Um aborto espontâneo é a perda natural da gravidez. Então, saiba quais são os sinais, as causas e o que fazer.
Infelizmente, até 20% das gestações terminam com um aborto espontâneo. No entanto, esse número pode ser ainda maior, pois muitas mulheres nem chegam a detectar a gravidez e confundem os sinais do aborto com os sintomas da menstruação.
De fato, a perda do bebê no primeiro trimestre é muito comum. O aborto espontâneo é a perda espontânea da gravidez antes da 20ª semana de gestação – que geralmente ocorre por causa do desenvolvimento anormal do feto.
Entenda por que isso acontece, quais são os sintomas e o que fazer se você estiver sofrendo um aborto espontâneo.
Sinais
A maioria dos casos de aborto espontâneo acontece até a 12ª semana de gravidez, mas a perda do bebê também pode acontecer depois desse período – o que é chamado de aborto espontâneo tardio.
Os principais sintomas de um aborto espontâneo incluem:
- Sangramento;
- Cólica;
- Dor pélvica;
- Coágulos ou fluidos anormais saindo pela vagina;
- Dor abdominal ou na parte inferior das costas;
- Cãibras na região das costas ou da pelve.
Além disso, os sintomas podem variar dependendo do momento da gravidez. Quando o aborto ocorre logo no início da gestação, os sintomas são mais leves e se confundem facilmente com uma menstruação tardia, por exemplo.
Por outro lado, se a gestação já estiver mais avançada, os sintomas podem ser mais intensos e perceptíveis e podem incluir:
- Perda de tecido fetal;
- Ausência de sintomas da gravidez que já estavam presentes – como enjoo, fadiga e sensibilidade nos seios.
Mas também vale destacar que mesmo em uma gravidez saudável, é possível sentir alguns dos sintomas acima sem estar de fato sofrendo um aborto.
Por isso, é sempre importante consultar seu médico para saber exatamente o que está acontecendo e se há motivos para preocupação.
Por exemplo, nem todo sangramento vaginal na gestação é sinal de aborto. Assim, procure o seu ginecologista para esclarecer suas dúvidas e sintomas.
Causas de aborto espontâneo
Existem alguns fatores que elevam o risco de ter um aborto espontâneo, mas na maioria dos casos um aborto não é algo que você poderia evitar.
Isto é, os abortos espontâneos normalmente ocorrem porque o feto não conseguiu se desenvolver da forma mais adequada. Como resultado, o corpo naturalmente expulsa o feto por acreditar que ele não tem chances de sobreviver.
Apesar de ser um processo doloroso e um momento de bastante sofrimento, o aborto nada mais é do que uma forma que o organismo tem de evitar ainda mais complicações – tanto para a saúde da mãe quanto para a saúde do feto.
Certamente, isso não diminui a dor da perda de um bebê. Mas é importante que a mãe saiba os motivos do aborto para entender que ela não teve culpa nesse processo.
As principais causas de aborto espontâneo são as seguintes:
- Malformação do feto por conta de problemas genéticos ou cromossômicos;
- Insuficiência lútea em que há queda nos níveis do hormônio progesterona;
- Problemas no útero.
Além disso, alguns fatores podem aumentar o risco de aborto, como por exemplo:
- Desnutrição;
- Uso abusivo de álcool, cigarro ou drogas;
- Doenças na tireoide não tratadas;
- Diabetes não controlada;
- Infecções;
- Hipertensão grave;
- Uso de certos medicamentos.
Por isso, antes de engravidar ou logo depois de descobrir a gravidez, é importante fazer um check-up para identificar e tratar qualquer problema de saúde que você apresente.
Um bom acompanhamento pré-natal reduz muito o risco de aborto e de outros problemas durante a gestação. Mas, mesmo com todos esse cuidados, abortos podem acontecer.
O que não causa um aborto espontâneo
Existem vários mitos sobre o que pode causar um aborto. Por isso, vale a pena esclarecer que continuar trabalhando ou se exercitando não prejudica o desenvolvimento do bebê.
A menos que o seu médico recomende o repouso por conta de alguma condição de saúde pré-existente, você pode manter toda a sua rotina durante a gravidez.
Mas, em geral, as seguintes atividades não causam nem aumentam o risco de aborto:
- Exercício físico;
- Relação sexual;
- Trabalho que não envolva a exposição à radiação ou produtos tóxicos.
O que fazer
O primeiro passo é procurar um médico assim que você notar um sangramento anormal ou qualquer outro sintoma que pareça um aborto.
Infelizmente, um aborto espontâneo geralmente é irreversível, mas ainda assim é importante ir ao ginecologista para checar se você teve um aborto espontâneo completo ou incompleto.
A saber, um aborto espontâneo completo é aquele em que todos os tecidos envolvidos na gravidez são expelidos naturalmente pelo corpo.
Quando o aborto ocorre nas primeiras semanas da gravidez, o corpo consegue eliminar tudo sozinho – mas pode levar alguns dias para concluir o processo. Por isso, mulheres que sofrem um aborto espontâneo podem ter sangramento e cólicas por até 2 semanas.
Já no aborto incompleto podem restar materiais da gravidez no corpo que não são expelidos naturalmente.
Nesse caso, pode ser preciso tomar um remédio – como o Cytotec, por exemplo – ou fazer um procedimento de curetagem para eliminar os tecidos que restaram. Isso é importante para reduzir o mal estar e prevenir infecções.
Recuperação
Depois de passar por um aborto, é importante repousar para que seu corpo se recupere. O retorno da menstruação pode ocorrer depois de 4 a 6 semanas após o processo de aborto.
Além disso, você pode optar por fazer alguns exames para investigar a causa do aborto – embora nem sempre seja possível detectar o motivo.
Ainda assim, os exames podem ajudar a identificar alterações hormonais ou problemas de saúde que podem ser tratados a fim de aumentar as chances de ter uma nova gravidez bem sucedida.
É comum que você se sinta triste e deprimida depois de sofrer um aborto. Se achar que precisa de apoio profissional, não deixe de procurar um terapeuta para te ajudar a lidar com as emoções sobre o evento traumático.
Além disso, não se esqueça de que uma mulher que sofreu um aborto pode engravidar novamente e ter uma gravidez perfeitamente normal e saudável.
Fontes e referências adicionais
- Mayo Clinic – Miscarriage
- Cleveland Clinic – Miscarriage
- Medline Plus – Miscarriage
- Miscarriage. StatPearls [Internet]. Treasure Island (FL): StatPearls Publishing; 2021 Jan
- Spontaneous first trimester miscarriage rates per woman among parous women with 1 or more pregnancies of 24 weeks or more. BMC Pregnancy Childbirth 17, 437 (2017).
- Trying to Conceive After an Early Pregnancy Loss: An Assessment on How Long Couples Should Wait. Obstet Gynecol. 2016;127(2):204-212.
- Risk of Miscarriage Among Black Women and White Women in a US Prospective Cohort Study, American Journal of Epidemiology, Volume 177, Issue 11, 1 June 2013, Pages 1271–1278
- A systematic review to calculate background miscarriage rates using life table analysis. Birth Defects Res A Clin Mol Teratol. 2012 Jun;94(6):417-23.
Fontes e referências adicionais
- Mayo Clinic – Miscarriage
- Cleveland Clinic – Miscarriage
- Medline Plus – Miscarriage
- Miscarriage. StatPearls [Internet]. Treasure Island (FL): StatPearls Publishing; 2021 Jan
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- Trying to Conceive After an Early Pregnancy Loss: An Assessment on How Long Couples Should Wait. Obstet Gynecol. 2016;127(2):204-212.
- Risk of Miscarriage Among Black Women and White Women in a US Prospective Cohort Study, American Journal of Epidemiology, Volume 177, Issue 11, 1 June 2013, Pages 1271–1278
- A systematic review to calculate background miscarriage rates using life table analysis. Birth Defects Res A Clin Mol Teratol. 2012 Jun;94(6):417-23.