A britânica Vikki Ellis teve sua vida transformada após começar a sentir dores intensas na parte inferior das costas. A jovem, que na época tinha 23 anos, teve o sintoma ignorado por ser “nova demais”. Posteriormente, no entanto, ela descobriu que estava com câncer.

Além das dores, a mulher notou um corrimento vaginal anormal. Inicialmente, os médicos presumiram que se tratava de uma infecção sexualmente transmissível (IST). “Como eu não apresentava sangramento, que é um dos principais sinais do câncer de colo de útero, os médicos acreditavam que o problema era causado por uma IST, mesmo após todos os testes darem negativo”, contou ela em entrevista ao jornal The Sun.
Vikki pediu exames adicionais, mas os sintomas foram ignorados pelos médicos. Eles afirmaram que ela era “muito jovem” para fazer a Citopatologia do colo do útero. No Reino Unido, o exame só é oferecido a mulheres a partir dos 25 anos.
Os sinais da doença, entretanto, persistiram e ficavam cada vez mais incômodos. “Eu sentia dor durante o sexo, tinha corrimento irregular e uma dor lombar intensa”, listou. Mesmo assim, os médicos seguiram acreditando que não fosse nada mais grave.
Em novembro de 2014, ao completar 25 anos, a britânica conseguiu, finalmente, realizar o primeiro exame. Os resultados foram inconclusivos. Um novo teste, feito pouco antes do Natal, foi que revelou as células anormais.
Em março de 2015, Vikki passou por uma colposcopia – procedimento que analisa com mais detalhes o colo do útero – e foi encaminhada para um hospital especializado.
“Tudo o que me lembro da conversa é que estavam me encaminhando para o Royal Marsden Hospital, em Londres. Como já suspeitava, fui diagnosticada com câncer do colo do útero em estágio 1A2, indicando que o tumor havia crescido até 5mm nos tecidos cervicais. O câncer provavelmente já estava lá por cerca de 18 meses antes de ser identificado”, contou.
Cirurgia e gravidez
A jovem foi informada de que precisaria passar por uma cirurgia e que isso poderia comprometer sua fertilidade. No entanto, apesar das dificuldades, Vikki deu à luz Florence em 2017. Atualmente, a menina está com sete anos.
“O mais surpreendente, para mim, foi conseguir engravidar. Além disso, a data da minha cirurgia contra o câncer foi 12 de junho de 2015, e a previsão do parto da minha filha era 12 de junho de 2017. Quando ouvi a data, tive certeza de que era um sinal positivo – ela era meu bebê milagroso”, emociona-se.
Em 2020, novos exames de acompanhamento detectaram uma “massa suspeita” no colo do útero de Vikki. Os médicos optaram pelo monitoramento trimestral, mas, quando uma segunda massa apareceu, a britânica foi indicada a passar por outra cirurgia. A operação foi realizada em 2021 e os tumores eram benignos.
Como medida preventiva, Vikki decidiu passar por uma histerectomia. “Tenho muita sorte de estar aqui. Faço exames regulares e sou monitorada constantemente. Mas nem todas as mulheres têm a mesma sorte que eu. Meu maior arrependimento foi não ter insistido mais quando senti que algo estava errado”, compartilhou.
No Brasil, o câncer de colo do útero é o terceiro mais comum, atrás apenas do de mama e do colorretal. O principal causador da doença é o papilomavírus humano (HPV).
Seus sintomas são constantemente confundidos com condições menos graves, como menstruações intensas e fadiga. Por isso, a doença é conhecida como “assassino silencioso”.
Se detectado precocemente, a taxa de sobrevivência em cinco anos é de aproximadamente 95%. Porém, esse número cai para 15% quando a doença é identificada em estágios avançados, com metástase.