiveram um risco 76% maior. Mesmo assim, após a análise desses fatores, o impacto do divórcio dos pais na infância continuou relevante.
Ademais, outros problemas na infância, como abuso emocional, violência doméstica, encarceramento dos pais, doenças mentais na família ou uso de substâncias pelos responsáveis, não apresentaram uma associação direta com o risco de AVC.
“Isso sugere que o impacto do divórcio parental pode estar relacionado a fatores específicos que ainda precisam ser melhor compreendidos”, explicou Fuller-Thomson.
Mas por que o divórcio pode aumentar o risco de AVC?
O estudo é observacional e não estabelece uma relação de causa e efeito, mas os pesquisadores sugerem algumas hipóteses para explicar a conexão entre o divórcio na infância e o maior risco de AVC na vida adulta.
Acredita-se que o principal fator seja o estresse prolongado. A separação dos pais pode gerar conflitos familiares intensos, mudanças de residência e escolas, além de instabilidade emocional para a criança. O estresse pode ter um impacto duradouro na saúde cardiovascular.
Outro fator que pode contribuir é a pressão alta. De acordo com um estudo de 2022, a separação dos pais antes dos dez anos está associada a taxas mais altas de hipertensão na meia-idade, o que também pode aumentar o risco de AVC.
Os pesquisadores também apontaram a possibilidade de que essa associação possa variar entre diferentes gerações. “Devido às mudanças nas normas sociais, não está claro se os americanos da Geração X ou da Geração Y experimentarão uma ligação semelhante entre divórcio dos pais e derrame, como ficou evidente em nossas amostras das cortes Baby Boom e Geração Silenciosa”, escreveram os autores do estudo.
Mesmo com os resultados promissores, mais pesquisas serão necessárias para investigar como o divórcio pode impactar a saúde das novas gerações.