Bupropiona: para que serve, como tomar e efeitos colaterais

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A bupropiona é um antidepressivo que pode ser encontrado em comprimidos de 150 mg ou 300 mg. Normalmente, eles são vendidos sob os nomes comerciais de Zyban, Wellbutrin, Zetron ou Bup, ou ainda como o genérico “cloridrato de bupropiona”. 

O uso do medicamento é permitido apenas com a apresentação da prescrição médica e com a retenção da receita pela farmácia. 

Confira mais detalhadamente a seguir para que serve bupropiona, como tomar o remédio e quais são os seus possíveis efeitos colaterais. 

Bupropiona: Para que serve? 

Bupropiona
Reprodução: via Eurofarma

A bula de bupropiona descreve que o remédio é utilizado para tratar o transtorno depressivo maior (TDM). Além disso, o medicamento também pode ser usado para ajudar a parar de fumar.

Assim como ocorre com muitos antidepressivos, o funcionamento exato da bupropiona é desconhecido. No entanto, presume-se que ele interaja com substâncias químicas no cérebro (neurotransmissores) relacionadas à depressão, chamadas noradrenalina e dopamina. 

Pode levar algum tempo para que o paciente sinta-se melhor durante o tratamento com o remédio. Em alguns casos, pode demorar semanas ou meses até que o medicamento faça efeito completamente. 

Além disso, quando a pessoa começar a se sentir melhor, é possível que o médico oriente-a a continuar tomando o cloridrato de bupropiona como forma de prevenir o retorno da depressão. 

Como tomar a bupropiona

Assim como ocorre com todo medicamento, especialmente os antidepressivos, o remédio deve ser usado com cautela e acompanhamento médico. Portanto, é essencial seguir as orientações médicas a respeito de como tomar a bupropiona..

Recomenda-se engolir o comprimido de bupropiona inteiro, com um pouco de água. Por falar nele, esse comprimido nunca deve ser quebrado, esmagado, triturado ou mastigado. 

Quando esquecer de tomar uma dose do remédio, o paciente deve apenas esperar e ingerir a próxima dose normalmente no horário habitual, sem a necessidade de dobrar a dose para compensar a que foi esquecida. 

Antes de iniciar o tratamento com bupropiona, é importante informar o médico ou médica sobre qualquer outro medicamento que esteja sendo usado, pois alguns podem fazer mal quando utilizados ao mesmo tempo em que a bupropiona.

Para o tratamento do transtorno depressivo maior, a dose que geralmente se recomenda para a maioria dos adultos é de um comprimido de 150 mg por dia.

Se achar necessário, o médico pode aumentar essa para 300 mg ou dois comprimidos por dia (que é a dose máxima diária de cloridrato de bupropiona), dividida em duas doses de 150 mg, caso a depressão não apresente melhoras após várias semanas de tratamento.

Entretanto, o paciente não deve tomar mais que um comprimido de uma vez e as doses devem ser ingeridas com no mínimo oito horas de intervalo entre elas.

Além disso, o médico pode alterar a dose se a pessoa tiver problemas nos rins ou no fígado e/ou mais de 65 anos.

O medicamento não deve ser tomado perto da hora de deitar-se, pois pode causar problemas para dormir.

Já para os pacientes em tratamento para deixar de fumar, as dosagens e demais instruções referentes à bupropiona são diferentes, devendo ser definidas e orientadas pelo médico responsável.

Possíveis efeitos colaterais da bupropiona

Dor de cabeça
A dor de cabeça é um possível efeito colateral do consumo da bupropiona

Além de saber para que serve bupropiona e entender como tomar o remédio, é importante conhecer quais efeitos colaterais o medicamento pode causar em algumas pessoas.

Por exemplo, as reações muito comuns do remédio, ou seja, que ocorrem em 10% ou mais dos pacientes, incluem:

  • Insônia
  • Dores de cabeça
  • Boca seca
  • Enjoo
  • Vômito

Já as reações comuns da bupropiona, que ocorrem entre 1% e 10% dos pacientes, são:

  • Reações alérgicas: placas vermelhas pelo corpo, bolhas ou urticária (coceira) na pele. Algumas reações alérgicas desse tipo podem precisar de tratamento hospitalar, principalmente se houver dor na garganta ou nos olhos
  • Febre
  • Tontura
  • Suor excessivo
  • Calafrios
  • Tremores
  • Fraqueza
  • Cansaço
  • Dor no peito
  • Sensação de ansiedade
  • Agitação
  • Dor abdominal
  • Constipação (prisão de ventre)
  • Sensação de mudança no gosto da comida
  • Perda de apetite
  • Aumento da pressão sanguínea (que, por vezes, pode ser severa)
  • Rubor (vermelhidão)
  • Zumbido no ouvido
  • Alterações visuais

Há ainda as reações incomuns, que ocorrem entre 0,1% e 1% dos pacientes, e abrangem:

  • Perda de peso
  • Depressão
  • Confusão
  • Dificuldade de concentração
  • Batimento cardíaco acelerado

Há casos em que a bupropiona pode aumentar ou piorar sintomas de depressão ou ansiedade pré-existentes em algumas pessoas, principalmente em adultos jovens, mesmo em doses terapêuticas, uma vez que isso varia de pessoa para pessoa.

Caso o paciente apresente qualquer reação adversa ao remédio, especialmente sintomas como alterações de humor ou comportamento, ataques de pânico, dificuldade para dormir, impulsividade, irritação, agressividade, agitação ou pensamentos suicidas, é importante comunicar imediatamente ao médico ou médica responsável pelo tratamento.

Para conhecer a lista completa de possíveis efeitos colaterais do medicamento, leia a bula de bupropiona.

Quem não deve tomar a bupropiona e outros cuidados

Bupropiona é contraindicado para:

  • Alérgicos a bupropiona ou a qualquer outro componente do medicamento
  • Quem está tomando outros medicamentos que contenham bupropiona
  • Pessoas que têm menos de 18 anos
  • Pacientes que receberam diagnóstico de epilepsia ou outros transtornos convulsivos
  • Quem tem ou já teve algum distúrbio de alimentação (por exemplo, bulimia ou anorexia)
  • Usuários crônicos de álcool que pararam de beber há pouco tempo ou estão tentando parar
  • Pessoas que pararam recentemente de usar tranquilizantes ou sedativos ou vão parar de tomá-los enquanto usam o cloridrato de bupropiona
  • Pacientes que estão tomando ou tomaram nos últimos 14 dias outros medicamentos para depressão ou doença de Parkinson, chamados inibidores da MAO

Recomenda-se que mães que estão em tratamento com o cloridrato de bupropiona não amamentem. Já as gestantes, mulheres que pensam que podem estar grávidas ou estão planejando engravidar não devem tomar bupropiona sem falar sobre isso com o seu médico.

A utilização de bupropiona também exige cuidados em pacientes com pressão alta e transtorno bipolar (oscilações extremas de humor).

Ao longo do tratamento, o paciente não deve dirigir veículos ou operar máquinas, pois a sua habilidade e atenção podem estar prejudicadas. Além disso, é importante conversar com o médico sobre o consumo de bebidas alcoólicas durante o uso do remédio.

Pode haver risco maior que o normal de efeitos colaterais para os pacientes que:

  • Tomam certos medicamentos para depressão ou outros problemas psiquiátricos, como desipramina ou inibidores seletivos da recaptação da serotonina (SSRIs)
  • Tomar medicamentos para tratar Doença de Parkinson, como levodopa, amantadina ou orfenadrina
  • Tomam medicamentos para epilepsia, como carbamazepina, fenitoína, fenobarbital
  • Tomam ciclofosfamida, ifosfamida ou tamoxifeno, normalmente usadas para tratar câncer
  • Tomam medicamentos para tratar problemas cardíacos ou infarto, como ticlopidina ou clopidogrel
  • Tomam alguns tipos de betabloqueadores (medicamento para controlar a pressão arterial)
  • Tomam medicamentos para arritmia cardíaca
  • Tomam ritonavir ou efavirenz, medicamentos para HIV
  • Usam adesivos de nicotina para parar de fumar

Pessoas deprimidas podem ter pensamentos de autoagressão ou suicídio, que podem aumentar no início do tratamento com antidepressivos, pois esses medicamentos necessitam de tempo para fazer efeito.

Quem já teve anteriormente pensamentos de autoagressão ou suicídio e/ou tem menos de 25 anos é mais propenso a enfrentar esse problema. A orientação para o paciente que tiver pensamentos de autoagressão ou suicídio é entrar em contato com o seu médico ou ir a um hospital imediatamente. 

Fontes e referências adicionais

Você já conhecia o bupropiona ou já fez tratamento com esse medicamento? Se sim, comente abaixo como foi seu tratamento e se teve efeitos colaterais. 

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Sobre Dr. Rafael Ferreira

Dr. Rafael Ferreira de Moraes é Psiquiatria - CRM 52.98866-9. Formou-se em Medicina pela Universidade do Grande Rio Professor José de Souza Herdy em 2013. Pós-graduado em Psiquiatria pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, onde atuou nos atendimentos ambulatoriais da Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro e Casa de Medicina da PUC-Rio. Para mais informações, entre em contato com ele em sua conta oficial no Instagram (@rafafmoraes)

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