Em um primeiro momento, ao pensarmos em uma relação entre uma dieta vegetariana e o fisiculturismo, podemos imaginar que os dois hábitos não podem estar muito ligados, tendo em vista a ideia oriunda do senso comum, que muitos de nós podemos ter em nossas mentes, que afirma que para ficar com músculos grandes e ser mais forte não dá para dispensar boas quantias de carne ou frango.
Entretanto, como nem sempre tudo o que vem do senso comum está necessariamente correto e é preciso aprofundar um pouco mais a opinião para saber como é que uma pessoa vegetariana pode se tornar fisiculturista, reunimos uma série de mitos acerca da relação entre esses dois aspectos que precisam ser desvendados.
1. Vegetarianos não consomem proteínas suficientes
Por exercer um papel fundamental na construção e reparação dos tecidos musculares no corpo humano, a proteína é um nutriente que não pode faltar, de maneira alguma, na dieta de um fisiculturista.
Para os praticantes e atletas do esporte que se alimentam de tudo, a carne acaba sendo uma das formas de obter proteínas mais usadas. E é justamente por isso que algumas pessoas podem acreditar no mito que aqueles que não consomem carne não conseguem consumir a quantidade de proteínas que necessitam para o crescimento de seus músculos.
Essa ideia se mostra equivocada porque existem outras fontes de proteínas além da carne, inclusive no mundo vegetal. Alguns exemplos são: ovos, quinoa, brócolis, tempeh – prato fermentado, feito a partir de sementes de soja branca -, grãos e manteiga de amêndoas.
Ainda é possível aumentar a quantidade de proteínas ingeridas com o auxílio de algum suplemento alimentar, como o de whey, caseína ou outro que seja feito à base de plantas.
2. Eles também não conseguem obter todos os nutrientes essenciais
Por mais que realmente seja um desafio para o fisiculturista vegetariano obter todos os nutrientes que ele necessita para ficar em dia com a sua performance, isso não significa necessariamente que seu corpo esteja deficiente em relação a esses nutrientes essenciais.
O que o atleta vegetariano precisa fazer é manter um cuidado redobrado na hora de escolher os itens da sua alimentação, para certificar-se de que está obtendo as quantias adequadas de vitamina B12, ferro e zinco. Ele também deve ter em mente que os nutrientes provenientes de fontes vegetais são absorvidos de maneira diferente pelo organismo do que aqueles que são oriundos da carne.
Uma prova de que toda essa atenção é realmente necessária é um estudo publicado no Journal of Clinical Chemistry (Jornal da Química Clínica, tradução livre). Depois de testar um grupo de pessoas vegetarianas, os pesquisadores identificaram que 60% delas apresentavam deficiência em vitamina B12.
No caso da pesquisa, o que ocorreu foi a prescrição de suplementos vitamínicos para as pessoas que apresentaram o problema. Quem pratica fisiculturismo também pode fazer uso dos suplementos para driblar a deficiência em nutrientes essenciais, mas o ideal é consumir alimentos integrais para obtê-los.
Leite de soja, iogurte, espinafre orgânico e nutricional servem como boas fontes de vitamina B12. Já cereais matinais, grãos, ovos, uvas passas, ameixas secas e vegetais de folha verde-escura oferecem boas quantidades de ferro ao corpo. Por sua vez, tofu, sementes e nozes são alimentos ricos em zinco.
3. Eles não são capazes de construir músculos ou obter força de forma considerável
Isso não é verdade simplesmente pelo fato de não existirem evidências médicas ou científicas que embasem a ideia de que os fisiculturistas vegetarianos não conseguem desenvolver a mesma musculatura, simetria, proporção e definição que os seus colegas que consomem carne.
Para quem ainda tem dúvidas, a sugestão que fica é pesquisar um pouco sobre o atleta Patrik Baboumian, que aparece na imagem acima. Ele é considerado o homem mais forte da Alemanha e já recebeu o título de “Atleta Vegano do Ano”.
Patrik possui as seguintes marcas no levantamento de peso: 210 kg no supino, 360 kg no agachamento e 360 kg no levantamento terra.
4. Todos os vegetarianos são saudáveis
Por mais que seja bem verdade que pessoas que seguem dietas vegetarianas tendem a escolher alimentos mais saudáveis do que quem se alimenta normalmente, que os vegetarianos registram uma incidência menor de obesidade e de problemas de saúde crônicos como câncer, doenças no coração, pressão arterial alta e diabetes e que eles geralmente se exercitam regularmente e evitam cigarros e bebidas alcoólicas com maior frequência que outros, não é sábio afirmar que toda pessoa que não come carne é automaticamente saudável.
Isso porque os vegetarianos não estão imunes a fazer escolhas ruins para a alimentação. Sorvete, batata frita e salgadinhos, por exemplo, são aceitos dentro de uma dieta vegetariana mas não são, nem de longe, alimentos que integram uma dieta saudável.
5. É caro ser vegetariano
Algo que pode afastar as pessoas de aderir a uma dieta vegetariana ou pelo menos de consumir um maior número de vegetais é a ideia de que isso pode encarecer a conta do supermercado no final do mês.
Entretanto, se pararmos para pensar por uns instantes, veremos que não é bem assim. Compare, por exemplo, o preço de uma porção de vegetais com o da carne. Você certamente verá que sai mais barato levar quinoa, arroz, grãos e tofu do que frango, bife ou peixe.
Logo, o que ocorre é justamento o contrário: escolhendo os vegetais adequados, você poderá até economizar um pouco de dinheiro.
Algumas dicas para consumir menos – ou nenhuma – carne são: comprar quinoa e grãos em grande quantidade, em vez de levar de pouquinho em pouquinho para casa, preparar as próprias saladas e molhos em casa, evitar os substitutos da carne, cozinhar em grandes porções e reservar a comida e comprar cada vegetal em sua época propícia à produção, já que nesse período o preço costuma ser mais baixo.
6. A comida é sem graça
Outro motivo que pode afastar as pessoas da alimentação baseada em vegetais é a ideia de que só dá para comer alimentos ruins e sem graça, se quiser segui-la à risca.
Porém, isso não é necessariamente verdade. Ao ter que excluir a carne da dieta, a pessoa se vê obrigada a ser criativa e passa a conhecer e experimentar toda uma diversidade de alimentos que antes não conhecia por ficar restrita aos pratos de origem animal. Além disso, para incrementar o prato, ela tem a possibilidade de experimentar temperos e pimentas que deixam a refeição saborosa.