Em certa medida, o estresse é até considerado normal, já que a sua ausência indica que o corpo está pouco estimulado. Entretanto, o estresse muito intenso ou prolongado faz com que o corpo libere hormônios relacionados ao estresse durante um longo período.
Isso faz com que o risco de desenvolvimento de problemas físicos como dores de cabeça, perturbações estomacais, ataque cardíaco e acidente vascular cerebral aumente. Como se não bastasse, o estresse também gera problemas de ordem psicológica como sensações de descrédito, raiva e medo.
A condição também está associada ao desenvolvimento de distúrbios de ansiedade e depressão. Mas não é somente isso –o estresse em longo prazo pode causar danos ao sistema imunológico.
Além disso, uma pesquisa realizada por cientistas dos Estados Unidos e do Canadá, sugeriu que a condição aumenta as chances de desenvolvimento de infecções virais.
Já um estudo feito por um pesquisador de Londres indicou que o estresse eleva o risco de desenvolvimento da síndrome metabólica, um conjunto de fatores de risco que se manifestam em uma pessoa e aumentam as suas chances de sofrer com doenças cardíacas, derrames e diabetes.
É verdade que o estresse aumenta a glicose no sangue?
Por que é importante saber se o estresse aumenta a glicose no sangue? Bastante conhecida por sua associação com a diabetes, a hiperglicemia, também chamada de níveis altos de açúcar no sangue, pode provocar problemas graves para a saúde.
O descontrole da hiperglicemia por muito tempo pode gerar complicações como doença no coração, ataque no coração, acidente vascular cerebral (AVC), dano nos rins, dano nos nervos, dano nos olhos e problemas de pele.
Há ainda a chamada síndrome hiperglicêmica hiperosmolar não cetótica, que costuma atingir pessoas idosas e pode provocar desidratação, coma e até a morte.
De acordo com informações da Associação Americana de Diabetes, nos casos em que os hormônios do estresse, que foram criados para lidar com perigos de curto prazo, permanecem ativados por muito tempo, podem ocorrer níveis elevados de glicose no sangue a longo prazo.
A organização afirmou também que os hormônios do estresse podem alterar diretamente as taxas de glicose no sangue nas pessoas que sofrem com a diabetes e que os efeitos do estresse nos níveis sanguíneos de glicose já foram estudados tanto em animais quanto em pessoas com diabetes.
Segundo a associação, ratos diabéticos sob estresse físico ou mental têm níveis elevados de glicose, enquanto nas pessoas com a diabetes do tipo 1 os efeitos são variados, já que algumas têm os seus níveis de glicose aumentado na presença do estresse mental, enquanto outras têm as suas taxas diminuídas.
Já para as pessoas com a diabetes do tipo 2, o estresse mental geralmente aumenta os níveis de glicose no sangue, completou a Associação Americana de Diabetes, que também informou que o estresse físico, como uma doença ou lesão, provoca taxas maiores de glicose no sangue para pessoas com qualquer um dos tipos de diabetes.
O estresse aumenta a glicose no sangue porque bloqueia a liberação de insulina por parte do corpo, o que faz com que a glicose se acumule no sangue. Se uma pessoa permanece estressada por muito tempo, os níveis de açúcar no sangue continuarão a se acumular.
Em artigo publicado no site da Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), a médica endocrinologista Bibiana Prada de Camargo Colenci explicou por qual mecanismo o estresse afeta os níveis de glicose no sangue.
“Quando o estresse aparece, seu corpo se prepara para ‘atacar-ou-correr’. Esta reação desencadeia a liberação de níveis elevados de diversos hormônios que servem para mobilizar uma grande quantidade de energia que está estocada na forma de açúcar e gordura e devem ir até as células para que o corpo reaja ao perigo”, esclareceu a endocrinologista.
“Porém, em diabéticos, esta resposta ‘atacar-ou-correr’ não funciona bem, pois a insulina não consegue levar esta energia extra para dentro das células. E a glicose sobe no sangue. Desta forma, os hormônios de estresse podem alterar diretamente sua glicemia, impedindo seu corpo de produzir insulina ou mesmo utilizá-la adequadamente”, completou a Dra. Colenci.
Efeitos indiretos do estresse na glicemia dos diabéticos
Também é possível afirmar que o estresse aumenta a glicose no sangue de diabéticos de maneira indireta, porque como a Associação Americana do Coração destacou, os diabéticos sob estresse podem não cuidar bem de si mesmos, consumindo mais bebidas alcoólicas, praticando menos exercícios físicos, não conseguindo fazer boas refeições (focadas no controle da glicemia) e não checando os seus níveis de glicose no sangue.
Todos esses descuidos favorecem o aumento das taxas sanguíneas de glicose.
A relação entre o estresse e o desenvolvimento da diabetes
Em estudo sobre a associação entre o estresse e o início da diabetes, publicado no Journal of Internal Medicine (Jornal de Medicina Interna, tradução livre), pesquisadores da Dinamarca avaliaram 7.066 homens em mulheres por períodos de dois anos, em média.
Eles concluíram que o grupo dos homens que se apresentavam como mais estressados tinha duas vezes mais diabetes do que os menos estressados, enquanto para as mulheres, o fato de ter ou não ter o estresse não elevou o risco de ter a doença. O grupo dos participantes estressados do estudo também contava com mais tabagistas, sedentários e usuários de bebidas alcoólicas.
O estresse crônico aumenta os níveis do hormônio cortisol, o que pode favorecer o aumento da gordura abdominal, algo que, por sua vez, eleva o risco do desenvolvimento de diabetes.
O comportamento de uma pessoa em relação ao estresse também pode influenciar os seus riscos de desenvolver a diabetes. Existe uma clara relação entre o estresse emocional e hábitos de vida ruins, como alimentação errada (mais comida ou comida de qualidade ruim), sedentarismo, cigarro e alcoolismo. Os estudos indicam um caminho em comum: aquelas pessoas com altos níveis de estresse também desenvolvem hábitos comportamentais danosos, que somados, aumentam o risco de uma pessoa desenvolver diabetes.
Porém, embora o estresse crônico, que é mantido por muito tempo, possa estar associado ao desenvolvimento da diabetes, o estresse mais agudo (que passa mais rápida) não tem uma relação clara com a doença.
O importante é que a diabetes apresenta várias causas, e o conjunto destas causas é que vai determinar se uma pessoa irá desenvolver a doença ou não. Sedentarismo, obesidade, aumento de gordura abdominal, erros alimentares e estresse por longos períodos podem levar ao diabetes.
Como combater? Melhorando qualidade de vida e tendo acompanhamento profissional adequado para identificar e tratar o estresse, seja com seu clínico geral, psicólogo ou terapeuta. A prevenção é de longe o melhor remédio.
Vídeo:
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