O exame CEA quantifica a concentração do antígeno carcinoembrionário (CEA) no sangue, uma proteína naturalmente produzida pelas células que recobrem o revestimento gastrointestinal do feto.
A proteína também é produzida na fase adulta, mas em menor quantidade. Porém, a sua concentração no sangue pode aumentar em uma condição de crescimento acelerado de células do sistema digestivo, ou seja, na presença de um tumor.
Níveis elevados de CEA são encontrados em cerca de 65% dos pacientes diagnosticados com câncer colorretal. Por isso, o CEA foi compreendido como um bom marcador tumoral para esse tipo de câncer, indicando, principalmente, metástases ósseas e hepáticas.
Veja para que serve o exame CEA, como ele é feito e como entender seu resultado.
Para que serve o exame CEA?
Por causa de sua baixa especificidade, o exame CEA não é usado como uma ferramenta para diagnóstico precoce e nem para triagem de câncer colorretal.
Isso quer dizer que ele não é usado para diagnosticar o câncer colorretal na população geral, pois gera alta taxa de resultados falso-positivos.
O exame CEA serve, entretanto, como um bom auxiliar no estadiamento do câncer. Ou seja, ele é usado para identificar os aspectos do câncer: sua localização no corpo e o nível de disseminação para outros órgãos (metástase). Essas são informações muito importantes para as decisões terapêuticas.
Níveis aumentados de CEA no sangue de pacientes já diagnosticados com câncer colorretal podem preceder as evidências de metástase nos exames de imagem, o que auxilia o médico ou médica nos ajustes do tratamento.
Se o CEA for detectado em outros fluidos do corpo, como no líquido cefalorraquidiano (líquor), pode ser um indicativo de que o tumor se espalhou para o sistema nervoso central, por exemplo.
Além de ser uma ferramenta de detecção de metástase, o exame CEA serve para monitorar e avaliar a resposta da pessoa ao tratamento de câncer, seja ele quimioterapia, radioterapia ou cirurgia de ressecção do tumor.
Ao acompanhar os níveis da proteína antes, durante e após o tratamento, o médico ou médica consegue avaliar se o tratamento está sendo eficaz e se todo o tumor foi retirado na cirurgia de ressecção tumoral.
Se os níveis diminuem após a cirurgia, significa que a maior parte ou todo o tumor produtor de CEA foi removido com sucesso.
Normalmente, pacientes que fizeram tratamento para câncer colorretal são acompanhados por, pelo menos, 5 anos, para avaliar se o câncer não voltou, o que é chamado de recidiva ou recorrência do câncer. Neste contexto, o exame CEA é repetido a cada 3 ou 6 meses.
Como é feito o exame CEA?
O exame é feito com a coleta de uma amostra de sangue da veia do braço, que é enviada para o laboratório, para dosar a quantidade da proteína CEA.
Não é necessária nenhuma preparação especial para esse exame.
Como entender o resultado do exame CEA?
Os valores referenciais da proteína CEA variam entre os laboratórios, dependendo do método de dosagem utilizado.
Por isso, se o exame for utilizado para monitorar a resposta ao tratamento de câncer, ele deve ser sempre feito no mesmo laboratório.
Há também uma variação no valor considerado “normal” para pessoas fumantes e não fumantes, visto que fumantes podem apresentar valores superiores de CEA no sangue e, mesmo assim, não ser um indicativo de câncer colorretal ou outro problema de saúde.
Para os fumantes, valores de até 5,0 ng/mL são considerados normais e, para não fumantes, considera-se normal a concentração até 3,0 ng/mL.
Existe, também, um limite aceitável do quanto a concentração da proteína pode estar elevada no sangue e não ser considerada um indício de câncer. Quando o resultado do exame CEA supera o padrão normal em cinco vezes, passa-se a considerá-lo um forte indicativo de câncer colorretal, com possível metástase.
Quando o exame é usado com o objetivo de prever recidivas do câncer em pacientes já tratados, são usados valores de CEA mais altos, superiores a 10 mcg/L.
Alterações no exame CEA: outras condições de saúde
Além dos fumantes, que podem apresentar concentrações mais elevadas de CEA no sangue, outras condições de saúde podem causar alterações no exame, ainda que não nos mesmos níveis que o câncer colorretal:
- Outros tipos de câncer: no pâncreas, no fígado, nos pulmões, nas mamas, nos ovários, na tireóide e tumores de cabeça e pescoço.
- Doença inflamatória intestinal
- Úlceras pépticas
- Retocolite ulcerativa
- Doença de Crohn
- Cirrose hepática
- Pancreatite
- Infecções pulmonares
- Enfisema pulmonar
- Pneumonia crônica
- Displasia mamária
Fontes e referências adicionais
- Variações dos valores séricos do CEA, bilirrubinas e aminotransferases em indivíduos oncológicos, Revista Brasileira de Análises Clínicas, 2018; ISSN (online) 2448-3877.
- Blood CEA levels for detecting recurrent colorectal cancer, Cochrane Database of Systematic Reviews, 2015; 12(CD011134) (online).
Fontes e referências adicionais
- Variações dos valores séricos do CEA, bilirrubinas e aminotransferases em indivíduos oncológicos, Revista Brasileira de Análises Clínicas, 2018; ISSN (online) 2448-3877.
- Blood CEA levels for detecting recurrent colorectal cancer, Cochrane Database of Systematic Reviews, 2015; 12(CD011134) (online).