Saúde

Dieta rica em ultraprocessados é associada a risco 58% maior de depressão, diz estudo

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Equipe MundoBoaForma

Um estudo brasileiro realizado pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) mostrou que uma dieta baseada em alimentos ultraprocessados aumenta em 58% o risco de depressão.

A pesquisa envolveu mais de 14 mil pessoas, com dados coletados ao longo de oito anos, e teve o apoio do Laboratório de Fisiopatologia no Envelhecimento (Gerolab), que investiga o envelhecimento e as doenças crônico-degenerativas associadas. Os achados também foram feitos por profissionais do Instituto de Psiquiatria (IPq) e da Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP.

Os cientistas separaram três períodos de avaliação (ondas): 2008 a 2010, 2012 a 2014 e 2017 a 2019. Dentre os 13.870 participantes anteriormente livres da doença, o grupo que consumia alimentos não processados ou minimamente processados não apresentou depressão em nenhuma das ondas avaliadas.

O estudo contou também com a colaboração de pesquisadoras da Faculdade de Saúde Pública (FSP) e do cientista brasileiro Carlos Monteiro, responsável pela primeira classificação dos alimentos ultraprocessados. O sistema, adotado globalmente, divide os alimentos em quatro categorias: in natura ou minimamente processados; ingredientes culinários processados; alimentos processados; e ultraprocessados, que incluem aditivos como corantes e emulsificantes.

Na pesquisa, os primeiros dois grupos foram combinados, pois seus ingredientes são frequentemente utilizados na preparação de alimentos naturais.

Já para medir a depressão nos voluntários, foi utilizado o Clinical Interview Schedule-Revised (CIS-R), método de entrevista validada para identificar sintomas psiquiátricos. O CIS-R avalia cinco aspectos principais: fadiga, dificuldades de concentração ou memória, distúrbios do sono, depressão e ideias depressivas.

Esses dados coletados foram comparados com as respostas de um questionário de frequência alimentar, que avalia padrões alimentares no período de um ano com base em 114 itens.

Em seguida, foi realizada uma análise que informa o risco do indivíduo desenvolver a depressão ou não, de acordo com seus hábitos. “Aqueles que consumiam mais ultraprocessados no início do estudo apresentaram um risco 30% maior de desenvolver o primeiro episódio de depressão. O que comemos não tem impacto apenas sobre o intestino, mas sobre o perfil de nutrientes que o sangue fornece para as células”, pontuou a Dra. Naomi Ferreira, pós-doutoranda da FMUSP.

Os que registraram maior consumo de ultraprocessados no início do estudo tiveram mais diagnósticos nas outras avaliações: em relação ao grupo 1, o risco de depressão persistente dos integrantes do grupo 2 foi 30% maior; o risco do grupo 3 foi 39% maior, e com relação ao grupo 4, o risco foi 58% maior.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a depressão afeta quase 6% da população brasileira, o que corresponde a cerca de 12 milhões de pessoas. No mundo, são mais de 300 milhões de diagnósticos.

O tratamento envolve medicação e terapia, além da adoção de hábitos saudáveis, como uma boa alimentação, prática de exercícios físicos, sono equilibrado e outros métodos, como meditação.

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