As bolhas na pele podem se formar devido a processos inflamatórios da pele ou por causa de infecções microbianas. Em muitos casos, as bolhas desaparecem em poucos dias, finalizado o ciclo viral ou o mecanismo da doença causadora. Os sintomas de vermelhidão, coceira e dor, comuns em casos de bolhas na pele, podem ser tratados com medicações analgésicas e anti-inflamatórias.
Veja quais são as principais causas de bolhas na pele e o que fazer.
Varíola dos macacos
A varíola dos macacos é uma doença viral autolimitada, cujos sintomas duram de 2 a 4 semanas. O sintoma característico dessa doença é a formação de bolhas ou feridas no corpo, geralmente no rosto, nas mãos, nos pés, nos olhos, na boca e nos órgãos genitais.
Na forma mais comum da doença atual, primeiramente surgem sintomas generalistas, como:
- Febre súbita e intensa
- Dor de cabeça
- Náuseas
- Cansaço
- Inchaço dos linfonodos do pescoço, das axilas e da virilha.
Os sinais na pele evoluem da seguinte forma:
- Máculas: pequenas manchas.
- Pápulas: feridas pequenas, parecidas com espinhas (acnes).
- Vesículas: formam-se pequenas bolhas.
- Pústulas: são bolhas com pus.
- Crostas: cascas da cicatrização das bolhas.
O que fazer
Diante dos sinais suspeitos da doença, deve-se procurar atendimento médico para realizar o exame diagnóstico laboratorial. Antes mesmo de sair o resultado do teste, recomenda-se iniciar o isolamento social.
Relate ao médico ou médica se você teve contato com casos suspeitos ou confirmados nos últimos 21 dias.
As bolhas devem ser cobertas com gaze e protegidas com roupas folgadas, para reduzir os riscos de contato com outras pessoas. As roupas devem ser lavadas separadamente, para evitar a contaminação das pessoas que moram junto com você.
Para evitar o espalhamento das lesões, evite tocar nas feridas e, depois, em outras partes do corpo, sem antes lavar bem as mãos.
Em caso de dor, utilize o analgésico prescrito pelo seu médico ou médica.
Catapora
A catapora é uma doença viral, altamente contagiosa, causada pelo vírus varicela-zoster. A manifestação clínica da catapora se dá com o aparecimento de manchas vermelhas pelo corpo, com bolhas que podem conter líquido e que coçam.
As crianças são as mais afetadas, mas a catapora também pode se manifestar em adultos, provocando sintomas mais graves, de herpes-zoster (cobreiro).
As bolhas da catapora podem estar presentes na pele em estágios diferentes, algumas podem estar cheias de líquido, enquanto outras já estão cicatrizando, formando crostas. Enquanto a criança tiver bolhas com líquidos, as lesões podem se espalhar na pele e, também, contaminar outras crianças.
O que fazer
Ao suspeitar de catapora, é importante procurar atendimento médico, para confirmação do diagnóstico e isolamento da criança ou do adulto. O médico ou a médica pode receitar paracetamol para diminuir a febre e remédios e/ou pomadas antialérgicas para aliviar a coceira.
Também podem ser indicados antissépticos para serem aplicados nas bolhas, a fim de evitar infecções e acelerar a cicatrização.
Lembre-se de lavar as mãos com frequência, para evitar o espalhamento das lesões.
Herpes-zoster
O herpes-zoster é uma doença causada pelo mesmo vírus da catapora e acomete os adultos, causando a formação de bolhas vermelhas contendo líquido na pele.
Essa doença é popularmente conhecida como cobreiro e afeta, principalmente, idosos que tiveram contato com o vírus da catapora na infância e sofreram uma reativação desse vírus, por causa de uma baixa na imunidade ou pelo uso de medicamentos quimioterápicos e corticoides.
As bolhas e a vermelhidão na pele atingem apenas um lado do corpo, onde está o nervo em que o vírus ficou alojado. É comum haver coceira, dor, formigamento e queimação no local das bolhas. Os locais do corpo mais afetados são o tórax, as costas e a barriga.
O que fazer
Ao confirmar o diagnóstico de herpes-zoster, o médico ou médica prescreve medicações antivirais, como o Aciclovir, Fanciclovir ou Valaciclovir, para inibir a replicação viral e diminuir as bolhas na pele, assim como a duração e a intensidade da doença. A dor causada pelas bolhas é aliviada com analgésicos.
Brotoeja
A brotoeja é uma dermatite, ou seja, uma inflamação da pele, tratada na medicina como miliária. Nesta inflamação, surgem bolhas vermelhas ou da cor da pele da pessoa.
Geralmente, essas bolhas surgem em épocas mais quentes, devido à obstrução das glândulas sudoríparas, que são as produtoras de suor.
As brotoejas são mais comuns em bebês e em crianças, mas podem surgir em adultos.
As bolhinhas de brotoeja podem ser parecidas com espinhas ou conterem água em seu interior. Normalmente, elas se formam em regiões de dobra da pele, como no pescoço e nas axilas.
O que fazer
As brotoejas costumam desaparecer sozinhas. O uso de roupas folgadas e de algodão pode acelerar esse processo.
Quando existem muitas bolhas que coçam e incomodam, pode-se usar pasta d’água para aliviar a coceira e o desconforto. Também é bastante eficaz a aplicação de compressas frias de camomila, pois elas ajudam a acalmar a pele, aliviando a coceira e a vermelhidão.
Dermatite bolhosa
A dermatite bolhosa é uma reação inflamatória da pele, caracterizada pela formação de bolhas. Quando demoram para cicatrizar, as bolhas podem funcionar como porta de entrada para bactérias, que podem causar uma infecção.
Esta reação inflamatória pode se manifestar após o contato da pele com substâncias que causam alergia e que podem ser internas ou externas.
Por exemplo, corantes de cabelo, materiais de níquel e medicamentos são agentes externos que podem causar dermatite bolhosa em algumas pessoas. Distúrbios internos, como lúpus, herpes, impetigo e problemas emocionais também podem desencadear uma reação inflamatória da pele.
Veja quais são os outros tipos de dermatite e como tratá-las.
O que fazer
Primeiramente, é importante identificar o que causou a reação inflamatória da pele, para evitar um novo contato e prevenir novas ocorrências. O médico ou médica dermatologista pode receitar medicações antialérgicas e anti-inflamatórias, para serem passadas na pele ou ingeridas. É importante lavar as feridas com água fria e sabonete neutro, para mantê-las sempre limpas e livres de infecções.
Disidrose (eczema disidrótico)
A disidrose, ou eczema disidrótico, é uma doença de pele que afeta a palma das mãos e a sola dos pés, onde se formam pequenas bolhas cheias de líquido. Veja outras causas de suor excessivo nas mãos.
Essa doença pode afetar qualquer pessoa, principalmente no verão, por causa do calor e da umidade. Não se sabe, exatamente, o que causa a disidrose, mas as possíveis causas associadas são:
- Alto nível de estresse e ansiedade
- Outras doenças de pele: dermatite atópica e hiperidrose.
As bolhas se formam nos dedos, se espalhando para as palmas das mãos e solas dos pés. Elas coçam intensamente e podem deixar o local avermelhado e dolorido. Por causa disso, podem inflamar e infeccionar, piorando o quadro sintomático.
O que fazer
O tratamento da disidrose depende da gravidade dos sintomas. Recomenda-se que a pessoa faça compressas frias nas regiões afetadas, de 2 a 4 vezes ao dia, durante 15 minutos.
Em alguns casos, o médico ou a médica dermatologista prescreve uma pomada anti-inflamatória para passar nas bolhas. Caso uma infecção se instale nas bolhas, o tratamento incluirá o uso de antibióticos. Também é possível tratar a disidrose com fototerapia.
Pênfigo
O pênfigo é uma doença autoimune, caracterizada pela formação de bolhas cheias de líquido, primeiramente nas mucosas da boca, vagina ou pênis, ou na pele do tórax, rosto e couro cabeludo, podendo se espalhar, posteriormente, por todo o corpo.
Essas bolhas se rompem com facilidade, deixando a pele em carne viva e sujeita a infecções microbianas.
Não se sabe exatamente a causa dessa doença, mas ela tem relação com fatores imunológicos, genéticos e infecções virais prévias. O pênfigo é uma doença bastante rara, principalmente na infância e na adolescência, afetando mais os adultos acima dos 50 anos de idade.
O que fazer
É preciso buscar ajuda médica, para o diagnóstico dessa doença. O tratamento tem como objetivo inibir o ataque do sistema imunológico aos tecidos da pele e mucosa, impedindo a formação das bolhas.
O tratamento é iniciado com altas doses de corticosteroides por via oral. A dose vai sendo ajustada, conforme as lesões regridem, até se chegar a uma dose de manutenção. Em alguns casos, o médico ou médica dermatologista precisa prescrever medicações imunossupressoras, que atuam diretamente no funcionamento do sistema imune, e antibióticos, quando há infecção bacteriana nas bolhas.
Síndrome mão-pé-boca
A síndrome mão-pé-boca é uma doença contagiosa, causada pelo vírus Coxsackie, que habita normalmente o intestino e também é responsável por causar a estomatite, um tipo de afta que se forma na boca.
Essa doença pode afetar pessoas de qualquer idade, mas é mais frequente em crianças abaixo dos 5 anos. As bolhas se manifestam, principalmente, nas mãos, nos pés e na boca, por isso o nome da doença.
Além das bolhas, a criança fica com um mal-estar generalizado, apresentando febre, falta de apetite, náuseas, vômitos e diarreia.
O que fazer
Como toda doença viral, a síndrome mão-pé-boca é autolimitada, ou seja, se resolve naturalmente em alguns dias. Os tratamentos são, então, voltados aos sintomas. O médico ou a médica pode prescrever anti-histamínicos para o alívio da coceira, e paracetamol para dor no corpo e febre.
Seromas
Os seromas são bastante comuns após cirurgias, sendo formados pelo acúmulo de líquidos entre dois tecidos que foram descolados durante o procedimento, por exemplo, cirurgia plástica, abdominoplastia, cesárea e cirurgia nas mamas.
O seroma faz parte do mecanismo natural de defesa do corpo ao sofrer uma lesão.
O seroma é o inchaço da cicatriz causado pelo acúmulo de líquido, que forma algo semelhante a uma bolha na pele. Ele é bastante parecido com as bolhas que se formam na pele, devido ao atrito com um sapato apertado, por exemplo. As bolhas se formam como uma proteção do organismo àquela agressão.
O que fazer
Em muitos casos, o seroma é reabsorvido pelo corpo em 10 a 21 dias. Outras vezes, o corpo não absorve o seroma, mas extravasa o seu líquido. Caso o seu organismo não promova nenhuma dessas reações, um médico pode realizar a punção do seroma e drenar o seu líquido, evitando o encapsulamento do seroma, que prejudica esteticamente a cicatriz.
Fontes e referências adicionais
- Manifestações otorrinolaringológicas e esofágicas da epidermólise bolhosa, Revista Brasileira de Otorrinolaringologia, 2008; 74(5): 657-661.
- Manifestações estomatológicas da epidermólise bolhosa–relato de caso, Revista de Cirurgia e Traumatologia Buco-Maxilo-Facial, 2003; 3(4): 19-24.
- Dificuldade na condução do penfigoide bolhoso no idoso, BWS Journal, 2020; 3: 1-7.
Fontes e referências adicionais
- Manifestações otorrinolaringológicas e esofágicas da epidermólise bolhosa, Revista Brasileira de Otorrinolaringologia, 2008; 74(5): 657-661.
- Manifestações estomatológicas da epidermólise bolhosa–relato de caso, Revista de Cirurgia e Traumatologia Buco-Maxilo-Facial, 2003; 3(4): 19-24.
- Dificuldade na condução do penfigoide bolhoso no idoso, BWS Journal, 2020; 3: 1-7.