Adoçante Trealose – O Que é, Para Que Serve e Efeitos Colaterais

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Hoje em dia, existem muitos tipos de adoçantes naturais e artificiais para substituir o açúcar. São tantos os tipos que muitas vezes o consumidor não sabe qual deles escolher.

Vamos falar sobre o adoçante trealose e seus potenciais efeitos colaterais para que você tenha informações suficientes para fazer uma escolha segura para a sua saúde.

Adoçante trealose – O que é

A trealose é um açúcar do tipo dissacarídeo que é formado através da união de duas moléculas de glicose por meio de uma ligação glicosídica.

Trata-se de uma substância natural presente em cogumelos, mel, animais como lagostas e camarões, algumas algas e produtos alimentícios como vinho, cerveja, pão e outros alimentos produzidos por processos de fermentação.

Ela está presente principalmente em algumas sementes e em alguns tipos de fungos. Os cogumelos também apresentam cerca de 10 a 25% de seu peso em trealose.

Para que serve 

A trealose pode ser usada para prevenir a degradação e conservar os alimentos por mais tempo, ser utilizada como um realçador de sabor e para mascarar alguns aromas desagradáveis em alimentos processados. Outros usos estão descritos abaixo:

– Usado como adoçante

O adoçante trealose não tem tantos benefícios como adoçante isolado, já que ele apresenta um índice glicêmico praticamente similar ao do açúcar. Porém, ele tem se destacado por apresentar muitos outros usos na produção de alimentos, na combinação com outros adoçantes como o stevia e em benefícios que o açúcar comum não oferece para a nossa saúde.

– Melhora o sabor dos alimentos

A trealose apresenta propriedades antioxidantes, pode atuar como um conservante natural, ajuda a manter a umidade em alimentos e a preservar a textura e o sabor da comida.

Tais propriedades podem ser aproveitadas na indústria de cosméticos, de fármacos e de alimentos.

– Prevenção da degradação de substâncias

A trealose também tem uma importante aplicação como constituinte de soluções para proteger órgãos para transplante, pode ser usada como ingrediente para preservar alimentos congelados e embalagens de ração, além de ser estável a temperatura ambiente e poder ser usada na culinária.

As aplicações da substância não param por aí. Ela pode ser usada para inibir a degradação de carboidratos, proteínas e ácidos graxos em alimentos, podendo ser utilizada para conservar alimentos. Ela também é capaz de promover a inibição do desenvolvimento de bactérias que causam mau cheiro corporal, podendo ser usado na produção de produtos cosméticos.

– Opção para diabéticos

O adoçante trealose também pode ser especialmente interessante para diabéticos. Isso porque ele pode ajudar a diminuir a resistência à insulina. Um estudo publicado em 2010 mostrou uma melhoria significativa nos níveis de triglicérides e na resposta à insulina em camundongos.

Curiosidades sobre a trealose

A trealose também é o principal combustível usado pelos insetos para voar. Como as asas desses animais devem bater muito rápido, elas precisam de muita energia para funcionar corretamente e, para isso, eles usam suas fontes de trealose para gerar energia. É estimado que os insetos são capazes de usar a substância de forma duas vezes mais eficiente do que a glicose, por exemplo.

Além disso, ela também é capaz de proteger alguns organismos vivos de extremos de clima como de tempos de frio intenso e climas secos, por exemplo. Uma planta chamada de flor da ressurreição pode suportar vários meses sem água porque apresenta grandes quantidades de trealose em sua composição, açúcar responsável por proteger a planta em condições difíceis de sobrevivência.

Trealose para seres humanos

Para consumo humano, a trealose só foi disponibilizada em 1994 quando a empresa japonesa Hayashibara conseguiu desenvolver um método de produção de baixo custo de trealose a partir do amido. Ela é produzida a partir de um processo enzimático artificial usando o amido de milho como matéria-prima.

Dificilmente a trealose é usada isoladamente. Normalmente, ela é encontrada em conjunto com outros adoçantes como Stevia, por exemplo. Isso é feito para reduzir o índice glicêmico, já que sozinha ela apresenta um índice glicêmico tão alto quanto o do açúcar comum.

O adoçante trealose é resistente ao calor e ajuda a preservar os alimentos após processos de aquecimento e congelamento, pode ser usado para melhorar a textura e para estabilizar alimentos secos, congelados, além de ser utilizado em diversos alimentos de panificação e da indústria alimentícia em geral.

No corpo humano, a substância atua como uma fonte de energia capaz de fornecer o equivalente à sacarose. O açúcar é digerido por uma enzima presente naturalmente no organismo chamada de trealase, que é responsável por quebrar a molécula de trealose em duas moléculas de glicose que são absorvidas pelo corpo. Pessoas saudáveis são capazes de digerir de 10 a 50 gramas de trealose por refeição.

Nutrição

O adoçante trealose apresenta 4 calorias por grama, um índice glicêmico alto de 72 e contém um sabor doce de 45% em relação à sacarose, ou seja, é cerca de metade menos doce do que o açúcar comum, mas fornece a mesma quantidade de energia.

Efeitos colaterais

Embora apresente diversas características interessantes, a trealose também pode causar alguns efeitos adversos indesejados.

Assim como a maioria dos outros açúcares e adoçantes, ela pode ser prejudicial aos dentes.

Quando não é digerida de forma adequada, a substância passa para o intestino grosso, onde as bactérias presentes dividem a molécula em gases e substâncias irritantes que podem ocasionar inchaço abdominal ou diarreia.

Segundo alguns estudos publicados na revista científica americana Nature em janeiro de 2018, a trealose pode estimular o crescimento de certas cepas de bactérias do tipo Clostridium difficile. Tais bactérias são responsáveis por causar sérias inflamações no intestino grosso, especialmente em pacientes que foram recentemente tratados ou internados em hospitais.

Em outro estudo realizado com camundongos, a trealose aumentou a gravidade de infecções causadas pela Clostridium difficile. Porém, mais estudos são necessários para atestar a veracidade desses dados e ter certeza de que o adoçante pode aumentar o risco de infecções no organismo humano.

Apesar do risco de alguns efeitos colaterais, a trealose é considerada segura pela FDA (Food and Drug Administration – Órgão americano que regula alimentos e fármacos) e é aprovada para uso em países como Japão, Coréia do Sul, Taiwan, diversos países europeus, Austrália e Nova Zelândia.

Cuidados

De acordo com as Diretrizes da Organização Mundial da Saúde, é indicado restringir a ingestão diária de todos os açúcares, incluindo a trealose, a no máximo 50 gramas por dia.

Pessoas com algumas condições de saúde que prejudicam a absorção de nutrientes devem limitar a ingestão de trealose, como por exemplo pessoas com doença celíaca.

Ela pode aumentar a liberação de insulina no sangue, por isso algumas pessoas precisam ter cuidado com sua ingestão.

Fontes e Referências Adicionais:

Você já conhecia o adoçante trealose? Já experimentou ou foi receitado por um médico devido a alguma condição para substituir o açúcar comum? Comente abaixo!

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Sobre Dra. Patricia Leite

Dra. Patricia é Nutricionista - CRN-RJ 0510146-5. Ela é uma das mais conceituadas profissionais do país, sendo uma referência profissional em sua área e autora de artigos e vídeos de grande sucesso e reconhecimento. Tem pós-graduação em Nutrição pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, é especialista em Nutrição Esportiva pela Universidad Miguel de Cervantes (España) e é também membro da International Society of Sports Nutrition.

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1 comentário em “Adoçante Trealose – O Que é, Para Que Serve e Efeitos Colaterais”

  1. Olá Dra. Patricia, tudo bem?

    Muito bom o artigo sobre a Trealose ou Trehalose.
    Porém, acredito que ser erroneo considera-la como adoçante, pois como no texto, ela não é utilizada para essa funcionalidade de adoçar.
    Apesar de algumas literaturas informarem que ela possui indice glicemico alto, há estudos que o indice glicemico da trealose é de 37.
    Isto porque depende do metabolismo de cada pessoa.

    Em relação à questão prejudicial aos dentes, sugiro a leitura do artigo “Low-cariogenicity of Trehalose as a substrate” dos drs. T. Neta, K. Takada, M. Hirasawa.

    Referente ao Clostridium difficile, apesar da publicação na revista Nature, sugiro verificar a nota enviada pela empresa Hayashibara disponibilizada no portal do seu site.

    Caso tenha alguma dúvida, estou a disposição.

    Um forte abraço
    Danilo

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