A gravidez é um período da vida da mulher que vem acompanhado de muitas dúvidas e recomendações na dieta. As novas mamães que não vivem sem um café, por exemplo, podem se perguntar se o consumo de café na gravidez faz mal para o desenvolvimento do bebê.
Para esclarecer essa dúvida, vamos discutir quais são os efeitos do café no organismo durante a gravidez e mostrar com base em estudos científicos se o café na gravidez faz mal ou não.
Cada vez mais estudos comprovam que o consumo moderado de café pode trazer diversos benefícios para a saúde em geral. Além de melhorar o estado de alerta, esses estudos indicam que a ingestão da bebida pode aumentar os níveis de energia, estimular funções cognitivas como a memória e a concentração e até atuar na prevenção de doenças degenerativas como o mal de Alzheimer e o mal de Parkinson.
Mas e na gravidez? Será que o excesso de cafeína pode fazer mal para o feto em desenvolvimento?
Pesquisas mostram que a cafeína é capaz de atravessar a placenta e isso pode ou não afetar o feto em desenvolvimento, dependendo da quantidade da substância que é ingerida.
De acordo com a Dra. Gersh, obstetra e ginecologista americana diretora do Integrative Medical Group of Irvine nos EUA, é interessante evitar o consumo de café na gravidez, mas quantidades moderadas em pequenas porções não causam impacto negativo no feto.
Apesar de não fazer mal em baixas quantidades, a cafeína pode causar alguns efeitos indesejados que podem prejudicar a grávida e seu bebê, principalmente quando a ingestão é exagerada. Alguns desses efeitos são descritos abaixo:
– Efeito estimulante
A cafeína é um composto estimulante que pode aumentar a pressão arterial e elevar a frequência cardíaca, o que pode ser perigoso durante a gestação.
– Ação diurética
Por ser diurética, a substância pode aumentar a frequência de micção, que já é mais alta durante a gravidez, podendo aumentar os riscos de desidratação.
– Alterações no comportamento do feto
Como já mencionado, a cafeína pode atravessar a placenta, já que a substância é capaz de passar pelas membranas do corpo, chegando em praticamente qualquer tecido do nosso organismo, incluindo o interior da placenta. Isso pode ser preocupante, já que o metabolismo do bebê ainda está em desenvolvimento e não é capaz de metabolizar totalmente a cafeína que chega até ele.
Assim, o excesso de cafeína pode alterar o padrão do sono do feto ou os movimentos do bebê nos estágios finais da gravidez, o que pode inclusive prejudicar o trabalho de parto.
– Influência no peso do bebê
Segundo a Dra. Gersh, beber café em excesso durante a gestação pode resultar em um bebê com peso baixo ao nascer, o que é muito perigoso para a saúde da criança que acaba de chegar ao mundo.
Além disso, ela afirma que beber 5 ou mais xícaras por dia de café na gravidez faz mal porque pode fazer com que o bebê ganhe mais gordura corporal durante os primeiros 6 anos de vida, o que resulta em maior índice de massa corporal (IMC) e risco maior de desenvolver obesidade.
– Problemas de desenvolvimento e risco de aborto
Alguns estudos também indicam que a cafeína pode impactar de modo negativo o desenvolvimento do cérebro do bebê e que a ingestão exagerada de cafeína no início da gravidez pode aumentar as taxas de aborto espontâneo.
Além disso, a cafeína também pode acelerar o ritmo cardíaco do bebê, causando problemas como arritmia cardíaca.
Apesar de raro, também pode acontecer de o bebê ficar viciado na substância se a mãe consumir cafeína em grande excesso durante a gravidez, o que causará sintomas de abstinência na criança após o nascimento.
Apesar de preocupantes, esses problemas podem ser evitados ao limitar a ingestão de cafeína durante a gestação.
Atualmente, a Organização Mundial de Saúde indica a ingestão de até 300 mg de cafeína por dia. Porém, em alguns países como a Inglaterra e os Estados Unidos, a dose diária recomendada de cafeína durante a gestação é de no máximo 200 miligramas. Isso equivale, por exemplo, a um dos itens abaixo:
Para facilitar a contabilização de cafeína ingerida por dia, preparamos uma lista com a quantidade aproximada de cafeína presente em alguns alimentos e bebidas:
Quando o café é preparado em casa ou em uma padaria, ele pode ser forte demais e conter mais cafeína por porção do que o informado no rótulo. Assim, tome cuidado com a quantidade de grãos ou pó de café usada ao preparar sua bebida.
Para entender melhor como o excesso de café na gravidez faz mal, vamos analisar alguns estudos científicos publicados sobre o assunto.
– Estudo norueguês
Existe um estudo norueguês muito famoso publicado em 2013 sobre o consumo de cafeína por mulheres grávidas que é o maior estudo realizado até hoje sobre o impacto da substância na saúde do feto. Tal estudo envolveu mais de 59 mil mulheres grávidas ao longo de 10 anos de coleta de dados.
Os resultados indicaram que a cafeína pode aumentar o risco de o bebê nascer menor do que a média e prejudicar o ganho de peso da criança após o nascimento. Eles também constataram neste estudo que a cafeína pode prolongar um pouco a duração da gravidez.
Os cientistas envolvidos no estudo analisaram todas as fontes de cafeína ingeridas pelas grávidas, contabilizando não só o café, mas também o consumo de chá, chocolate, refrigerante e sobremesas contendo chocolate. Também foram considerados outros fatores como o hábito de fumar e condições de saúde pré-existentes.
Apesar de avaliar outros fatores além do consumo de cafeína, não é possível provar uma relação direta entre a ingestão da substância e o baixo peso dos bebês no nascimento, pois é muito difícil quantificar a influência de outros fatores como os hábitos diários das gestantes e suas condições de saúde.
As gestantes que participaram do estudo foram orientadas a montar um diário alimentar contendo a quantificação da ingestão de alimentos e bebidas que contém cafeína. O consumo diário de 0 a 49 miligramas da substância foi considerado baixo. O consumo entre 50 e 199 miligramas foi considerada médio. A ingestão entre 200 e 299 miligramas de cafeína foi considerada alta e o consumo maior que 300 miligramas foi considerado como muito alto.
Além disso, fatores como peso e altura do bebê após o nascimento foram medidos 11 vezes a partir da sexta semana de vida até os 8 anos de idade.
Com base nesses dados, foi constatado a longo prazo um crescimento excessivo e mais rápido das crianças cujas mães consumiam quantidades médias, altas e muito altas de cafeína. Além do crescimento, a exposição à cafeína em qualquer quantidade foi associada ao excesso de peso das crianças durante os primeiros anos de vida entre 3 e 5 anos de idade. No entanto, após atingirem os 8 anos de idade, só continuaram obesas as crianças cujas mais ingeriram quantidades muito altas de cafeína durante a gestação.
Apesar desses resultados, muitos pesquisadores como Gino Pecoraro, renomado obstetra e ginecologista australiano e Clovis Palmer, também australiano e pesquisador na Universidade Monash na Austrália, concordam que é preciso levar em conta que grande parte das mulheres envolvidas em estudos desse tipo que consomem muita cafeína também costumam apresentar problemas como obesidade e manter hábitos inadequados como fumar e ter uma dieta pobre em nutrientes.
– Outros estudos
Um estudo mais recente publicado em 2017 afirma que o consumo de até 300 miligramas de cafeína por dia é aceitável, desde que as gestantes sejam saudáveis. Isso significa que o café pode ser consumido com moderação desde que a grávida não fume e mantenha bons hábitos de alimentação e de atividades físicas durante a gravidez.
Além disso, para a nutricionista Melanie McGrice, especialista em fertilidade e gravidez, algumas mulheres desenvolvem uma certa aversão ao café durante a gestação, o que já ajuda a diminuir a ingestão. Ela também acredita que as futuras mamães que tomam grandes quantidades de café (cerca de 8 xícaras ao dia, por exemplo) já podem se beneficiar ao cortar 3 dessas xícaras da rotina diária.
É importante ter em mente que a falta de cafeína pode causar um estresse desnecessário na gestação de quem está habituado com a bebida diariamente. Assim, vale apostar na moderação do consumo da bebida, já que a redução por total do consumo pode fazer mais mal do que bem nesses casos.
Também existem estudos que indicam que beber grandes quantidades de cafeína pode aumentar o risco de aborto espontâneo, parto prematuro e de defeitos congênitos no bebê. No entanto, grande parte dessas pesquisas foram realizadas em animais e ainda não há dados conclusivos sobre seres humanos.
Como você já deve ter suspeitado, a palavra-chave no consumo de café na gravidez é a moderação. Os estudos na área indicam que mulheres que ingerem entre 50 e 200 miligramas de cafeína por dia não apresentam problemas durante a gravidez e nem prejudicam o desenvolvimento do bebê.
Assim, se você está esperando um bebê, o ideal é que você limite a ingestão de cafeína, ficando sempre abaixo dos 200 miligramas diários.
Também é importante lembrar que é preciso ficar atenta ao consumo de outros alimentos. Não adianta limitar a ingestão de café sem tomar cuidado com outros alimentos que contêm cafeína. Isso inclui diversos tipos de chás, chocolates, refrigerantes, bebidas energéticas, analgésicos e medicamentos para gripes e resfriados.
Algumas dicas que facilitam a redução do consumo de cafeína durante a gravidez incluem o aumento da ingestão de água ou de frutas. Também é possível optar por tipos de chá e café descafeinados.
1. Atenção com a sua relação com a cafeína
Algumas pessoas ficam ansiosas ou nervosas se não tomam seu café matinal. Outras apresentam o efeito contrário, ficam ansiosas e com sintomas como palpitações, pressão alta, suor excessivo e níveis altos de açúcar no sangue. Assim, você precisa observar qual o efeito que a cafeína produzia no seu corpo antes da gravidez para entender se para você o café faz mal na gravidez.
Se ao tomar café você apresenta esses sintomas desagradáveis, vale a pena limitar ao máximo a ingestão para evitar estresse desnecessário na gestação. Agora, se você realmente necessita daquela dose de café para passar o dia bem, tome a bebida com moderação.
2. Cuidados com a alimentação
Durante a gravidez, é importante ter uma dieta altamente nutritiva e balanceada. Ao obter os nutrientes necessários, é provável que você se sinta com bastante energia e não precise mais daquela dose extra de cafeína para ter mais energia para finalizar as tarefas do dia. Além disso, o feto necessita de vitaminas e minerais para o bom desenvolvimento e para evitar a ocorrência de defeitos congênitos.
O vídeo a seguir também traz informações valiosas sobre o café. Não deixe de conferir!
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