Uma nova pesquisa, publicada no periódico SLEEP Advances, aponta que a apneia obstrutiva do sono está associada a um maior risco de desenvolver demência, especialmente em mulheres mais velhas.
O estudo foi realizado por pesquisadores da Universidade de Michigan, nos Estados Unidos. O objetivo dos autores era avaliar associações específicas – tanto em homens quanto em mulheres -, entre apneia obstrutiva do sono (condição caracterizada por paradas respiratórias ao dormir) e o risco de perda cognitiva.
Para chegarem aos resultados, eles avaliaram os dados de 18.500 adultos com mais de 50 anos, que participavam do The Health and Retirement Study (HRS), entre 2010 e 2020. Nenhum dos voluntários tinha demência no início do estudo e a presença ou suspeita de apneia foi feita por diagnóstico autorrelatado, ou por triagem a partir de um questionário específico.
Por fim, percebeu-se que a presença de apneia aumentou o risco de perda cognitiva em todos os portadores. No entanto, mesmo que seja mais frequente em homens, as mulheres com o distúrbio se mostraram duas vezes mais propensas a ter declínio mental.
Em estudos anteriores, já havia sido comprovado que a privação do sono – uma das características marcantes da apneia – está associada ao declínio cognitivo e aumento do risco de progressão do Alzheimer, bem como ao acúmulo de biomarcadores associados à doença (as proteínas TAU e beta-amiloide), até mesmo em indivíduos sem queixas cognitivas.
Isso costuma acontecer porque a apneia gera um estado de inflamação crônica que pode contribuir para o comprometimento da função de células que protegem o cérebro e também da eliminação da beta-amiloide, além de aumentar citocinas pró-inflamatórias ligadas à redução do volume cerebral.
Mulheres têm maior probabilidade de sofrer as consequências da apneia associadas ao risco de demência, como pior qualidade de vida e de sono, fadiga, ansiedade e depressão.
A apneia apresenta sintomas noturnos – com o mais comum deles sendo o rondo, associado à fragmentação do sono e caracterizada por diversos despertares – e diurnos, como sonolência, cansaço e fadiga. O diagnóstico é realizado por meio de um exame chamado polissonografia, que monitora diversos parâmetros enquanto a pessoa dorme.
O tratamento, por sua vez, depende da gravidade do caso. Uma das formas de resolver é com o uso do CPAP, equipamento que faz uma pressão positiva contínua nas vias aéreas, evitando as pausas na respiração. Também é possível recorrer a um aparelho intraoral para posicionar a mandíbula ou até mesmo cirurgias.
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