Dani Guedes, 44 anos, entrou em detalhes sobre a cirurgia que realizou para reparar uma escoliose de quase 90 graus. A atriz saiu da operação com 24 pinos e duas hastes.
A artista foi diagnosticada aos 10 anos com escoliose idiopática, nome dado quando não se sabe o motivo do problema.
“Tinha 10 anos quando um primo me empurrou do balanço. Com muita dor nas costas, fui levada ao médico, que detectou uma escoliose importante. O doutor solicitou o uso de colete para reverter o quadro e evitar a cirurgia, mas sofria bullying e deixei de usar cerca de um ano depois”, contou a atriz ao site UOL.
O colete não evitou o avanço de seu problema de saúde: “(…) Quando tirei o colete, a escoliose já tinha evoluído para 69 graus, mas a cirurgia era mais arriscada, na época. Disse aos meus pais que não queria fazê-la”, afirmou.
“Evitava roupas coladas e alguns vestidos, pois um lado das costas era muito alto. Fazia natação, RPG, mas meu caso era cirúrgico”, explicou. A curvatura considerada normal vai até 10 graus.
Entrar no teatro aos 14 anos foi importante para a construção de sua autoestima. “Quando entrei no teatro, me rebelei. Fingi que não existia escoliose, usava a roupa que queria, deixei o cabelo comprido e achava que escondia o problema”.
“Cheguei ao final de muitos testes, mas não passava na prova de figurino e sabia que a questão era a coluna. Aos 16, em uma festa infantil, um contratante perguntou ao responsável do nosso grupo: ‘Você trouxe uma pequena sereia torta?'”, recordou.
Após a rejeição ao seu físico, Dani começou a trabalhar em uma secretaria de cultura. “Depois de alguns anos, voltei para o teatro com a peça Engano. Não sentia mais rejeição, estava diferente, tinha segurança. Fiz a sedutora, maluca, sonhadora, vilã, mocinha e convenci”, relatou.
“A questão da coluna não aparecia, sabia como compensar o meu corpo e disfarçar. Em uma das apresentações do musical Bar da Noite, em 2017, bati forte o salto no palco e as dores que já sentia ficaram incapacitantes. Minha costela encostou na bacia. Eram dois dias de espetáculo e três deitada”, detalhou.
A cirurgia da atriz foi feita em 2018. Dani recomenda o procedimento a quem enfrenta os mesmos desafios que ela.
“A cirurgia levou 10 horas, minha escoliose estava com 90 graus. O resultado do que era a curvatura para o que ficou foi excelente. Mas meu cérebro não entende até hoje que estou reta. Então, agora, me sinto torta. Fiquei com diferença na perna e manco um pouco quando cansada”, destacou.
Tumor
Dani admitiu que se preocupou com uma possível aposentadoria devido à sua condição. Por isso, ela trabalhou por quatro anos em uma empresa de comunicação, até que levou outro susto: um tumor.
“Um dia, caí da cama. No hospital, pedi uma tomografia porque estava com um galo. Quando a médica voltou, me disse: ‘A coluna está normal, mas você tem um tumor de quatro centímetros na hipófise’. Sentia a visão esquerda ruim, os pés ficaram grandes e o nariz mais largo. Era a acromegalia”, revelou.
“Essas áreas do corpo voltaram ao tamanho normal após a cirurgia. O tumor envolvia toda a glândula, que também foi retirada. Acordei com muita sede no hospital, mas não podia tomar água. Chorei e minhas lágrimas estavam tão salgadas que meu rosto ardia, parecia água do mar. Era sintoma da diabetes insipidus”, contou.
“Preciso equilibrar a ingestão de água e vontade de urinar, senão desidrato, perco sódio, tenho confusão mental e entro em coma. Tenho incontinência urinária e já passei por vários perrengues”, relatou.
“Não fabrico o hormônio que controla a sede e a vontade de urinar. Já fiz xixi na academia, na cama ao lado do meu marido e me senti muito envergonhada. Foi muito difícil de aceitar no início”, confessou.
Por fim, a artista explica os transtornos causados pela insuficiência adrenal: “Tomo corticoide todo dia, pois não fabrico cortisol. Já com o pan-hipopituitarismo, meu cabelo começou a cair e inchei 30 kg”.
“A osteoporose veio também e acentuou a perda óssea onde há os pinos. Minha imunidade é horrível. Tive covid sete vezes. Na última, no começo do ano, desenvolvi hepatite e trombose nas pernas”, relevou.