Em alguns casos, as redes sociais podem ser úteis, já em outros, elas podem ser perigosas. Um exemplo é a nova tendência que prega que pegar sol pode suavizar ou até mesmo eliminar as marcas causadas pela acne. A nova moda preocupa profissionais de saúde do mundo todo.
Isso porque apesar das suas promessas, a prática pode trazer diversos riscos à saúde. A exposição excessiva e desprotegida ao sol é capaz de gerar consequências a curto e longo prazo.
“A exposição solar em uma pele com acne inflamatória pode gerar o que chamamos de hiperpigmentação pós-inflamatória. Isso é, depois que a lesão da acne e a inflamação se resolvem, a mancha se mantém”, explicou a dermatologista Barbara Salgado, da clínica Luciana Hitomi, ao jornal O Globo.
“Isso, muitas vezes, é mais demorado e difícil de tratar do que a própria lesão de acne em si”, acrescentou a especialista. Veja também: Acne pode matar? Especialistas explicam porque isso ocorre e os melhores tratamentos.
Outro prejuízo que a exposição excessiva ao sol pode causar é a chamada acne solar, mesmo que a pessoa não tenha o problema pré-existente.
A médica até pontuou que existem tratamentos que envolvem o uso de luz, mas esses métodos devem ser realizados somente sob supervisão médica.
“Talvez essa trend possa ter um fundamento, porque a luz azul, que é uma luz visível, e tem um comprimento de onda isolado e específico, tem uma ação antiacne. Mas, esse tratamento deve ser feito em consultório, com orientação médica, através de dispositivos de LED por exemplo, para que realmente só esse comprimento de onda atue”, alertou a profissional.
Ela continuou: “Os raios ultravioletas presentes na luz do sol, além de mancharem a pele, são aqueles envolvidos no surgimento de câncer de pele. Então, do ponto de vista dermatológico, essa trend é, sim, irresponsável e nociva. Existem outros meios eficazes e seguros de eliminarem as espinhas”.
O dermatologista Victor Bechara completou as informações. A sua fala nos lembra que o bronzeamento tem sido usado indevidamente em uma tentativa de melhorar condições de pele, como a acne.
“Sabemos dos malefícios das radiações UV (ultravioleta) tanto A quanto B para a nossa pele como inflamação, envelhecimento, degradação do colágeno e elastina, manchas e até mesmo câncer de pele. Para acne, não consideramos benéfico tomar sol em excesso pelo risco de gerar mais inflamação, piorar o quadro de acne e até mesmo manchas e queimaduras solares”, concluiu.
A dermatologista Juliana Piquet reforçou que a ideia pode trazer mais problemas do que soluções. “De fato, pode haver um efeito inicial e percepção de melhora, pois, o sol pode suavizar a aparência da acne, uma vez que a exposição aos raios UVB pode ter um efeito anti-inflamatório temporário, reduzindo a vermelhidão das lesões”, afirmou.
“Além disso, o bronzeamento superficial pode disfarçar as marcas e manchas, criando uma ilusão de pele mais uniforme”, analisou.
Essa sensação de alívio, no entanto, é passageira: “A exposição solar é um fator que contribui para a inflamação da pele a longo prazo. Os raios UVB, que inicialmente podem reduzir a inflamação, acabam por desencadear um processo inflamatório prolongado. Esse efeito rebote pode piorar a acne, causando novas lesões e tornando as existentes mais difíceis de tratar”.
A exposição ao sol pode levar à hipercromia pós-inflamatória. “O trauma da acne, combinado com a exposição solar, pode resultar em manchas escuras persistentes na pele. Isso ocorre porque os raios UV estimulam a produção de melanina na área inflamada, agravando as manchas e prolongando o tempo necessário para que a pele volte ao normal”, esclareceu.
O sol também pode causar o espessamento da pele, que é um mecanismo natural de defesa contra a radiação UV. “Esse espessamento pode obstruir os poros, criando um ambiente ideal para o desenvolvimento de novas espinhas. Além disso, a pele mais espessa pode dar uma falsa impressão de que a acne melhorou, quando, na verdade, está apenas ‘escondida’ sob camadas mais grossas de pele”, descreveu Juliana.
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