Rechear a dieta com alimentos que fazem bem para o fígado é algo bem importante, já que o órgão é essencial para a vida humana. A sua principal função é a de filtrar o sangue com nutrientes que vem do trato digestivo, antes de passá-lo ao restante do corpo, entre outras funções do fígado importantes.
Assim como existem os bons alimentos para o órgão, existem os alimentos ruins para o fígado. Portanto, não é arriscado dizer que a dieta exerce uma importante influência na saúde do órgão. Mas você já parou para pensar em como o jejum intermitente pode afetar o fígado?
Pesquisadores australianos da Universidade de Sidney se propuseram a fazer isso: liderados pelo PhD em bioquímica Mark Larance, conduziram experimentos para entender como o jejum intermitente pode atuar no fígado ajudando a prevenir o desenvolvimento de doenças.
Segundo Larance, eles já sabiam que o jejum pode funcionar como uma intervenção eficiente para tratar doenças e melhorar a saúde do fígado. “Mas nós não sabíamos como o jejum reprograma as proteínas hepáticas, que performam uma variedade de funções metabólicas”, completou o pesquisador.
A equipe observou um impacto inesperado no metabolismo dos ácidos graxos e um papel surpreendente executado por um importante regulador proteico, que controla uma série de vias biológicas no fígado e em outros órgãos.
Mais especificamente, eles demonstraram que a proteína HNF4-(alfa) é inibida durante o jejum intermitente, o que tem como resultado a diminuição da abundância de proteínas sanguíneas na inflamação ou afetando a síntese da bile, explicou Larance.
“O que é muito animador é que esse novo conhecimento sobre o papel da HNF4-(alfa) significa que poderia ser possível simular os efeitos do jejum intermitente através do desenvolvimento de reguladores de HNF4-(alfa) específicos do fígado”, comemorou o PhD em bioquímica.
A mudança no metabolismo dos ácidos graxos provocada pelo jejum em dias alternados, que foi observada pelos pesquisadores australianos, pode se traduzir em melhorias na tolerância à glicose e na regulação da diabetes.
O estudo foi publicado em março de 2020 na revista acadêmica Cell Reports (Relatórios Celulares, tradução livre) e usou uma tecnologia que considera diversos conjuntos de dados, como a coleção total de proteínas e genes, permitindo a integração de montantes elevados de informação para que sejam descobertas novas associações entre os sistemas biológicos.
Segundo Larance, os dados obtidos na pesquisa poderão ser usados em estudos futuros para determinar quais são os períodos ideais de jejum para regular a resposta a proteínas no fígado. “Usando os dados dos ratos, agora nós podemos desenvolver modelos aprimorados de jejum para uma melhor saúde humana”, previu o PhD em bioquímica.
Portanto, é necessário ter muita cautela e consultar o médico antes de dar início a um jejum intermitente mais radical como o de dias alternados, em que se fica um dia sem comer praticamente nada – até porque podem haver contraindicações.
A pesquisa australiana foi realizada em colaboração com o Instituto de Pesquisa do Coração da Austrália e com o cardiologista e professor adjunto da Faculdade de Medicina e Saúde da Universidade de Sidney, John O’Sullivan.
Fontes e Referências Adicionais:
- https://www.webmd.com/digestive-disorders/picture-of-the-liver#1
- https://www.health.harvard.edu/heart-health/not-so-fast-pros-and-cons-of-the-newest-diet-trend
- https://www.sydney.edu.au/news-opinion/news/2020/03/11/how-intermittent-fasting-changes-liver-enzymes-and-helps-prevent.html
- https://www.cell.com/cell-reports/fulltext/S2211-1247(20)30212-6?_returnURL=https%3A%2F%2Flinkinghub.elsevier.com%2Fretrieve%2Fpii%2FS2211124720302126%3Fshowall%3Dtrue