Receios, responsabilidades, preocupações: o dia a dia das pessoas vem ficando cada vez mais cansativo e estressante, o que acaba acarretando no aumento de indisposições físicas, especialmente a dor de cabeça. Não tem como evitar. Será mesmo que não?
Um estudo italiano alega que realizar técnicas de meditação diariamente traz diversos benefícios para o paciente, dentre eles, o alívio para quem sofre de enxaqueca crônica e cefaleia por uso excessivo de medicamentos.
A técnica, de acordo com os pesquisadores, essa é uma excelente opção de terapia complementar no manejo da dor, em equilíbrio com farmacológicos já conhecidos. A partir dessa hipótese, os responsáveis pelo estudo, que são do Instituto Neurológico Carlo Besta, em Milão, na Itália, avaliaram 177 pacientes em dois grupos.
Em um grupo, as pessoas receberam o tratamento usual, com orientações sobre redução dos medicamentos usados em excesso, cuidados de saúde adequados, estilo de vida e uso correto dos remédios.
No segundo grupo, as pessoas receberam as mesmas recomendações, no entanto, associadas à intervenção de práticas de mindfulness. Elas fizeram seis sessões presenciais de meditação em grupo por 90 minutos, uma vez por semana, além da prática individual diária, com uma duração de sete a dez minutos.
O objetivo do método é se concentrar na respiração, reconhecendo os pensamentos, sentimentos e emoções emergentes. Os participantes foram treinados a usar a técnica em casa e instruídos a compartilhar as informações sobre dor de cabeça, aceitar melhor a condição e reconhecer a necessidade de tomar medicamento ou não.
Um ano após o início do estudo, 78,4% dos integrantes do grupo que realizou a meditação teve redução superior a 50% da frequência das crises de cefaleia, contra 48,3% dos que receberam o tratamento padrão, apenas com medicamentos.
Além disso, quem fez o relaxamento diário também teve um ganho de tempo produtivo, melhora na qualidade de vida e redução na ingestão de remédios e nos gastos totais (diretos e indiretos) relacionados à saúde.
Maria Ester Azevedo Massola, coordenadora da Equipe de Medicina Integrativa do Hospital Israelita Albert Einstein, indica que os resultados são importantes para destacar o potencial das práticas de meditação como abordagem complementar nos casos de cefaleia e enxaqueca.
“A redução no consumo de remédios contribui para a prevenção do problema, ao mesmo tempo em que a diminuição do impacto das cefaleias pode promover uma melhoria substancial na capacidade funcional e na qualidade de vida dos pacientes”, diz a profissional.
Massola também reforça que existem outras evidências que sugerem os benefícios da meditação no controle da dor de cabeça, especialmente estudos associados à terapia cognitiva-comportamental (TCC) e mindfulness.
“Este estudo vem contribuir para a crescente base de evidências que apoiam a inclusão de terapias integrativas no tratamento de diversas patologias. Associar sessões de atenção plena como parte do tratamento padrão oferece aos pacientes uma abordagem não farmacológica para gerenciar sua condição, o que é especialmente relevante, considerando os desafios associados ao uso excessivo de medicamentos para a dor de cabeça”, explica.
A coordenadora também ressalta que os pacientes incluíram as técnicas de meditação em seu autocuidado para controlar a dor, o que proporciona maior autonomia.
“A atenção plena, caracterizada pela prática de prestar atenção ao momento presente sem julgamentos, capacita os pacientes a desenvolver habilidades para lidar de maneira mais eficaz com a dor e o estresse, resultando na diminuição da frequência e intensidade das crises. Além disso, esta abordagem oferece ferramentas que promovem uma maior consciência corporal, ajudando o paciente a identificar sinais precoces da dor de cabeça e a tomar medidas preventivas antes que a dor se intensifique”, aponta, por fim.
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