O isolamento social em tempos de pandemia do novo coronavírus, o que o vírus pode provocar no organismo de uma pessoa e a crise econômica devido à pandemia pode trazer preocupação, estresse e até episódios depressivos.
Para lidar com esses sentimentos, alguns recorrem à comilança de itens cheios de calorias, açúcar, gorduras ruins e sódio. Mas o tiro pode sair pela culatra e piorar a situação. A comilança em excesso também pode deixar uma pessoa deprimida.
Embora quem já se sentiu melhor depois de comer guloseimas ou uma refeição de fast-food durante um dia estressante possa duvidar, há uma explicação.
Enquanto a comilança em excesso pode fazer com que alguém se sinta melhor por um momento, especialistas afirmam que ela pode colocar a pessoa em um ciclo de se sentir deprimido e comer demais.
Como assim?
A gastroenterologista Michelle Pearlman apontou que comer alimentos altamente refinados ricos em açúcar provoca mudanças rápidas nos níveis de açúcar (glicose) no sangue, insulina e outros hormônios que regulam a saciedade e o humor.
Essas flutuações também afetam o cortisol, o hormônio do estresse, e as catecolaminas relacionadas ao estresse, como a epinefrina, acrescentou.
Além disso, o efeito temporário de se sentir melhor com a comilança excessiva pode estimular uma pessoa a desejar ainda mais gorduras e açúcares. Como resultado, há mais comilança além da conta, completou.
É aí que a pessoa pode ficar mais deprimida. “As pessoas geralmente sentem culpa depois se deixar levar (pela comilança) e isso pode piorar a depressão e outros distúrbios de humor de base”, explicou a especialista.
Embora ineficaz a longo prazo, a comilança além da conta pode ser viciante
Adicionalmente, a nutricionista Jennifer Lentzke apontou que a comilança excessiva pode disparar uma cascata de padrões viciantes que só agravam o problema original.
Quem recorre à comilança excessiva como forma de aliviar as emoções negativas pode continuar a usar esse mecanismo problemático. Isso como forma de tentar aliviar o estado de depressão ou estresse em vez de realmente lidar e tratar a origem do problema.
“Os nossos cérebros são muito bons em se adaptar a certas substâncias químicas ou drogas e o nosso limite se torna maior e maior”, afirmou ela.
Isso significa que com o passar do tempo se torna necessário consumir quantias maiores da mesma comida para atingir a sensação desejada.
Os efeitos viciantes podem ser ainda mais fortes para aqueles que têm tendência à depressão. De acordo com a nutricionista, os cérebros dessas pessoas são “configurados em direção a comportamentos viciantes”.
Além da culpa, a comilança excessiva e cada vez maior de alimentos ricos em calorias, açúcares, gorduras ruins e sódio pode provocar aumento de peso. Além de prejudicar bastante a saúde de uma pessoa. Esses fatores podem fazer com que ela fique com ainda mais depressão e estresse.
Como quebrar o ciclo de se sentir deprimido e comer excessivamente?
O pulo do gato é tornar-se consciente desses impulsos e encontrar maneiras saudáveis de lidar com o estresse.
Ambas também trouxeram algumas dicas do que pode ajudar a evitar o ciclo de sentir-se deprimido e comer excessivamente:
Fique atento
Prestar atenção nos momentos do dia em que o desejo pela comilança aparece e se preparar para não ceder a eles.
Pearlman sugere marcar uma atividade para se distrair durante esses períodos, como assistir a televisão, ligar para um amigo ou praticar exercícios físicos.
Lanchinhos saudáveis
Ter lanchinhos saudáveis sempre por perto. Assim, quando a vontade de comer bater, haverá para matar a fome de maneira saudável. Assim, serão menores as chances de recorrer às guloseimas e fast food que estimulam o desejo de comer mais e mais.
Permanecer em uma dieta saudável
Seguir uma dieta balanceada, rica em vitaminas, minerais e fibras. Conforme Pearlman, isso traz um microbioma intestinal saudável, que auxilia a digestão e absorção de nutrientes e gera uma melhoria na função celular.
Além disso, uma dieta balanceada deixa o corpo saciado e, uma vez satisfeito, fica mais fácil resistir ao desejo da comilança.
Fugir das dietas restritivas
Outro conselho importante é evitar dietas restritivas e desequilibradas pois elas podem estimular um comer desordenado ou distúrbios alimentares.
Eliminar a tentação
Não ter em casa aquelas comidas cheias de calorias, açúcares, gorduras ruins e sódio que costumamos atacar quando o desejo pela comilança excessiva aparece.
Não trocar um problema pelo outro
Cuidado para não trocar um vício pelo outro. Lentzke ressaltou que algumas atividades para se distrair do desejo pela comilança também podem se tornar viciantes.
Procurar ajuda profissional
“Se alguém com depressão está exibindo sinais de distúrbio alimentar, ele deve procurar o conselho profissional imediatamente para ajudar a ganhar controle sobre os seus comportamentos”, afirmou Lentzke.
Mas mesmo quem não tem depressão deve procurar a ajuda ao perceber que não consegue se livrar por conta própria da comilança excessiva e do estado de depressão e de estresse que a motivam.
Vídeo: Como acabar com a compulsão alimentar
O vídeo abaixo traz dicas úteis para quem anda comendo compulsivamente. Confira!